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Logistica

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Por:   •  7/12/2014  •  3.801 Palavras (16 Páginas)  •  940 Visualizações

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Revista Tecnologística

Abril - 2006 - Ano XI - Nº 125

Aos vencedores, as batatas!

Dois projetos em duas pontas distintas de sua linha de batatas fritas Elma Chips – a melhoria da produção de matéria-prima no campo e a implementação da reposição automática na distribuição final aos canais de venda – trouxeram à Pepsico redução de custos de compras e de perdas de produtos, no primeiro projeto, e ganho

de vendas e redução de estoques, no caso da reposição automática. A empresa pensa em realizar, este ano, um plano-piloto para a reposição contínua em dois distribuidores, no qual seriam incluídas as categorias de peixes, achocolatados e aveias

Num curto espaço de tempo, a multinacional Pepsico atacou problemas em duas pontas opostas da cadeia logística da sua linha de salgadinhos Elma Chips, cujo carro-chefe são as batatas Ruffles: uma delas é a produção de batatas para alimentar as linhas de produção e a outra é a distribuição final, na qual foi implementado um sistema de reposição contínua de estoques, mudando o sistema de empurrado para puxado. Em ambos os casos, a empresa obteve ganhos que compensaram as dificuldades e a complexidade dos projetos.

A principal matéria-prima para a fabricação de salgadinhos da linha Elma Chips é a batata, que a Pepsico compra de produtores nacionais. Até o início do projeto, em 1996, a empresa mantinha contratos informais com esses produtores, com pouca integração e planejamento.

O resultado eram produtos muitas vezes fora do padrão ideal para a fabricação das batatinhas, prejudicando a qualidade do produto final e, muitas vezes, causando desabastecimento da linha ou obrigando a empresa a partir para compras pontuais no mercado de commodities. A Pepsico trabalhava então com 45 a 50 fornecedores, a maioria deles sem exclusividade.

Em 1996, a empresa criou seu Programa Agrícola de Batatas, com o intuito de estreitar o relacionamento com os produtores, com troca de tecnologia e controle de qualidade em todas as etapas do processo. Os objetivos principais eram a redução de custos, a melhoria da qualidade e a garantia de fornecimento.

“O processo de aquisição das batatas não era salutar nem para a Pepsico nem para nossos fornecedores. Havia muito a melhorar de ambas as partes e era necessário um relacionamento mais integrado e um planejamento conjunto, pensando tanto no negócio da empresa quanto no dos produtores”, coloca Mário Morhy, diretor da Cadeia de Abastecimento da Pepsico. Segundo ele, embora por seu tamanho e volume de compras a empresa tivesse poder de barganha sobre os fornecedores, ela optou por trabalhar em conjunto com eles.

Os programas de suprimento de batatas com os produtores existem em diversas unidades da Pepsico no mundo. No entanto, a forma como o programa foi estabelecido no Brasil – no sistema just-in-time, indo diretamente do fornecedor para a fábrica – é inédita. “A primeira diferença é que, no Brasil, foram feitos contratos com os fornecedores, o que não existe em outros países pelo fato de a batata ser considerada uma commodity, com o que dificilmente se fazem contratos de fornecimento”, explica Jayme Januário de Souza, gerente Agrícola da Pepsico.

“A segunda diferença é que, na maioria dos países, não é possível obter um suprimento de batatas frescas durante todo o ano, por causa do inverno, o que acaba trazendo custos extras de armazenagem e grandes perdas nos períodos em que não há colheita. Já o Brasil tem a possibilidade de produzir o ano todo, tornando possível este fornecimento direto para as fábricas”, continua o gerente.

Isto por si só já trouxe melhorias. Porém, no ano 2000, dando continuidade ao seu programa agrícola, a empresa começou a montagem de mini-laboratórios nos próprios produtores para realizar testes de qualidade nas amostras, simulando as mesmas etapas da fabricação. No ano seguinte, as fábricas da Pepsico já passaram a receber as batatas com garantia de qualidade. “Se a batata não está boa, ela nem chega às fábricas; o produtor faz o teste e já nos manda o produto com qualidade assegurada”, afirma Emílio Alonso, vice-presidente de Operações da Pepsico.

A empresa firmou, também, o compromisso com os produtores de comprar a quantidade estipulada em contrato, garantindo, em contrapartida, o fornecimento. “Hoje, sabemos que o que está plantado tem qualidade para nosso consumo, e é uma garantia de que a batata plantada estará à nossa disposição em um determinado momento, atendendo à nossa demanda”, explica Morhy. Para a empresa, isto representa uma redução importante de custos. “Qualquer gasto a mais num produto deste tipo assume um grande significado: cada centavo em um pacote de batatas de R$ 1 representa 1% do valor de um produto cuja margem de lucro é pequena.”

Fabricação

A Pepsico inicia o processo de fabricação dos salgadinhos pela definição da demanda, em uma prática denominada PVO (Planejamento de Vendas e Operações), que movimenta toda a cadeia da empresa, reunindo quase todos os departamentos – finanças, marketing, vendas, manufatura, supply chain e suprimento, entre outros. A partir da avaliação de estatísticas, históricos, promoções e concorrência, é feita uma estimativa da quantidade de pacotes de salgadinhos que a empresa acredita vender nos meses seguintes.

“Sabemos que, para termos disponibilidade em junho, por exemplo, devemos plantar em janeiro, porque o ciclo da batata é de seis meses”, explica Morhy. Além das vendas atuais e futuras, o grupo responsável pelo PVO monitora as entradas e saídas de SKUs, que hoje são 20 da Ruffles e cinco da Sensações.

A linha Sensações de batatas fritas foi lançada em 2004 para atender ao público adulto, já que a Ruffles tem como público-alvo os jovens. A matéria-prima utilizada para a fabricação das duas marcas é a mesma e a única diferença está no corte. Hoje, a Pepsico processa 65 mil toneladas de batatas para a fabricação de 330 milhões de “bolsas” por ano.

Há quatro fábricas de salgadinhos no Brasil: Curitiba, Itu (SP), Sete Lagoas (MG) e Recife, mas somente as duas primeiras produzem batatas fritas, por questões de localização, disponibilidade de matéria-prima e mercado consumidor.

O abastecimento das fábricas funciona da seguinte forma: quando se chega a um nível de inventário mínimo, é emitida uma necessidade de envio de batatas. A fábrica

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