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CURRÍCULO, DEMOCRACIA, AUTONOMIA: PROCEDIMENTOS DE EDUCAÇÃO MORAL EM UMA ESCOLA DE SALVADOR

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Por:   •  24/6/2013  •  4.569 Palavras (19 Páginas)  •  649 Visualizações

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O presente estudo é fruto de pesquisas e investigações desenvolvidas no cotidiano de uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental de Salvador, tendo como contexto específico a dinâmica da formação de professores dessa instituição. Como objetivo principal, pretendeu-se investigar procedimentos de educação moral em sala de aula, tendo em vista a efetivação de um currículo emancipador e democrático. Dessa forma, a pesquisa articula os conceitos de currículo, autonomia e democracia, a partir do referencial teórico da área e observações sistemáticas em uma turma do 3º ano do Ensino Fundamental I. Para o presente artigo, três práticas curriculares serão focalizadas como objeto de análise: A rotina compartilhada; O quadro de responsabilidades; A assembleia de classe. Além dessas práticas, é analisado um procedimento da instituição denominado como “Termo de Compromisso”, que compreende um dos encaminhamentos da escola para lidar com os conflitos interpessoais entre os alunos. A análise documental também foi utilizada como fonte de coletas de dados para a presente pesquisa, já que “Diário de Bordo do Professor” da instituição serviu de suporte para compreensão das práticas curriculares propostas. Destaca-se que os currículos devem ser considerados com “documentos de identidade”, revelando compromissos e valores morais das instituições educativas. Atuar tendo como base os princípios da autonomia, reciprocidade e respeito mútuo, implica em um investimento em termos da formação do educador, além da elaboração e sistematização de princípios curriculares construtivistas que possam orientar escolhas pedagógicas e sinalizar possibilidades de atuação.

Palavras-chave: Autonomia; Currículo; Democracia; Conflitos; Reciprocidade

CURRÍCULO, DEMOCRACIA, AUTONOMIA: PROCEDIMENTOS DE EDUCAÇÃO MORAL EM UMA ESCOLA DE SALVADOR

Thais Almeida Costa (Escola Experimental), taicosta@yahoo.com.br

Roberta Carvalho Saback(Escola Experimental)

Eixo temático 6: Conflitos interpessoais na instituição educativa: intervenções, mediação e procedimentos de educação moral

INTRODUÇÃO

Esse artigo é fruto de pesquisas e investigações desenvolvidas no cotidiano de uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental de Salvador, tendo como contexto específico a dinâmica da formação de professores. A metodologia da formação docente adotada pela referida instituição prevê encontros quinzenais entre os professores para estudo teórico e tematização de práticas curriculares, conduzidas ora pelos próprios docentes ora pelo profissional responsável pela formação. Dentre as atividades realizadas, incluem-se observações em sala de aula e posteriores devoluções e discussões coletivas que possibilitem a articulação entre o referencial teórico estudado e a prática cotidiana da sala de aula.

Nesse contexto, foram realizadas observações sistemáticas em uma sala do 3º ano, pela então formadora, tendo como objetivo investigar os procedimentos de educação moral em sala de aula, já que esta era a temática abordada como foco das discussões dos professores. As observações realizadas se apresentam como temática central do presente artigo, que focaliza práticas curriculares potencializadoras do desenvolvimento moral e a efetivação de um currículo emancipador e democrático. Ressalta-se que todo material aqui apresentado foi foco de discussão por parte de todos os professores da instituição, tornando clara a essencial relação entre o ensino e a pesquisa.

Acreditamos, conforme destaca Stenhouse (apud McKernan, 2009) que não é suficiente que o trabalho dos professores seja estudado, eles mesmos precisam estudá-lo. Assim, nosso modelo de investigação pautado na pesquisa-ação, busca atribuir ao docente um papel adequado no julgamento qualitativo, na pesquisa em sala de aula e na produção curricular, buscando quebrar a cisão clássica entre “professores do chão da sala” e acadêmicos (McKernan 2009).

REFERENCIAL TEÓRICO

Discutir sobre democracia e autonomia no cotidiano da sala de aula significa pensar a escola como espaço estrutural e de constituição subjetiva, em função dos modos como intervém na vida e formação dos sujeitos. Acreditar no poder de transformação da educação implica na implementação de possíveis práticas emancipatórias em currículo capazes de contribuir para sociedade democrática enquanto utopia possível (OLIVEIRA, 2003).

Nesse sentido, faz-se necessário questionar como se configuram práticas curriculares emancipatórias capazes de potencializar a ação autônoma dos sujeitos, tendo em vista a democracia social. É possível pensar em uma escola e um currículo capazes de promover a autonomia moral para além da obediência heterônoma dos seus alunos?

O desafio instaurado frente tal questionamento, segundo Rigal (2000), é a constituição de uma escola crítico democrática, capaz de cumprir um papel relevante na formação de sujeitos políticos, protagonistas de uma democracia substantiva. Pensa-se em uma escola capaz de facilitar a formação cidadã, que busca fortalecer os espaços e as práticas democráticas, incluindo a participação dos diversos atores na tomada de decisões (RIGAL, 2000, p.190).

Aqui se assume a importância da escola como instância formadora em função das suas possibilidades reais de desenvolvimento de ações emancipatórias. Como destaca Oliveira (2003), deve-se pensar no modo como as práticas curriculares cotidianas podem criar formas de emancipação social frente às forças reguladoras das normas.

No cotidiano das escolas, os professores criam saberes e fazeres que podem representar inovações emancipatórias ou reforçar condições de regulação. Como nos aponta Silva (1996), o desafio instaurado para os educadores é o de pensar em uma educação e um currículo voltados para a abertura e a dissidência, para a disseminação e a pluralidade, para o movimento e a mudança, para a autonomia e a reciprocidade e não uma educação e um currículo centrados no fechamento e no conformismo, no imobilismo, na permanência e na heteronomia.

É justamente por acreditarmos que os educadores devem atuar enquanto profissionais progressistas, que é necessário indagar sobre o que das nossas práticas pedagógicas reforça ora a democracia, ora o conformismo, ora autonomia, ora heteronomia. Tais reflexões nos levam a olhar para o cotidiano escolar com uma perspectiva muito mais crítica e responsável,

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