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RELAÇÃO ENTRE CASOS DE ENCEFALOPATIA TRAUMÁTICA CRÔNICA E ALZHEIMER

Por:   •  19/2/2017  •  Abstract  •  1.623 Palavras (7 Páginas)  •  434 Visualizações

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LAURA RAQUEL SILVA DA COSTA

MURILLO UMBELINO MALHEIROS

NATALIA ALVES SÓRIA

PEDRO BERNARDO COLARES

JOÃO VITOR AZEVEDO CARVALHO

RELAÇÃO ENTRE CASOS DE ENCEFALOPATIA TRAUMÁTICA CRÔNICA E ALZHEIMER

Pré-projeto de pesquisa de elaboração do Paper apresentado à coordenação do  curso de Medicina da Universidade Federal do Amazonas.

Orientador: Jonas Byk

Universidade Federal do Amazonas

Curso de Medicina

TEMA

Relação entre demência pugilistica e Alzheimer em casos de encefalopatia traumática crônica.

DELIMITAÇÃO DO OBJETO (Introdução ou Revisão de Literatura)

Encefalopatia é um termo utilizado para designar lesões neurológicas ocasionadas por sucessivos traumas cerebrais. Particularmente, o caso de trauma em lutadores está instrinsecamente relacionado ao desenvolvimento da Doença Pugilistica, cerca de dois terços dos traumatismos crânioencefálicos (TCE) são responsáveis por lesões graves e hospitalização desse grupo especifico de indivíduos.Os dados relacionados a frequência dos achados neuropsiquiátricos nos lutadores são escassos, pois usualmente são esses que vão a procura de auxilio médico – a coleta de dados é quase sempre retrospectiva. O efeito acumulativo de traumas cranioencefalicos desencadeia doenças neurológicas que geralmente se desenvolvem a longo prazo. Afetando, comumente, pacientes idosos com histórico de traumas cerebrais decorrentes de lutas profissionais.

As consequências neurofisiológicas e comportamentais dessa doença são similares às observadas na doença de Alzheimer. Essas similaridades são em termos patológicos (presença de emaranhados), anatômicos (lobo temporal e nucleos basais de Meynert são afetados), neuroquímicos (defeitos colinérgicos) e sintomas.

Os emaranhados neurofibrilares (NFT) são constituídos de agrupamentos de proteína Tau que, por estarem anormalmente fosforilados, diminuem a sua afinidade com as tubulinas acarretando a ruptura do citoesqueleto celular e consequentemente morte neuronal. Eles são encontrados no cérebro de ambos pacientes com Alzheimer e demência pugilistica, no entanto, observa-se diferenças na distribuição desses emaranhados. Na doença de Alzheimer observa-se a presença de NFT nas regiões superficiais e profundas do neocórtex cerebral, entretanto, a densidade é maior nas áreas mais profundas, enquanto na demência pugilistica predomina nas camadas mais superficiais. Já na região do hipocampo, os valores observados são comparáveis qualitativamente. Nos casos de demência pugilistica as regiões do neocortex temporal, geralmente, apresentam maior densidade de NFT do que nas regiões do parietal e frontal; no córtex occipital não foram encontradas amostras de NFT.

          A demência pugilistica, a nível micoscopico, acarreta perda de células de purkinje no cerebelo, degeneração de células pigmentadas da substancia negra, presença de emaranhados neurofibrilares espalhados pelo córtex e tronco encefálico, mas principalmente na parte cortical do núcleo amigdaloide, nos giros paraipocampal e fusiforme, além do córtex temporal, insular e frontal.Na doença de Alzheimer, caracterizada pela anomalia no enovelamento de proteínas, a atrofia cerebral progressiva afeta o neurocortex do hipocampo, inicialmente nos lobos parietais e temporais. Relacionando as regiões anatômicas da demência pugilistica ao Alzheimer é possível observar que os lobos frontais e temporais são os mais afetados. No lobo temporal, especificamente, atinge o núcleo Amigdalóide onde encontra-se o hipocampo que desempenha papel essencial no processamento da memória

Os defeitos colinérgicos são desencadeados pela atrofia dos nucleus basalis de Meynert, o qual é a fonte produtora da enzima colina-acetiltransferase (CAT). Na doença de Alzheimer, assim como na dementia pugilistica, existe uma atrofia nos nucleus basalis resultando na diminuição da síntese de CAT e consequentemente da acetilcolina. Essa diminuição causa um bloqueio dos receptores pós-sinapticos de modo a alterar a evocação e aprendizado dos indivíduos afetados sob o aspecto cognitivo. Existe uma correlação entre a gravidade da doença de Alzheimer e o declínio de CAT.

Além da diferença na distribuição dos emaranhados de neurofibrilas, a doença de Alzheimer apresenta placas senis, estas consistem de grandes depósitos insolúveis da proteína, ou fragmentos dela, chamada beta amiloide. A existência dessas placas é normal na senilidade, entretanto, no cérebro de pacientes com Alzheimer elas se apresentam em maior quantidade em regiões especificas do cérebro de modo a interromper a comunicação neuronal.

Para um melhor um diagnostico de demência pugilistica o lutador deve ser submetido a avaliações de natureza neurológica, psicológica e psiquiátrica. Na avaliação neurológica podem ser utilizados estudos de imagem como ressonância magnética, tomografia computadorizada, tomografia por emissão de pósitrons (PET) e tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT). Estes exames possuem grande potencial de diagnostico e revelam hipometabolismo cerebral, mesmo em pacientes que apresentam função normal perante os demais exames de modo a uxiliar na detecção da doença e mapear sua evolução. Porém, somente esses não são suficientes para o diagnostico de Alzheimer ou demência pugilistica. Uma vez confirmada a doença faz-se necessário a realização de outros tipos de xames complementares e rotineiros de origem psicológica e psciquiatrica com o objetivo de determinar a extenção dos sintomas de sinais atribuídos a pratica de lutas. Os critérios propostos por Jordan (1993) para o diagnóstico de lesão cerebral traumática crônica permitem classificação como provável, possível ou improvável (Tabela 1). A intensidade pode ser avaliada pela Escala de Lesão Traumática Crônica de Jordan (1997) (Tabela 2).

[pic 1]

  1. Tabela 1. Critérios clínicos de lesão cerebral traumática crônica (LCTC).

Classificação

Definição

Exemplos clínicos

Provável

Qualquer distúrbio neurológico caracterizado por dois ou mais das seguintes condições: demência, disfunção cerebelar,

síndrome do trato piramidal ou extrapiramidal; clinicamente distinguível de qualquer processo conhecido de doença e compatível com descrições clínicas de LCTC

Demência e alteração extrapiramidal sugestiva de parkinsonismo com disfunção cerebelar associada,

que não é compatível com outras formas de parkinsonismo

Possível

Qualquer processo neurológico compatível com a descrição clínica de LCTC,

mas que pode ser causada por outra doença neurológica conhecida

Doença de Alzheimer ou outra demência primária; doença de Parkinson; degeneração cerebelar

primária; síndrome de Wernicke-Korsakoff

Improvável

Qualquer processo neurológico incompatível com a descrição clínica de LCTC e que pode ser causado por processo fisiopatológico não relacionado ao trauma

Doença cerebrovascular; esclerose múltipla; neoplasia cerebral; doenças neurológicas hereditárias

Adaptado de: Jordan, B.D. Epidemiology of brain injury in boxing. In: Jordan, B.D. (ed.) Medical Aspects of Boxing. Boca Raton, p.p. 147-68, 1993.

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