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EMPRESA VIVA

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Por:   •  20/11/2013  •  4.806 Palavras (20 Páginas)  •  352 Visualizações

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A EMPRESA VIVA - Como as Organizações Podem Aprender a Prosperar e se Perpetuar.

A elevada taxa de mortalidade corporativa pode ser combatida com mudanças nas prioridades e a incorporação de alguns traços comuns à organização centenárias. Por Arie de Geus

O que explica a diferença entre algumas companhias que existem há mais de 100 anos e a média de vida das empresas, que não supera 20 anos? Uma equipe da empresa Royal Dutch Shell, que tinha entre seus integrantes o vice-presidente Arie de Geus, hoje da Londo Business School e do MIT, encontrou respostas para a questão em um estudo. Muitas empresas morrem jovens porque suas políticas e práticas enfatizam a produção de bens e serviços, de acordo com esse estudo, esquecendo que são comunidades de pessoas que fazem negócios para permanecer vivas. Em contraposição, as “empresas vivas”, que funcionam como se fossem um rio segundo o autor, têm outras prioridades: valorizar as pessoas, flexibilizar a direção e o controle, organizar-se para aprender e criar uma comunidade. Além disso, elas compartilham algumas características, como conservadorismos na gestão das finanças, sensibilidade ao ambiente externo, consciência de sua identidade e tolerância a novas idéias. O estudo em que se baseia este artigo focalizou 30 organizações na América do Norte, na Europa e no Japão com mais de 100 anos de idade, forte identidade corporativa e destaque em seu setor de atividade. Entre elas, DuPont, W.R. Grace, Kodak, Mitsui, Sumitomo e Siemens. Ele é relatado integralmente no livro A Empresa Viva, de Geus, publicado no Brasil no ano passado pela Editora Campus.

No mundo das instituições, as empresas comerciais são membros recém-chegados. Elas existem há apenas 500 anos - uma minúscula fração de tempo no curso da civilização humana. Nesse período, têm desfrutado um enorme sucesso como produtoras de riqueza material. Foram responsáveis pela explosão populacional mundial, fornecendo os produtos e serviços que tornaram possível uma vida civilizada.

Quando analisadas à luz de seu potencial, no entanto, muitas empresas comerciais ainda têm um longo caminho por percorrer. Elas estão em uma fase primitiva de evolução; desenvolvem e exploram apenas uma pequena fração se seu potencial. Analisemos sua alta taxa de mortalidade. Em 1983, cerca de um terço das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune em 1970 havia sido adquirido ou desmembrado ou fundido com outras empresas.

Como sabemos que muitas dessas mortes são prematuras? Porque temos provas de que as empresas podem durar muito mais. A Sumitomo, do Japão, tem origem em uma fundição de cobre aberta por Riemon Soga em 1590. A empresa sueca Stora, atualmente uma grande fabricante de papel, celulose e produtos químicos, começou como mina de cobre na região central da Suécia há mais de 700 anos. Exemplos como esses sugerem que a longevidade natural de uma empresa poderia ser de dois ou três séculos - ou mais.

As implicações dessas estatísticas são deprimentes. A diferença entre a longevidade de uma Sumitomo ou uma Stora e a vida efêmera da empresa comum representa um potencial desperdiçado. As pessoas, as comunidades e as economias são afetadas - e até destruídas - pela morte prematura de empresas. A alta taxa de mortalidade empresarial não parece natural. Nenhuma espécie viva apresenta discrepância entre sua expectativa máxima de vida e a longevidade média que alcança. E são poucas as instituições de outros tipos - igrejas, exércitos ou universidades - que apresentam o recorde terrível de mortalidade da empresa comercial.

As empresas morrem jovens;

Por que tantas empresas morrem jovens? As provas acumuladas indicam que as empresas fracassam porque suas políticas e práticas se baseiam predominantemente no pensamento e na linguagem da economia. Em outras palavras, as empresas morrem porque seus executivos se concentram exclusivamente na produção de bens e serviços e se esquecem de que sua organização é uma comunidade de seres humanos que trabalha em uma empresa - de qualquer tipo - para se manter viva. Os executivos se preocupam com terra, trabalho e capital e negligenciam o fato de que “trabalho” significa pessoas de verdade.

O que há de tão especial sobre as empresas duradouras? As que eu passei a chamar de “empresas vivas” têm uma personalidade que lhes permite evoluir harmoniosamente. Elas sabem que são, entendem qual seu papel no mundo, valorizam novas idéias e novas pessoas e administram o dinheiro de uma maneira que lhes propicia controle sobre seu futuro. Resumindo, as empresas vivas produzem bens e serviços para ganhar seu sustento exatamente como nós fazemos por meio de nossos empregos.

Antes de discutir as características da empresa viva com mais profundidade são necessárias certas informações históricas. Em 1983, um grupo da Shell do qual eu fazia parte decidiu aprender mais sobre a longevidade empresarial estudando companhias mais antigas que a nossa. Como naquela época a Shell já tinha cerca de 100 anos, decidimos analisar empresas que já existissem nos últimos 25 anos do século XIX, fossem importantes em seu setor e ainda possuíssem uma forte identidade corporativa.

Nossa equipe descobriu 30 organizações na América do Norte, na Europa e no Japão que atendiam àqueles critérios. As empresas tinham de 100 a 700 anos e 27 delas - como DuPont, W.R.Grace, Kodak, Mitsui, Sumitomo e Siemens - dispunham de excelente documentação.

Expectativa de vida: 20 anos;

A primeira coisa que aprendemos foi que a vida média de uma organização é muito menor do que sua vida média potencial. Já tínhamos algumas indicações a respeito nas listas das 500 maiores empresas da revista Fortune, e conseguimos confirmar esses dados em registros públicos da América do Norte, da Europa e do Japão.

Na maioria desses lugares, a lei exige que a abertura e o fechamento de firmas sejam registrados. Pelo estudo desses dados conseguimos obter estatísticas “populacionais” e três informações valiosas: índice de empresas fundadas, índice de empresas encerradas e a população total. Assim, pudemos calcular a expectativa média de vida das organizações, que, no Hemisfério Norte, era bem inferior a 20 anos. Somente as grandes empresas que estudamos e haviam começado a se expandir depois de sobreviverem à infância - período em que a taxa de mortalidade é extremamente alta - continuaram ativas por outros 20 a 30 anos, em média.

Aparentemente a empresa é uma espécie com uma expectativa máxima de vida na casa das centenas de anos, mas com uma expectativa média de vida inferior a 50anos. Se essa espécie fosse o Homo sapiens, poderíamos

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