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Processo de produção

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Por:   •  16/9/2013  •  Tese  •  1.227 Palavras (5 Páginas)  •  238 Visualizações

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“A gente quer aprender, mas eu acho que as palavras que não deixa.a gente aprender...”.

Carla vivencia sentimentos de fracasso na escola, é muitas vezes relegada a uma posição social inferior e inserida em um espiral de exclusão por não se adequar a uma estrutura pedagógica padronizada e descontextualizada.

Para se trabalhar com a diversidade no contexto escolar é preciso considerar a singularidade de cada um, privilegiando suas competências. A competência como capacidade de articular um conjunto de recursos próprios, que são as experiências, habilidades já adquiridas para resolver as mais variadas situações.

Quando o processo de produção de conhecimentos se dá num contexto isolado de sua realidade social e desprovido das relações existentes entre os fenômenos, a criança encontra dificuldades em fazer relações e dar sentido às suas construções. A prática de ensino centrada somente no resultado da aprendizagem ignora o processo no qual ela se deu e como a criança construiu suas significações e sentidos. Em muitos casos ainda, a escola não compreende as diferentes formas utilizadas pela criança para elaborar seu aprendizado, exigindo dela conceituações que ainda não é capaz de elaborar.

Embora avanços tenham ocorrido em nossa educação, ainda há fortes tendências à padronização do ato de educar que exige aprendizado na mesma medida.

Contrário a essa tendência, Duarte (2000) questiona a educação como legitimadora de concepções ideologicamente articuladas à sociedade capitalista contemporânea. Ele afirma que o sistema educacional brasileiro é um projeto político que visa, fundamentalmente, adequar as estruturas sociais ao processo de reprodução do capital.

A proposta educacional neoliberal tem como objetivo formar o homem para que ele se torne cada vez mais produtivo, eficaz diante das exigências do mercado, cuja preocupação primordial é o acúmulo de capital. Nessa perspectiva adota-se como modelo uma sociedade que reforça formas de vida e de desenvolvimento das elites como padrão de normalidade, padronizando também a metodologia e a avaliação. Assim, não trabalha com as diferenças, não compreende que cada indivíduo tem uma maneira própria de construir seus conhecimentos e não consegue enxergar as formas de aprendizagem que se configuram fora dos seus padrões.

Ao apresentar um desenvolvimento diferenciado Carla não corresponde a um ideal de aprendizagem, é rotulada como não competente e seu tempo de aprender não é respeitado. Assim, é transformado as formas diferenciadas de aprender em deficiência de aprendizagem. O diferente torna-se assim anormal.

Na opinião de Bock (2001), o diferente é menos provável, ou seja, é menos comum por haverem várias possibilidades para isso. Por exemplo, não foi dado à criança acesso às condições necessárias para o desenvolvimento de determinada característica, ou se deu acesso a elas, o aproveitamento não foi total, talvez por limitações físicas, como um problema na visão. Pode ocorrer ainda que tenha sido dado acesso àquelas condições, não houve limitações, mas as relações que a criança estabeleceu para o processo ensino-aprendizagem foram sufocadas por emoções e conflitos que não possibilitaram o desenvolvimento comum. As diferenças numa cultura que naturalizou a normalidade transformaram-se em conceito de desigualdade e o que não é igual não é reconhecido.

A partir daí, busca-se refletir sobre as contribuições da psicologia histórico-cultural para uma prática educacional mais inclusiva onde se respeite as diferenças e se considere que cada um subjetiva suas significações, permeadas pelas relações sociais que são estabelecidas com seu mundo. Compreende-se desse modo que cada pessoa configura de sua maneira os processos internos de desenvolvimento, dentro do âmbito das inter-relações.

A obra de Vygotsky concebeu a aprendizagem como princípio básico de desenvolvimento. Divergindo da afirmação de Piaget (1896-1980) de que o desenvolvimento conduz ao aprendizado, Vygotsky sustenta que o aprendizado é que na verdade leva ao desenvolvimento. Assim, ele defende dois níveis de desenvolvimento: o desenvolvimento real, que se refere às etapas já alcançadas pelo sujeito e o desenvolvimento potencial que é a capacidade de desempenhar tarefas com a mediação de outra pessoa mais habilitada. A distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial é denominada de zona de desenvolvimento proximal, ZDP, uma área de atuação fundamental no processo de construção do conhecimento. Vygotsky (2000) ressalta que a ZDP é um domínio em constantes transformações, pois o que a criança realiza hoje com ajuda, amanhã ela o fará sozinha. Essa zona revela as funções que ainda não amadureceram, chamadas por ele de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, em vez de frutos. Dessa forma, conclui-se que o desenvolvimento avança de forma mais lenta que o aprendizado.

Essa forma de intervenção no desempenho de uma pessoa, na relação de educar e aprender, é essencial na teoria de Vygotsky porque ela atribui uma grande importância às inter-relações nessa construção, o desenvolvimento individual se dá num ambiente social e as diversas formas de relação

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