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Vinte Anos de Crise: A obra e seu tempo

Por:   •  1/10/2015  •  Resenha  •  2.610 Palavras (11 Páginas)  •  377 Visualizações

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Vinte Anos de Crise: A obra e seu tempo

    Vinte anos de crise é uma interpretação do cenário internacional do entre-guerras fundamentadas no ideal realista, ele mostra que o potencial de cooperação presente no meio internacional emergia de um complexo jogo de forças que transcendia a compressão dos homens, mesmo da grande maioria das liderança e estadistas mais bem informados. Um jogo de forças onde políticas nacionais, individualmente tomadas, poucas podiam fazer para mudar o curso dos acontecimentos.

   O realismo é uma vertente muito antiga, Hobbes, Maquiavel e Rousseau já tinham densas reflexões sobre a dificuldade de harmonizar a perspectiva conflitantes da natureza humana de confundir o mundo perfeito em que deseja com o mundo que queria ter, com aquele imperfeito no qual ela vive.

   Vinte anos de crise é uma interpretação da realidade conturbada que era o mundo dos anos entre-guerras. O seu objetivo é uma explicação na instabilidade e a insegurança política internacional e também a crítica nas atitudes políticas que revelavam inadequadas por não reconhecerem a dimensão mais incomodas da realidade econômica, política e social.

    E. H. Carr foi educado na época vitoriana no qual foi um período de maior prestigio britânico no mundo. Londres tornara-a um centro das finanças mundiais, fornecendo fundos para mineração e ferrovias, boas atividades de produção e também comercio com todas as partes do mundo. Na política, a esquerda inglesa e o House of Parliament eram sinônimos de ordem e poder, sendo respeitados e admirados mesmo por aqueles que não nutriam a menor simpatia com a Grã-Bretanha. Foi nesse mundo que E. H. Carr viveu e viu declinar rapidamente. Para os ingleses era incompreensível acreditar que a Inglaterra poderia deixar de ser o “centro do mundo”.

   Foi dessa forma que se deu o entendimento que a Primeira Guerra marcou o fim do século XIX e a ordem desse século só teria seu fim depois da Segunda Guerra Mundial. A Primeira Guerra só foi o início da agonia do século XIX de uma agonia que que se estenderia por vinte anos. "A real crise do mundo moderno é o colapso final e irrevogável das condições que tornaram possível a ordem do século dezenove. A antiga ordem não pode ser restaurada, e uma drástica mudança de perspectiva é inevitável".

   A liga das nações ainda seguia o os padrões do século XIX. Cada potência tinha seus próprios objetivos e cabia a eles, individualmente, empregar os meios de que dispusessem para implementá-los. Em um ponto de vista geral a recuperação econômica veio a partir do pensamento que a volta à ordem do pré-guerra seria suficiente. Para pensadores a Primeira Guerra Mundial não havia sido apenas um evento dramático, mas também um processo de agonia na ordem econômica e na política.

O verdadeiro fim do século XIX

   Na década de 20, a tentativa de restaurar o padrão ouro não era apenas para se estabelecer uma ordem monetária, e sim para retomar comercio e investimentos internacionais. Para grande parte das pessoas terminada a guerra era hora de voltar à vida normal. "o desejo... (pela estabilidade) se identificava com a desvairada tentativa de se restaurar o Padrão Ouro; tão grande era a fé na virtude dos 'anos dourados' do passado recente que estadistas e administradores estavam dispostos a devotar a maior parte de suas energias, durante os anos 20, para a restauração do sistema”. Porém ocorreram grandes mudanças, criando um ambiente econômico diferente no qual ocorreu um declínio relativo da Grã-Bretanha e um aumento na supremacia americana.

   Os Estado unidos se tornou o maior produtor de bens industriais e o maior exportador de capitais, além também de continuar sendo o maior produtor de bens primários.  

   Essa enorme economia foi se desenvolvendo em uma política autônoma. Outro efeito da ascensão dos EUA foi a formação de dois blocos econômicos na economia mundial: a área da libra e a área do dólar, também havia uma terceira área, porém menos expansiva, formada pela Europa com a liderança da França. A área do dólar já era compreendida em grande parte do hemisfério ocidental. As políticas nesses países nacionalistas se transmitiram às diferentes economias ligadas a cada área monetária.

Nesse ambiente vários autores argumentaram que as políticas monetárias dos anos 20 e os princípios da década de 30 constituíram um fato de maior importância na grande depressão, esse argumento parte da ideia que enquanto cada país líder estava tentando definir o padrão ouro, cada um estava desenvolvendo algum tipo de aperto na polícia monetária e acumulando ouro.

   No final da década de 20 a porcentagem de cobertura em ouro da França subiu, já a Alemanha obrigava-se a manter um nível de reservas em ouro.

   Os EUA preocupados com a especulações no mercado de ações, desenvolviam uma política sistemática de restrições ao credito e esterilização do ouro, o resultado foi a instabilidade e a política monetária predatória.

   Começaram então a surgir teorias capitalistas, com as virtudes do “laissez faire”, o padrão ouro passou a apresentar a “mão invisível” com um mecanismo de ajuste automático da economia, essa mão invisível era responsável por ajustar o comportamento de mercado, buscando o novo padrão ouro.

   A fracassada tentativa feita principalmente pela Inglaterra de voltar para o padrão ouro e tudo aquilo que o sistema simbolizava mostra que foi nesse período do entre guerras que ruíram definitivamente as esperanças nos elementos que sustentavam a ordem econômica e política do século XIX.

Por que vinte anos de crise é um clássico do estudo de Relações Internacionais?

Capitulo V

A Crítica realista

Os fundamentos do realismo

O realismo entra em cena após a uma utopia, e a forma de reação contra ela. A tese “a justiça é o direito do mais forme, jamais representou nada além do protesto de uma minoria sem influência, atônita pela discrepância entre a teoria e a pratica política. Foi apenas depois da quebra do sistema medieval que a divergência entre a teoria e pratica política que se tornara-se desafiadoras. Maquiavel foi o primeiro realista político de grande importância, seu ponto de partida é a revolta contra o pensamento político da época. "Sendo minha intenção a de escrever algo que seja útil a quem o ler, parece-me mais apropriado procurar a verdade real do que a imaginação; pois muitos descreveram repúblicas e principados que, de fato, jamais foram vistos ou conhecidos, porque como se vive está tão distante de como se deveria viver, que aquele que renega o que foi feito, pelo que deveria ter sido feito, cedo defronta sua ruína, em lugar de sua preservação". A doutrina de Maquiavel é separada em três princípios: a história como uma sequência de causa e efeito, na qual pode analisar e entender através do esforço intelectual, mas não guiada pela imaginação; em segundo lugar a teoria não cria a pratica, mas sim a pratica cria é quem cria a teoria; em terceiro lugar, a política não é uma função da ética, mas sim a ética é o da política. Maquiavel reconheceu a importância da moral, embora não acreditasse que que não poderia existir nenhuma moral efetiva onde não houvesse autoridade efetiva. A moral é um produto do poder (MAQUIAVEL, The Prince, caps. 15 e 16).

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