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DIAGNÓSTICO DO ENOTURISMO DO VALE DOS VINHEDOS

Por:   •  6/4/2017  •  Monografia  •  2.607 Palavras (11 Páginas)  •  288 Visualizações

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DIAGNÓSTICO DO ENOTURISMO DO VALE DOS VINHEDOS

APROVALE

Um ÍCONE do enoturismo mundial, uma região que se tornou referência a partir da persistência, da generosidade e muito trabalho, aliado a personalidade, típica das comunidades vitivinícolas. O Vale dos Vinhedos é a representação lúdica, cultural e históricoadeixado pelos imigrantes italianos, chegados ao Brasil em 1875. Costumes, tradições e hábitos são parte deste patrimôio cultural e paisagístico, onde capitéis, casas antigas, o mode de plantar com o plátano usado como poste e, tipo físico e fluência no dialeto, podem ser observados em cada detalhe.

As vistas panorâmicas são outro destaque. As cadeias de montanhas cobertas de vinhedos e mata nativa emocionam os visitantes. Este pacato nicho rural nunca planejou a chegada dos turistas. Eles foram descobrindo aos poucos a exclusividade e assim foram surgindo as vinícolas de portas abertas, ate se tornar um destino cotado e sonhado por casais em lua-de-mel, apreciadores de vinho e grupos de amigos. O sonho foi sendo construído assim como um novo país foi feito pelos imigrantes.

                O Vale sempre foi uma área rural, com hábitos de vida das pacatas aldeias italianas. Os vinhedos eram parte da estética natural. O trabalho se baseava na subsistência: o vinho feito para consumo próprio, a uva em grande parte entregue na vinícola Aurora. A criação de animais, como porcos, vacas, se dava para o consumo da família. De lá saía leite, que se transformava em queijo; carnes que gerariam salames e embutidos; das galinhas, o delicioso brodo e o recheio. Havia também o cultivo do trigo e do milho, que moídos viravam farinha, e de ali polenta e as tradicionais massas e pães. Verduras, pinhões, se misturavam a mesa. Era a forma de lembrar o que sabiam fazer na Itália e o vinho, de não esquecer quem eles eram.

                O tempo passou, as heranças foram se dividindo. Entre as famílias, uma delas era a de Luiz Valduga. Em um ato bastante vanguardista para a época, resolve organizar a sua herança e dos irmãos, dividindo os terrenos: “vamos organizar agora, pois teremos filhos e cada um terá outros, assim evitaremos conflitos nas gerações futuras”. Começam a surgir as pequeninas propriedades. As crises e tendências começam a incentivar a elaboração de vinho com qualidade, é necessário vender.

                A família Valduga é a pioneira em enoturismo de luxo no Brasil. Luiz, junto co os filhos, nos meados dos anos 90, passa a abrir sua casa para receber visitantes. É a experiência de poder “dormir em uma vinícola”. O sabor da casa dos avós está por tudo, Luiz recebe pessoalmente os visitantes. Mostra os animais, degusta os produtos coloniais, serve vinhos, com toda a generosidade de quem recebe grupos de amigos. Começava a transformação, que, após 30 anos, torna o Vale dos Vinhedos o segundo roteiro mais organizado e completo do enoturismo mundial.

                Em seguida, com o pioneirismo do jovem Adriano Miolo, na época estudante de enologia, começa a surgir o complexo da Vinícola Miolo. Grupos eram recebidos nos porões da Osteria, para jantar e degustar vinhos. A criação de marketing através do turismo foi de tal expressão que todo o vale se beneficiou. E hoje, entre outras ações de parcerias internacionais, investimento e muito trabalho, a Miolo é um dos mais importantes grupos vitivinícolas da América do Sul.

                Muitas famílias fizeram e fazem a história do Vale. Pizzato, Brandelli (Don Laurindo e Alma Única), todos os Valduga (Marco Luigi, Dom Cândido), Angheben, entre tantos. A consciência da busca da qualidade é o diferencial. E o olhar empreendedor, cuidando também a estética, é outro diferencial. As opções hoteleiras, como SPA do Vinho e Villa Michelon são impressionantes; mas há também as pequenas e charmosas pousadas. A gastronomia está em todos os lados, sempre com charme e sabor caseiro.

                É lá que surge a primeira IP do Brasil, agora convertida em Denominação de Origem. É o reconhecimento da qualidade e trabalho, que está fazendo surgir grandes vinhos e muito fluxo de pessoas.

                O Vale vem sofrendo forte descaracterização de suas paisagens, principalmente pela ocupação de condomínios, vilas e loteamentos. É uma condição demasiado preocupante e que precisa ser considerada, em todas as instâncias. Também a descaracterização por alteração no sistema de condução das videiras, extinguindo-se o plátano e a latada. Vale também ressaltar que há necessidade de asfaltamento dos arredores: não só para beneficiar todos os empresários/propriedades, mas também para melhor distribuir o fluxo de visitantes, sendo que já é possível observar congestionamentos em épocas de feriados e férias.

                Considerando as dimensões e importância do Vale, sugerimos que seja realizado um diagnóstico específico da região para ainda melhor exploração do tema, pois há fortes riquezas culturais que merecem ser bem registradas e pesquisadas.

Nome do Roteiro – Vale dos Vinhedos

Número de estabelecimentos vinícolas visitados – 20

Porte das empresas – Pequenas, médias e grande porte - familiares

Produtos elaborados – Vinhos finos, mesa, sucos, espumantes, geleias, grappa, licorosos, e outros.

Público Alvo – AAA-AB-B-C 

Benchmarking – Napa Valley, Estados Unidos. Piemonte – Alba (Barbaresco, Barolo, La Morra, Serralunga, Neive, Canelli, arredores), Itália

Presença de vinhedos no roteiro – Sim, são a identidade local. Os antigos vinhedos foram implantados em latada, utilizando de suporte a árvore plátano. Hoje traz uma paisagem de “colcha de retalhos”, contrastando as cores das folhas e as demarcações do plátano junto aos vinhedos.

Destaque – a proximidade e diversidade de produtores e estilos, aliada às opções de hospedagem e alimentação. Pelo pioneirismo e diversificação, Complexo Agroturístico da Villa Valduga.

Paisagem – Aliado ao relevo montanhoso, a presença de mata nativa, as casas rurais e vinícolas inseridas neste contexto, tem-se um dos mais belos roteiros de vinho do Brasil. As montanhas cobertas de vinhedos, os pontos de observação de beleza cênica, os paredões da linha Eulália, convidam o visitante a sempre descobrir algo especial. Está acontecendo uma reconversão dos vinhedos para o sistema espaldeira, visando melhoria de qualidade, porém descaracterizando a paisagem original. Um grave problema é a ocupação desordenada, bem como formatação de loteamentos residenciais em zonas que irão descaracterizar a beleza e o espaço natural do Vale dos Vinhedos.

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