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Cultura Inglesa

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Por:   •  14/9/2013  •  1.616 Palavras (7 Páginas)  •  558 Visualizações

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Americanismo: Influência dos Estados Unidos na língua e cultura brasileiras

In", "out", "big", "delivery", "fast-food", "to be or not to be". "Wellcome to Brazil"! Você, por acaso, saberia responder quando e por que essas expressões integraram a linguagem cotidiana do brasileiro? Embora o século 19 tenha sido marcado pela influência inglesa, será no século 20 que o fenômeno da adoção de expressões do inglês se cristalizará na língua portuguesa.

Esse fenômeno é parte de um processo mais amplo de dominação: o imperialismo cultural. O fim da Primeira Guerra Mundial marcou o início da hegemonia econômica americana. O excedente de capital passou a ser exportado, na forma de empréstimos e produtos, que trazem em si uma nova concepção de sociedade: o consumo e o descarte.

O período entreguerras foi marcado pela busca da dominação latino-americana pelos EUA. Porém, a estratégia utilizada para obtenção do domínio econômico é a via cultural. A predominância americana se deu por meio da adoção da política de boa vizinhança, cujo objetivo era estreitar os laços entre ambos, introjetando na América Latina valores de consumo associados a um modelo de sociedade desenvolvida e ideal, da qual os americanos se orgulhavam.

Os estúdios Disney criaram o Zé Carioca, estereótipo forjado na imagem depreciativa que o americano tinha do brasileiro. Claro que a intenção é de parecer simpático. O personagem, bonachão e trapaceiro, leva vantagem enganando os outros. Em contrapartida, exportamos nossa baiana estilizada.

Carmem Miranda em nada lembrava a figura original da baiana, negra marginalizada economicamente que sobrevivia da venda de quitutes nas ruas. A consagração das intenções do imperialismo cultural se expressaram nos filmes da Disney em que Zé Carioca, Carmem e Aurora Miranda, junto ao Pato Donald, visitaram as riquezas do Rio de Janeiro e de Salvador.

Irmanamo-nos na origem: somos todos americanos, latinos ou não. Essa ingerência dos EUA em território latino-americano se tornou definitiva com a instalação da Guerra Fria, ao final da Segunda Guerra Mundial. Agora, a questão é mais do que econômica, é política e de soberania.

Nos anos 50, no Brasil, por exemplo, a política econômica baseada na substituição das importações trouxe as multinacionais para o território nacional. A impressão é de desenvolvimento.

A modernidade desembarca produtos "made in Brazil" com tecnologia importada. A presença norte-americana nos hábitos, costumes e valores dos latinos se expressa com mais intensidade que valores de suas antigas metrópoles e culturas nativas, esquecidas ou desvalorizadas. Estão presentes nas nossas roupas, alimentação, e no nosso vocabulário. Abandonamos a tradição rural, a vida bucólica de interior para embarcarmos numa modernidade urbana estruturada num modelo cultural e de desenvolvimento alienígena. "Big sale" das culturas nacionais!

Influência da musica inglesa

É inevitável. A música popular americana está presente em nosso dia-a-dia e todos “cantam” em inglês, seja ele “macarrônico” ou não.

E, convenhamos, os americanos têm lá o seu mérito. Geralmente capricham na produção, no arranjo cuidadoso da canção, na interpretação sensível explorando a voz ao máximo e na mixagem perfeita. Para que o leigo possa compreender melhor, vou exemplificar (e simplificar) os termos acima da seguinte maneira: a letra e a melodia cantada seriam o “corpo” da canção. Já o arranjo seria a “roupa bem escolhida”, ou seja, os instrumentos que vão fazer parte da música bem como a frase que cada um deles irá executar. O intérprete trabalha a voz em todos seus registros e nuances, coisa que aqui no Brasil ainda é pouco explorada, não temos a tradição do estudo do canto popular; ou se estuda o canto lírico (que é bem diferente) ou se improvisa com o instinto e a facilidade pessoal de cada um, tratando a voz como um “dom divino” que não pode ser estudada e nem aperfeiçoada. Por fim, a mixagem seria a fase final onde é preciso estabelecer um equilíbrio entre todos os ingredientes. Por exemplo: o teclado não pode ofuscar a bateria, que não pode encobrir o baixo, e assim por diante. Tudo precisa ser ouvido com clareza e nitidez, e a voz deve ser ressaltada em seu melhor timbre. Nisso, os americanos são especialistas. Tanto que artistas brasileiros consagrados gravam nos estúdios daqui, porém mandam o material para ser mixado nos EUA.

A tecnologia é uma grande ferramenta na produção musical, mas não basta ter o equipamento mais moderno, é preciso saber domina-lo. E também não basta apenas dominar a máquina, é preciso compreender sobre música, ter conhecimentos sobre o som para utilizar a tecnologia com sensibilidade musical. E isso aqui no Brasil ainda é pouco comum. Enquanto os EUA têm engenheiro de som, nós temos técnico de estúdio com uma formação bem diferente e menos completa, digamos assim.

Bom, méritos reconhecidos, agora falemos dos nossos artistas brasileiros. Ah! Que maravilha! Que riqueza de ritmos, melodias e harmonias bem trabalhadas! Que letras bem construídas e arquitetadas! Estou falando, é claro, daqueles que tratam a música brasileira com carinho e respeito e não dos que lançam modismos e ganham dinheiro durante um certo período e depois desaparecem. O problema é que essa música de qualidade está cada vez menos acessível aos brasileiros. Outro dia, revi uma entrevista do Roberto Menescal na TV Cultura onde ele dizia que para se ouvir a boa música brasileira era preciso ir ao Japão! Infelizmente, muita gente talentosa é obrigada a migrar por não ser reconhecida em seu país de origem...

Em contrapartida, nós abrimos as portas, ou melhor, escancaramos, damos total espaço para que a cultura americana invada nosso país e nossas mentes em detrimento de nossa própria cultura.

Que fique claro, aqui, que não se trata de um discurso nacionalista nem xenofobista, porém acho que está faltando um equilíbrio entre as coisas.

Temos rádios que tocam exclusivamente músicas internacionais e várias outras onde a porcentagem de música nacional e americana é muito desproporcional, favorecendo a segunda, é claro.

Um povo sem cultura, sem raízes é facilmente dominado e manipulado por interesses alheios aos seus. Valorizar nossa cultura é a melhor maneira de preservarmos nossa identidade e mantermos o poder sobre nossos recursos e riquezas.

Mas, se o governo nem a mídia auxiliam nessa questão, o que é que

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