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A Morte e Morrer

Por:   •  16/3/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.031 Palavras (5 Páginas)  •  97 Visualizações

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Desde a antiguidade, a morte sempre foi cercada de misticismo e dos mais diversos rituais fúnebres, realizados pelas tribos, povos e sociedades. Tais feitos mostram a tentativa de minimizar uma separação abrupta, facilitando, assim, a superação do luto e, aproximando, o homem da morte.

Vivemos em uma sociedade negadora da morte. Somos formados para salvar vidas, o que não anula a necessidade de saber lidar com a morte. O que acontece é que muitas vezes a morte pode ser interpretada como um fracasso ao profissional, gerando muitas vezes o sentimento de culpa. A morte, como um processo natural, não pode ser desvinculada da vida, mas integrada a ela de forma a valorizá-la.

O processo da morte e do morrer está diretamente ligado ao exercício da profissão do enfermeiro, pois dentre as características que possui, o profissional permanece mais tempo em contato com o paciente, podendo acompanhar todo o progresso.

Tal tema pode ser extremamente delicado, pois pode gerar diversos sentimentos negativos, com isso, as universidades necessitam se preocupar em ter profissionais com sensibilidade que possam expressar seus sentimentos para aprofundar esta temática no processo de ensino e aprendizagem.

Durante a graduação, é difícil o estudante ter oportunidade para vivenciar evento tão complexo. Há falta de mais espaços para discussões e reflexões, que possam levar o estudante a adquirir uma compreensão mais clara a respeito da morte.

Muito se fala da humanização do atendimento e sobre ver o paciente como indivíduo único, porém, pouco se fala como está sendo abordado o processo da morte e do morrer e como está sendo a preparação emocional desses discentes, ao enfrentarem esse processo.

Mesmo a morte compondo o ciclo biológico dos seres vivos, o homem moderno tem procurado manter-se afastado de tal temática. Podemos evidenciar por meio de uma retrospectiva, que nos mostrará que na antiguidade, os egípcios possuíam um sistema mortuário explícito e detalhado em seu livro dos Mortos, onde eram traçadas ações individuais a serem desempenhadas diante da morte. Demonstrando que a utilização de crenças e mitos em serviam para amenizar tal situação.

Já na idade média, a morte fazia parte do cotidiano. Era comum pessoas morrerem em suas casas em companhia de seus familiares. Antes do falecimento, havia um ritual aberto onde o próprio enfermo participava. Este dava as recomendações finais, exprimia suas últimas vontades, pedia perdão e se despedia. Os que não tinham tais etapas eram vistos como desprivilegiados. Mais tarde, com o surgimento do capitalismo e avanço do individualismo, ocorrem algumas mudanças. As famílias que antes faziam rituais abertos agora não medem esforços para esconder e “poupar” o enfermo, privando-o da liberdade de conduzir os momentos finais de sua vida. A atitude passiva dos pacientes perante sua família contribui para tal postura.

Os pacientes passam a ter a instituição hospitalar como seu leito de morte. Neste ambiente acabam distanciando-se do mundo, da dignidade, pois deixam de ser olhados como pessoas pelos profissionais envolvidos no processo de cuidado e às vezes também por familiares e amigos.

Esse processo ocorre no contexto hospitalar, por meio de duas formas de conduta: a negação prévia e a camuflagem retrospectiva. A primeira encontra-se quando em conversa, a equipe de saúde se nega a dizer que o paciente está morrendo e dizem que o mesmo está se recuperando. Já a segunda, pode ser observada por meio dos artifícios utilizados para ocultar a morte aos outros pacientes. Tais posturas comumente são adotadas como forma de prevenir manifestações que ameaçam a serenidade do hospital.

Em uma sociedade que valoriza seus cidadãos pelo potencial de trabalho, pela capacidade de produção destes, as doenças e a morte aparecem como uma força contrária e incômoda ao processo de acumulação e produção de riqueza. Com isso, deixam de ser um acontecimento natural e intrínseco da vida e surgem como um obstáculo inconveniente, levando

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