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SANTO AGOSTINHO

Por:   •  28/10/2015  •  Artigo  •  2.726 Palavras (11 Páginas)  •  745 Visualizações

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Conceito de Felicidade na obra De Beata Vita de Santo Agostinho

                                                        Eduardo Cruz Correia[1]

RESUMO:

Pretendo nesta comunicação fazer uma pesquisa sobre a concepção de Felicidade a partir de Santo Agostinho, tomando como base a De Beata Vita (A Vida Feliz). No dialogo, Santo Agostinho vai propor um novo significado ao conceito de felicidade, assunto que foi amplamente discutido pelos filósofos gregos como Sócrates, Platão e Aristóteles entre outros filósofos Helênicos. A concepção de felicidade proposta por Santo Agostinho consiste na posse de Deus como um amigo benévolo, por conta que se o homem fundamenta sua felicidade em coisas temporais ele sempre terá o receio de perder aquilo na qual depositou sua felicidade, sendo assim o homem precisa de algo eterno e imutável para fundamentar a sua felicidade, este ser imutável e eterno é Deus. O homem possui a Deus quando ele o conhece de forma perfeita e este conhecimento é conquistado através da sabedoria. E o Homem adquire a sabedoria quando está em comunhão com a trindade. Esta Pesquisa tem como objetivo desenvolver o tema da felicidade, que é um conceito que foi esvaziado na contemporaneidade, e um filósofo como Santo Agostinho pode contribuir muito para as discussões filosóficas atuais.

Palavras Chaves: Felicidade, Amigo, Deus.

Introdução

        Esta pesquisa tem como objetivo de fazer uma explanação sintética da concepção de Santo Agostinho sobre o conceito de felicidade (Beatitude) especificamente na obra Beata Vita (A Vida Feliz). Esta obra tente a mostra a importância da fundamentação do conceito de felicidade em algo imutável e eterno.

        Santo Agostinho escreve a obra Beata Vita pouco tempo de sua conversão ao cristianismo, por conta disso no dialogo são poucas as referências a sagradas escrituras e não há referencia a literatura cristã. Por outro se encontra nesta obra muitas citações de Cícero,também o neoplatonismo é muito assento nesta obra.

        A bibliografia básica de trabalho é a própria obra Beata Vita ,mas para o enriquecimento  de nossa pesquisa alguns estudiosos da filosofia agostiniana foram citados durante o texto, também obras de Santo Agostinho foram citadas ou consultadas como Sobre a Potencialidade da Alma, As Confissões e Contra os Acadêmicos.

        O Texto foi dividido em três tópicos, a saber: (1) Mudança de paradigma do conceito de felicidade, nesse tópico tentamos mostrar como a antiguidade entedia por felicidade e mostrar como o cristianismo nascente se comporta perante tal conceito: (2) O conceito de felicidade só é pleno quando está fundamentado em Deus, o objetivo deste tópico é mostrar que Agostinho que dar um novo fundamento ao conceito de felicidade: (3) Feliz é aquele que possui a Deus como Amigo: neste ultimo tópico focamos na analise de como o homem conquista a felicidade.

        

  1. Mudança de paradigma do conceito de Felicidade

Santo Agostinho na sua obra De Beata Vita vai elaborar um caminho que o Homem deve percorrer para chegar à felicidade, tema que foi amplamente discutido pelos clássicos como Platão e Aristóteles. Roque Frangiotti faz síntese muito concisa sobre a concepção de felicidade para os filósofos clássicos:

Para eles, a felicidade, isto é, a posse do "bem supremo" consiste em aperfeiçoar-se como homem, ou seja, em desenvolver aquelas atividades que diferenciam o homem de todas as outras coisas. Aristóteles chega até mesmo a dizer que empregar a vida para se conseguir o prazer torna-nos "semelhantes aos escravos" e lança-nos numa vida "digna dos animais". O sucesso é algo extrínseco que não depende de nós, mas de quem no-lo confere. A riqueza torna o homem insensato, pois quem quiser viver feliz deve viver segundo a razão, não segundo a riqueza. [2]

                                                                                                   

O bispo de Hipona vai retomar esta discussão sobre a felicidade, mas agora sobre um novo paradigma. Não será somente a razão que impulsionará o homem à contemplação do “sumo bem”. Neste novo contexto filosófico será aliada da razão (ratio), na busca da felicidade um novo elemento: a fé (fides) . Giovanni Reale comenta essa mudança de paradigma na filosofia Patrística:

A filosofia grega subestimara a fé ou crença (pistis) do ponto de vista cognoscitivo, pois dizia respeito as coisas sensíveis, mutáveis, sendo portanto urna forma de opinião (doxa). Em verdade, Platão a valorizou como componente do mito, mas, em seu conjunto, o ideal da filosofia grega era a epistéme, o conhecimento. E, como vimos, todos os pensadores gregos viam no conhecimento a virtude por excelência do homem e a realização da essência do próprio homem. Pois a nova mensagem exige do homem precisamente urna superação dessa dimensão, invertendo os termos do problema e pondo a Fé acima da ciência[3].

 

        Agostinho inicia o seu diálogo fazendo uma longa dedicatória a Mândilo Teodoro, que serve de introdução a todo o conteúdo que será discutido no decorre da obra. O nosso Doctor Gratiae vai elaborar uma metáfora da navegação, com intenção de mostrar que os filósofos antigos estavam equivocados quando acreditavam que a razão é ponto fundamental no caminho para busca da felicidade:

Se fosse possível atingir o porto da Filosofia — único ponto de acesso à região e à terra firme da vida feliz —, numa caminhada exclusivamente dirigida pela razão e conduzida pela vontade, talvez não fosse temerário afirmar, ó magnânimo e ilustre Teodoro, que o número dos homens a lá chegar seria ainda mais diminuto do que aqueles que atualmente aportam a esse porto, já tão raros e escassos se apresentam eles.[4]  

        Partindo desta concepção que a filosofia é ponto de partida para a busca da felicidade, é relatada a existência de três tipos de navegantes: A primeira classe de navegantes criada por Agostinho é “daqueles que, tendo chegado à idade em que a razão domina, afastam-se da terra, mas não demasiadamente[5]”. O segundo grupo de navegantes são aqueles que “iludidos pelo aspecto falacioso do mar, optam por lançar-se ao longe. Ousam aventurar-se distante de sua pátria e, com frequência, esquecem-se dela[6]”. O terceiro grupo de navegantes possui como característica uma postura de “meio-termo entre as outras duas. Compreende os que, desde o limiar da adolescência ou após terem sido longa e prudentemente balançados pelo mar, não deixam de dar sinais de se recordarem da doce pátria[7]” .

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