Resenha do Livro Ter fé na cidade

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FACULDADES BATISTA DO PARANÁ

JADSON FERREIRA DE ALMEIDA

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “TER FÉ NA CIDADE”
DO AUTOR TIAGO CAVACO

CURITIBA

2024

JADSON FERREIRA DE ALMEIDA

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “TER FÉ NA CIDADE”
DO AUTOR TIAGO CAVACO

Resenha crítica apresentada à Disciplina Estágio I como parte constitutiva do Bacharelado de Teologia à distância.

Instrutor da disciplina: Prof. Mestrando Samuel Pinheiro Almeida

CURITIBA

2024

RESENHA CRÍTICA

A FÉ E AS LÓGICAS DA CIDADE: UMA PROVOCAÇÃO.

Cavaco, Tiago. Ter fé na cidade: o diálogo entre uma pequena igreja de bairro e a cultura. São Paulo: Vida Nova, 2017.

I APRESENTAÇÃO DO AUTOR

Tiago Cavaco nasceu em 1977 e é pastor da Igreja da Lapa (depois de ter passado pelas de Queluz e Benfica) e um dos elementos fundamentais da renovação do protestantismo português. É formado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e fundador, com Samuel Úria, da editora musical FlorCaveira. Grava discos de punk-rock com o Tiago Guillul; dois dos seus maiores sucessos são “Ó Judas Aperta o Laço” e “A Isabel é Intelectual (Porque Perdeu a Virgindade na Feira do Livro)”.^[1]

Trabalhou dez anos em televisão, colabora com a revista “LER”, mantém desde 2003 o blog “Voz do Deserto”. É autor de “Cuidado com o Alemão”, sobre Lutero e os 500 anos da Reforma Protestante, “Seis sermões contra a preguiça” “e “Ter fé na cidade”, publicados por Vida Nova.^[2]

II APRESENTAÇÃO DA OBRA

Estrutura da Obra: Introdução, Apresentação, 3 capítulos (1. O modelo bíblico da cidade 2. O modelo bíblico da congregação 3. Pondo a Lapa no mapa) e Epílogo.

Tema Centralizador: Igreja Missional e Eclesiologia.

III BREVE SÍNTESE OBRA

O livro resenhado, do pastor da Segunda Igreja Evangélica Baptista de Lisboa (carinhosamente chamada de “Igreja da Lapa”, Tiago Cavaco, aborda, primordialmente, uma questão norteadora que busca responder a seguinte indagação: “A religião até pode ter servido para o meu antepassado que vivia no interior, mas como pode servir para a minha vida moderna na cidade?” (Cavaco, 2017, p. 10).

Assim, olhando para as teologias bíblica e sistemática e em diálogo com a história e a cultura, o autor argumenta que a fé cristã é a melhor adequação à realidade pois ela “não finge um mundo que já não existe, nem propõe um regresso ao que já foi” (Cavaco, 2017, p. 14).

Neste viés, Cavaco (2017) argumenta que nas cidades existe sim um imenso espaço para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo porque ele “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê [...] a justiça de Deus [que] se revela no evangelho” (BÍBLIA SAGRADA. Romanos 1.16,17, 2017, p. 1234)”.

Dessa maneira, ao compartilhar a experiência de seu ministério na igreja que pastoreia na cidade de Lisboa, em Portugal, o autor compreende que, ao manter um diálogo com a cultura ao seu redor, o cristianismo não é apenas a resposta adequada para o mundo moderno que vivemos nos grandes centros urbanos, bem como é urgente para a vida nesses locais.

Expressar a fé na urbe é permanecer num paradoxo mais relevante de toda a história humana: seguir os mesmos para de Cristo, dando a vida por quem não nos valoriza pois “Ter fé na cidade também é precisar da cidade para testar a fé. No fim, resta ela — a fé, e a esperança e o amor. E o maior desses três é o amor.” (Cavaco, 2017, p. 78).

IV PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA

1. Talvez vivamos o século 21, ainda com muito do século 19 na cabeça: Segundo o autor, essa visão saudosista seria o motivo de não relacionar a fé dos nossos avós com a fé de nossos filhos, ou seja, não relacionar o passado com o futuro. Esse bucolismo pastoral é compreensível pois a cidade não é algo que é inicialmente bom no texto bíblico. O jardim perfeito criado por Deus foi estragado por nós, seres humanos. Consequentemente, fomos expulsos dessa experiência e partimos para construir uma morada distinta da primeira. Conforme o autor aponta, é uma ironia que o primeiro bebê da humanidade seja o primeiro assassino e esse primeiro assassino seja o primeiro urbanista. No entanto, o autor compreende que o cristianismo é uma fé que promove e permite um progresso à vida moderna na cidade;

1. O amor não acontece por ser natural. O amor acontece porque é necessário: A existência do amor numa igreja cristã não é resultado de essa igreja ser boa, mas o resultado dessa igreja ser má. Assim, o cristianismo é uma religião que, antes de começar pelo que acontece de errado no mundo, começa pelo que acontece de errado com os habitantes do mundo (Cavaco, 2017, p. 16). Portanto, fundamentado na afirmação bíblica que Deus é amor (e nós não), Cavaco entende que a igreja não é uma comunidade que naturalmente expressa o amor, mas sim um grupo de pessoas que poderia naturalmente odiar, como a cidade o faz, mas que decide amar pois é alcançada pelo amor demonstrado por Deus em Jesus. Somente dessa forma que o amor é possível.

1. Nenhuma igreja pode viver com os olhos no céu de uma maneira que não tenha os pés na terra: A igreja não existe na cidade para si mesma, mas para amar a Deus e ao próximo. Isso é uma verdade confrontadora para a comunidade cristã dos nossos dias. Somos, muitas vezes, crentes egoístas e orgulhosos, muito mais voltados a si mesmos do que aos outros, muito mais interessados na autopromoção do que bençoar aos outros. Somos pessoas que vivem mais o momento Babilônia. Porém, nós precisamos de mais Jerusalém. Precisamos nos voltar o amor de Deus, do qual somos alvos primeiramente alvos e devemos nos lembrar que a história não para por aí: temos uma tarefa para com as cidades que é representar a elas este Amor.

V CRÍTICA DO RESENHISTA

Tiago Cavaco é um pastor batista português, roqueiro, pai de família que neste livro busca, de forma desafiadora, estimulante e inspiradora, provocar o leito para uma fé viva nos ambientes urbanos. São provocações teológicas fascinantes.