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AS CIDADANIAS MUTILADAS

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Por:   •  8/5/2014  •  830 Palavras (4 Páginas)  •  2.516 Visualizações

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AS CIDADANIAS MUTILADAS

Elaborem um comentário crítico e criativo sobre o texto. Fundamentem os argumentos.

Milton Santos, em seu texto “As cidadanias mutiladas” mostra que vivemos em um país que não se preocupa com direitos e sim com privilégios. Onde o que há é uma democracia de mercado, no qual o homem não é o centro e sim o mercado. Onde não se preocupa com os valores humanos e sim com recursos financeiros. E onde a competitividade se impõe como norma central, que consequentemente coloca esse “homem residual” induzido a um mundo consumista, que preza o “ter” no lugar do “ser”.

Afirmações nas quais concordamos. Mas no que tange o assunto racismo, acreditamos que Milton foi um tanto quanto radical, é bem verdade que ainda vivenciamos essa triste realidade, mesmo que seja camuflada. Por exemplo, é comum escutar expressões como “não sou racista, mas nunca aceitaria meu filho ou filha se casando com um negro/a”. No entanto, mais do que preconceito racial, vê-se um preconceito de classes.

O Brasil é extremamente desigual. Grande parte da população vive em condições de pobreza e, uma minoria, no comando de considerável parcela da riqueza nacional. Estes têm privilégios como excelentes empregos, incomparáveis escolas e confortáveis moradias, enquanto as classes mais baixas vivem numa luta constante sobrevivendo com restos que lhes sobram. Além da classe média que se proletarizou, isto é, precisam trabalhar excessivamente para conseguir pelo menos pagar suas dívidas ou para alcançar o mínimo de conforto.

Contudo, essa pequena parte da população com alta renda é essencialmente branca e a outra parte dos brasileiros que vive em situação de pobreza é majoritariamente negro. E, o que mais chama a atenção é que apesar das condições de vida terem melhorado sensivelmente para os dois grupos populacionais ao longo das últimas décadas, as distâncias entre negros e brancos permanecem constantes. Todos melhoram, mas os negros sempre estão em desvantagem em relação aos brancos.

Isso se deve ao fato das raízes históricas da escravidão do Brasil. País que foi o principal destinatário do comércio internacional de escravos africanos entre os séculos XVI e XIX e foi o último país das Américas a abolir o regime escravocrata, em 1888.

O que possibilita, ainda hoje, enumerar o vasto número de piadas e termos que mostram como a distinção racial é algo corrente em nosso cotidiano. Por exemplo, nos shopping centers de elite, os trabalhadores negros são confinados em postos de vigias ou faxineiros e raramente empregados em atividades de atendimento ao público; na programação televisiva, onde os negros, quando aparecem, ocupam as tradicionais posições de subordinação (a empregada doméstica, o bandido, a prostituta, o menino de rua, o segurança); nas piadas e expressões de cunho racista sempre presentes nas reuniões de família brancas. São milhões de atitudes, gestos, opções e decisões tomadas dentro de uma estrutura social e simbólica na qual a cor da pele é um determinante importante.

É constrangedor e inaceitável que em pleno século XXI, em que se fala da globalização, da era da informação, de sustentabilidade, vistamos a camisa e vibramos com o preconceito. Como podemos dizer que somos uma sociedade desenvolvida se fazemos apologia a violência, elegemos pessoas corruptas para decidirem por nós, maltratamos e nos portamos como superiores aos negro, e todos aqueles que não são de classe média. Será que algum dia tornaremos cidadãos?

Gostaríamos de ter uma resposta simples e positiva, mas não a temos. O fato é que não há possibilidade de nos tornarmos cidadãos plenos sem exercermos direitos civis, políticos e sociais. Como ser cidadão em um país onde a democracia não existe, é amputada?

A globalização não trás a cidadania, mas sim a tira de muitos que a desejam, ela apenas torna o rico mais rico e o pobre cada vez mais pobre. A mídia escolhe o que devemos saber, a censura esconde de nós o direito de saber a verdade, e de nos posicionar-nos contra a crueldade, a discriminação, o racismo, a banalização das informações; elas nos tiram o direito de resposta.

É preciso que acordemos, e encaremos a realidade, não somos cidadãos e não seremos se não dissermos não a mediocridade da informação. É fundamental lutar por nossos direitos, escolher o mundo em que nossos filhos iram viver. Seremos cidadãos sim, mas se, por exemplo, formos capazes de respeitar os negros sem precisar criar cotas especiais. Fato que os colocam como exceções, isto é além de constrangedor, algo momentâneo, impertinente, resultado de uma integração casual.

Nós somos os próprios culpados por não exercer nossa cidadania. Somos um país de pessoas sem iniciativas, sedentos pelos direitos mais básicos e que nos é negado de forma literalmente absurda.

Portanto, é necessário nos mobilizarmos a favor da resolução desse problema, iniciando com um discurso cientificamente elaborado e em seguida colocar em prática atitudes eficientes. Como disse Milton, não pode ser um discurso choramingas, nem um discurso de pura emoção que apenas se queixa da lentidão das mudanças no âmbito social e da falta de oportunidades econômicas, educacionais etc, que de fato norteiam nossa vida.

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