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Manifestações X INTERNET

Seminário: Manifestações X INTERNET. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  6/11/2013  •  Seminário  •  1.477 Palavras (6 Páginas)  •  155 Visualizações

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1. INTERNET X MANIFESTAÇÕES

A discussão do que “a internet” pode fazer pela política, em suas diversas nuances, é um debate injusto com a própria internet. Primeiro, porque não há “a internet”; há, sim, uma variedade de apropriações sociais a partir de um dispositivo tecnológico tão versátil. Segundo, porque a internet não pode ser mais entendida como descolada da vida social das pessoas; não há o virtual e o real, palavras tão propagadas ao longo dos últimos anos.

Especificamente sobre as manifestações de São Paulo e do resto do país – que, imagino todos já deve estar ciente e, portanto, não vale mais explicações a respeito –, incomoda-me uma redução que se faz hoje da internet para simplesmente “redes sociais”, como se só essas últimas existissem e fosse relevante. Claro que o “ponto de encontro” das manifestações é o Facebook ou o Twitter, é o lócus da comunicação digital atual, transformando-se numa verdadeira plataforma: de um lado, é onde você se encontra com outras pessoas e, do outro, é de onde você parte para outras fontes de informação. Mas, no que tange aos protestos dos últimos dias, foi possível avaliar que essa premissa das redes sociais como plataforma comunicativa se acentuou. Consequentemente, se as redes sociais funcionam dessa forma, verifica-se também a importância de outras formas de comunicação na internet, com funções específicas que contribuem para as manifestações de diversas formas.

A empolgação que antes era vista como algo inútil quando nas redes sociais, agora toma a sua relevância, levando em conta sua influência em manter a motivação entre os manifestantes. Hashtags como #BrasilAcordou ou #OGiganteAcordou não são exatamente protestos, mas gritos de guerra para manter o povo unido mesmo na esfera virtual. Com isso, além de manter o ânimo daqueles que já aderiram à causa, os manifestantes acabam conquistando um público maior e, consequentemente, expandir os protestos nas ruas.

Sendo então a internet o principal meio de comunicação entre os manifestantes, cria-se a ideia de que esta é um espaço irredutível, onde apenas as massas têm voz. O que é um erro. Justamente por ser o principal ponto de encontro dos manifestantes, nela surgem também as influências contra o movimento. E aí também é preciso tomar cuidado quanto aos veículos de informação que estão ligados à parte manipuladora de mídia, que não perderão a chance de ter um contato ainda mais direto com o seu público alvo. Por dar espaço a qualquer voz e opinião, a internet cria um espaço mais amplo e crítico, mas, com a sua forte ferramenta de compartilhamentos, também faz com que uma mesma informação tenda a se sobressair sobre outras. É preciso ser atento a essas informações e opiniões que se sobressaem. Talvez daí tenha surgido a ideia de que o movimento dessas últimas semanas não havia uma causa concreta (algo que foi altamente divulgado pela mídia); muitas vozes se sobressaíram e chegaram a abafar o principal motivo dos protestos: a revogação do aumento da tarifa dos transportes públicos.

Mas se a internet proporciona espaço para manipuladores ou baderna, ela também dá chance a um jornalismo feito pelo próprio povo. A TV e o rádio já não são mais as nossas únicas chances de ficar a par do que está acontecendo, agora podemos ver na internet a informação vinda dos próprios manifestantes. A credibilidade é maior quando a informação tem como fonte um indivíduo sem interesses próprios além de seus direitos pelos quais está lutando nas ruas, como muitas instituições veiculadoras de informação (emissoras, estações de rádio, jornais, etc.) os têm. A informação passa a ser circulada de maneira nua e crua, originada a partir dos olhos das próprias testemunhas da notícia. Na quinta-feira passada (13/06), talvez a polícia militar que reprimia violentamente as manifestações em São Paulo tenha esquecido esse detalhe, que agora o povo tem câmeras e internet em mãos. Muitos manifestantes reproduziram as imagens em tempo real, fizeram denúncias a partir de imagens registradas e veicularam a realidade que não era mostrada na mídia. A internet proporcionou o jornalismo em primeira pessoa.

2.2 A INTERNET E A RELAÇÃO SOCIAL

Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, o mundo atual vive um momento de frouxidão nas relações sociais. Isto quer dizer que, com o avanço da tecnologia no século XXI, as pessoas tendem a se relacionar mais por meio de aparelhos eletrônicos do que pessoalmente.

Hoje, vivemos o que os sociólogos chamam de amor líquido, já que nossas relações de afetividade tornam-se facilmente descartáveis. Assim, o verso do poeta brasileiro Vinícius de Moraes, “Que seja eterno enquanto dure”, encaixa-se perfeitamente ao que estamos vivendo nos dias atuais. Nesse sentido, as relações entre as pessoas estão cada vez mais vulneráveis e a realidade do mundo virtual proporciona a escolha de novos amigos e novos amores facilmente, ou melhor dizendo, num simples “clique” do computador. As identidades são forjadas a fim de chamar atenção das pessoas, pois vivemos a dicotomia entre mundo virtual e mundo real, em que um indivíduo pode assumir diferentes personalidades, mantendo relações pouco duradouras.

O sentimento de finalmente ter descoberto como se fazer voz, junto com uma indignação generalizada engolida por tanto tempo, fez com que toda uma legião saísse da internet. De fato, é cedo demais para se explicar o que realmente levou a uma onda tão grande de manifestações no Brasil (por mais que a causa principal tenha sido a revogação do aumento da passagem dos transportes públicos), mas eu arriscaria nesse finalmente sentimento de descoberta de como se impor, o que já tentávamos

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