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O Drama Da Doutrina

Por:   •  16/10/2023  •  Resenha  •  3.007 Palavras (13 Páginas)  •  79 Visualizações

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 SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO REV. ASHBEL GREEN SIMONTON[pic 1]

HENRIQUE BATISTA NERES SARAIVA

RESENHA – O DRAMA DA DOUTRINA. (p.17-50)

Rio de Janeiro

2023

HENRIQUE BATISTA NERES SARAIVA

RESENHA – O DRAMA DA DOUTRINA. (p.17-50)

Resenha apresentada ao Seminário Teológico Presbiteriano Rev. Ashbel Green Simonton, em cumprimento a exigências da Disciplina Teologia Sistemática 1, ministrada pelo Professor Rev. Me. Daniel Oliveira Kozlowski de Farias.

RIO DE JANEIRO

2023

Kevin J. Vanhoozer (PhD, University of Cambridge) é um teólogo americano conhecido por suas contribuições nas áreas de teologia sistemática e hermenêutica. É professor de teologia sistemática no Trinity Evangelical Divinity School e tem inúmeras obras publicadas.

Dentre as inúmeras obras deste excelente autor, está “O Drama da Doutrina”.  obra que analisaremos. Mais precisamente analisaremos o primeiro capítulo desta obra.

Logo no início do texto o autor buscar chamar a atenção do leitor e dá o tom da obra, a criação divina pela palavra é usada como uma metáfora da dramaturgia e Vanhoozer diz: “O palco está montado. Ação!” (p. 17)

Neste início de capítulo o autor trata do conceito filosófico de existência involuntária, em como o ser humano é “lançado na existência”, e traz questionamentos sobre o sentido da vida. Ele observa que apesar do avanço da tecnologia e ciência, essa busca de sentido ainda nos desconcerta. Neste ponto Vanhoozer fala de natureza e educação e suas influências na definição de identidade das pessoas na era pós-moderna.

Lidar com essas questões, destaca o autor, mostra um modo de operar antropocêntrico que fala muito sobre a cultura pós-moderna, mas não só na pós-modernidade, ele destaca que há ansiedade cultural em diferentes épocas.

Vanhoozer em sua obra mostra algo característico, a análise e diálogo com a pós-modernidade. Para lidar com essas condições culturais apresentadas ele propõe a doutrina cristã como resposta. Doutrina esta que não é somente abstrata, mas principal recurso para lidar com as crises reais da vida e viver de acordo com o caminho de cristo. A teologia e a doutrina são proveitosas em suas dimensões de celebrar, comunicar e criticar.

O autor destaca a importância da competência teológica, que vai além da habilidade acadêmica. Essa competência é a capacidade de discernir a mente de Cristo e é fundamental para os cristãos individualmente e a igreja como um todo, isso é feito ocupando-se da doutrina que emana das escrituras.

Vanhoozer destaca que a doutrina ajuda a igreja a entender seu papel no palco da história e a situar-se entre os atos do drama divino de redenção.  Ele defende que a doutrina muitas vezes é vista como divisória e irrelevante. No entanto, o problema reside na má compreensão de doutrina, do propósito e na dicotomia que se cria entre teoria e prática.

O texto prossegue destacando o desafio que a igreja tem em comunicar aquilo que ninguém mais pode. Há o perigo de a igreja deixar lacunas que modismos culturais e intelectuais querem preencher. Como mencionado anteriormente, Vanhoozer é preciso em seus alertas sobre a cultura e filosofia, ele tem em vista sempre os perigos pós-modernos e os destaca muito bem.  Assim ele enfatiza como a igreja cedeu muitas vezes e acomodou-se às tendencias culturais e “atrofiada” em sua teologia e identidade.

Ele é taxativo ao afirmar a responsabilidade da igreja e do teólogo na proclamação e fidelidade à palavra de Deus.

“A responsabilidade exclusiva da igreja é proclamar e praticar o evangelho, dando no discurso e na vida testemunho da realidade da presença e da ação de Deus em Jesus Cristo e no Espírito Santo. A responsabilidade exclusiva do teólogo e garantir que o discurso e a ação da igreja correspondam à palavra de Deus, regra de fé e prática do cristão.” (p. 20)

Kevin chama a atenção para a necessidade de considerar a questão das fontes e normas da teologia. Pois a teologia cristã tem a missão distinguir entre conhecimento verdadeiro e falso de Deus. O autor acertadamente destaca o perigo de falar de Deus de forma indiscriminada. Usar o nome de Deus de forma precipitada traz inúmeros prejuízos e isso é enfatizado por Vanhoozer, os alertas do autor prosseguem e buscam chamar a atenção para a responsabilidade de não se invocar o nome de Deus “a torto e a direito”.

Ao analisar o texto quando este nos direciona para o âmbito da natureza da doutrina e as diferentes abordagens para a relação da revelação e a bíblia, é possível usar vocabulário do autor: “O drama da doutrina, pode tornar-se o “drama” do leitor.” Em um parágrafo que exala a erudição, vemos a densidade da escrita de Vanhoozer. O erudito descreve a doutrina como a busca bem-sucedida do sentido do testemunho apostólico acerca do que Deus estava realizando no evento de Jesus Cristo. Apesar da densidade do texto, em nada se apaga a erudição do autor, mas é exigido esmero e atenção ao leitor, o que pode tornar a leitura em certo sentido inacessível.

O autor apresenta diferentes métodos de abordagem quanto à revelação de Deus e a bíblia. Ele tece uma crítica a um “propositivismo” que se mostra reducionista em suas assertivas quanto ao aspecto estético, afetivo e toda a complexidade envolvida na relação entre Deus e as escrituras.

O texto expõe a perspectiva de Karl Barth de forma que podemos entender que para Barth a bíblia “se torna” a palavra de Deus quando os leitores são capacitados a compreender e são levados até a referência que é Cristo. Um destaque interessante que o texto nos traz é que a perspectiva propositiva nos leva a uma ênfase no aspecto da inspiração do texto bíblico, enquanto a perspectiva “Barthiana” enfatiza a iluminação. O espírito Santo é elemento fundamental na perspectiva de Barth, destaca o autor.

A experiência religiosa também aparece como perspectiva da relação da revelação divina e a bíblia. Neste caso a subjetividade ganha o enfoque, a experiência individual ou da comunidade cristã são vistas como expressões da revelação. Apesar de acatar que há um aspecto experiencial no conhecimento, ele é assertivo ao dizer que “A experiência cristã é muito variada e pouco confiável para servir de critério máximo para nosso conhecimento de Deus” (p.22)

A quarta abordagem apresentada no texto trata a eclesiologia como a fonte e a norma da teologia, enfocando as práticas da comunidade cristã como expressões da revelação. Ele traz questionamentos pertinentes sobre essa perspectiva e revela perigos de reduzir a questão a esse âmbito.

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