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A Construção é uma canção de Chico Buarque lançada em 1971

Por:   •  10/6/2017  •  Pesquisas Acadêmicas  •  807 Palavras (4 Páginas)  •  159 Visualizações

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Construção é uma canção de Chico Buarque lançada em 1971, feita em um dos períodos mais severos da ditadura militar no Brasil e considerada uma das canções mais emblemáticas da vertente crítica do compositor.

Fazendo uma análise desta canção, pode-se perceber que ela narra a história de um trabalhador da construção civil, ou pedreiro, desde a sua saída de casa para ir ao trabalho até o seu último suspiro. Esta canção pode-se enquadrar então como um testemunho doloroso das relações aviltantes entre o capital e o trabalho.  

Segundo o próprio autor, não foi feita para protestar mas para mostrar a situação do trabalhador na sociedade. A letra critica fortemente a "loucura" da vida de um trabalhador, por assim dizer, na sociedade capitalista moderna e urbana. Quando o trabalhador morre, pode-se interpretar que ele só atrapalha o "tráfego", o "público", ou o "sábado". Não mostra, em nenhum lugar, algum quebrantamento, dor ou sofrimento pela morte deste trabalhador, mas sim que ela é um "atrapalho" na correria da rotina dos outros trabalhadores que estão apenas no corre-corre da vida, num vai e vem constante, que os torna pouco sensíveis.

Esta parte de "falta de sensibilidade" encontra uma base em uma das ideias de Marx, que diz que as circunstâncias fazem os homens tanto quanto os homens fazem as circunstâncias. De "homem" o indivíduo passa a ser "máquina" e depois, a "pacote". E o público está mais interessado na "máquina" do que no "pacote". Mas, se a morte é um "atrapalho", ela é o limite para dar fim a essa vida corrida de um trabalhador.

Quando aparece a palavra "príncipe" na canção, dá a entender que, como este indivíduo é, na verdade, um pedreiro, trata-se das diferenças de classes que há na sociedade, e para isso se usa esta comparação. Isto pode-se ver na abordagem desenvolvida por Marx que é dialética e caracterizada pelas indicações de contradições e conflitos marcantes na dinâmica da sociedade: riqueza X pobreza, patrões X operários, etc.

Nesta canção pode-se identificar não apenas um "problema social" de um operário não-qualificado, mas também uma sociedade desintegrada e mutiladora, que o que faz é isolar os indivíduos.

"Construção" narra a história de um trabalhador da construção civil morto no exercício de sua profissão, desde a saída de casa para o trabalho até o momento da queda mortal. A música pode se enquadrar como um testemunho doloroso das relações injustas entre o capital e o trabalho. Contém uma forte crítica à alienação do trabalhador na sociedade capitalista moderna e urbana, reduzido à condição mecânica. A música evidencia esse processo de alienação, designada no Marxismo pela total reificação do operário, que em certo momento, expõe os seus sentimentos de maneira lógica, a exemplo de um objeto que funciona segundo as coordenadas de uma indiscutível engenharia. O operário sem nome faz tudo sem questionar, apenas condicionado ao seu trabalho; algo tão comum que o faz automaticamente. Remete-se à  uma submissão forçada. Quando esse trabalhador morre, a constatação é de que sua morte apenas atrapalha a sociedade, perturba o sistema. Em “Construção” pode-se decodificar não apenas o “problema social” do operário não qualificado, que se expõe à morte pela precariedade das condições de segurança no trabalho, mas, alargando-se o campo, pode-se ver aí a alegoria do corpo social fragmentado, de uma sociedade desintegrada e mutiladora, que isola os indivíduos. O homem é o ser que constrói, mas é destruído.

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