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Construção de texto argumentativo

Por:   •  30/8/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.681 Palavras (7 Páginas)  •  150 Visualizações

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UNIVERSIDADE POSITIVO

Direito e Linguagem

Trabalho Bimestral:

Aluna: Vanessa Fernanda Aurélio

Construção de texto argumentativo

Problematização: 

A importância do estudo da Sociologia e da Filosofia para a formação de uma sociedade autocrítica e apta a realizar política como forma de protesto e melhoria social

Os constantes e atuais ataques do presidente da República Jair Bolsonaro à elaboração da educação coloca em voga uma questão já previamente discutida, mas que nem de longe suscita um fecho- a função da escola na contemporaneidade. Escorados em questionamentos acerca da importância de determinadas disciplinas escolares, Filosofia e Sociologia, em um traçado menor, o que realmente se busca é definir uma educação tecnicista, na qual prima-se pela formação de profissionais especializados apenas em sua área de atuação, esquecendo-se de que a escola deve ser o arrimo primordial da construção de um cidadão crítico de sua realidade social. Distanciando-se cada vez mais de uma função incrédula da educação, daquela perpetuadora, transmissora e coatora de elementos de dominação e opressão, deve-se rastrear uma pedagogia inclusiva e de libertação. Habilitar-se à leitura e interpretação de uma linguagem simbólica, bem como capacitar-se a ela sem, contudo, abandonar as convicções e necessidades de sua classe natural é ponto de partida para a estruturação de cidadãos pertinentes a edificar uma sociedade consciente de si enquanto mão de obra ativa na implantação de um coletividade padrão. Indubitavelmente, a Filosofia e a Sociologia são instrumentos que permitem tais considerações, uma vez que estimulam o ser à contemplação da realidade circundante.

Somente os deuses e as mulas não necessitam de vida reflexiva. A Bios, causa formal da Política na teoria Aristotélica, informa que a edificação de uma cidade ideal está pautada na peculiar característica da humanidade: o questionamento e a análise. Somente é possível a formação de uma sociedade que vise melhorar, evoluir e buscar sua condição de ideal no momento em que o homem souber refletir sobre sua realidade e ação. É preciso que o animal homem, aquele habilitado a conviver em sociedade, se prepare devidamente para atuar na melhoria da sociedade, buscando assim um corpo social mais justo e de convivência harmoniosa. Atuar sobre as formas de governo só é possível quando há a noção de como elas são constituídas, bem como o conhecimento acerca da necessidade ou não de sua implementação. A vida contemplativa incorre em uma condição de reflexão que culmina em capacidade de decisão, de moldar as possibilidades para o bem, para a deliberação política. É um esculpir a realidade inclusive contra a própria natureza- é a essencial vida política. Ademais, a Filosofia faz estimular o pensamento crítico, inclusive admitindo questionamentos e críticas. Os ataques a esta ciência são estratégicos- é o primeiro passo, o ponto inicial, de governos autoritários e repressivos. Para estes, não basta apenas a atuação da força física; para além dos corpos, há uma repressão mental, um ataque ao pensamentos das pessoas. É a repetição de retóricas já conhecidas, como as utilizadas por militares e fascistas. Deve-se saber pensar.

A tomada de consciência de si mesma na qualidade de aparato de ação e também de real existência é, decerto, o momento crucial do reconhecimento da Sociologia enquanto ciência. O objeto de estudo da Sociologia é a própria sociedade em si, de pessoas que agem, que constroem a realidade social. É um momento de diagnóstico em que os seres identificaram a possibilidade de exploração de seus peculiares atributos e posteriores consequências. Tudo agora é facultado, de certa forma, pelo empirismo, pela observação social. Para Carlos Eduardo Sell (2015, p.21):

Ao aplicar os princípios da ciência ao estudo dos fenômenos sociais, os intelectuais mudaram a maneira de explicar a própria vida social. Na visão dos fundadores da Sociologia, os fenômenos que caracterizam a modernidade, seja no aspecto econômico, político ou cultural não podiam ser mais explicados a partir de uma visão filosófica do mundo. Sustentavam que era preciso partir do método experimental e da realidade empírica. É a partir deste esforço que surgiu a Sociologia.

Não é um momento de ruptura pura, pois afasta-se, mas não se abandona, a Filosofia como pressuposto para a explicação da realidade mundana.  Busca-se, agora, uma explicação mais concreta, racionalmente observável para a conclusão e determinação da veracidade gregária. Estas duas ciências são auto dependentes. Faz-se mister a leitura e compreensão social. É preciso que o indivíduo esteja iniciado aos questionamentos de toda ordem de acontecimentos a que possa presenciar e for apresentado.  Estudar a sociedade é pressuposto base para a criticidade das adoções e criações de medidas públicas, independente da postura ideológica. Deve-se saber analisar e agir.

Questionamentos acerca da democracia, opressão e autonomia constituem um enlace que determinam uma via de mão única para a base da formação de uma sociedade justa e igualitária. Paulo Freire (2013) apresenta conceitos de uma educação libertadora, que preconiza o ensino como um mecanismo, um instrumento, que proporciona conhecimentos para a identificação do opressor e, consequentemente, possibilite combatê-lo não apenas ideológica ou simbolicamente, mas com ações, com atitudes emancipatórias. É o saber questionar, se colocar em uma posição de protagonista frente aos problemas, interromper a ordem vigente de discriminação e exclusão, buscando equidade. É necessário que haja um entendimento de como a opressão se realiza, para que então, munidos de conhecimento, os alunos, que se formarão cidadãos, possam modificar a realidade social. A compreensão da veracidade comunitária é plano básico para sua transformação. O indivíduo oprimido deve compreender que a intolerância e estigmatização a que está subordinado deve ser superada por meio de ação social, da práxis. Além da necessidade do conhecimento para a transformação, importa a conscientização de classe, de que todos são detentores de um conhecimento único e valoroso para a formação social. Para Freire (2013, p.69):

De tanto ouvirem de si mesmos que são incapazes, que não sabem nada, que não podem saber, que são enfermos, indolentes, que não produzem em virtude de tudo isto, terminam por se convencer de sua incapacidade. Falam de si como os que não sabem e do doutor como o que sabe e a quem devem escutar. Os critérios de saber que lhe são impostos são os convencionais.

A relação entre autoridade e liberdade está abalada. Há o fortalecimentos daquela em detrimento desta, culminando com um autoritarismo. A filósofa Marilena Chauí (2018) crê em uma pedagogia democrática- é uma defesa da educação frente ao autoritarismo. Uma das linhas mestras do discurso da autora sobre educação é o combate ao autoritarismo presente no sistema de ensino, em alguns momentos mais explícitos, como no período ditatorial, e em outros mais sutis, como o vivenciado na contemporaneidade. Com efeito, as tentativas de estabelecer uma relação pedagógica anti autoritária devem resultar precisamente no que a autora denomina em “relação pedagógica democrática”, fomentando o terreno para a realização de uma sociedade com soberania popular. À vista disso, a educação possibilita acesso e construção de um sistema democrático. Não se trata apenas de uma democracia formal, que preconiza o mero exercício do voto, com um procedimento único, pré estabelecido e uniformizado. Para além, é preciso a instituição de uma democracia material, que estabeleça condições mínimas para que tanto a escolha como a análise dos representantes possa ser realizada tendo como pressuposto a satisfação das necessidades mínimas da população. Novamente, a leitura social assume papel de destaque neste palco.

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