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Modularidade Da Mente

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Por:   •  5/6/2013  •  3.420 Palavras (14 Páginas)  •  603 Visualizações

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Forum de Ciência e Cultura – UFRJ 10/04/2002

Textos Seminais em Linguagem e Cognição Marcus Maia

Aula 6: A Modularidade da Mente

Fodor, Jerry A. (1983). The Modularity of Mind. The MIT Press, Cambridge, Mass.

I – Introdução

O livro é dividido em cinco capítulos e, na apresentação, o autor diz que se originou em um curso sobre Teorias da Cognicão que ele e o lingüista Noam Chomsky ofereceram em conjunto no MIT no outono de 1980. Ele agradece comentários ao manuscrito feitos pelo próprio Chomsky e a pessoas como Howard Gardner (The Mind’s New Science – ótima introducão às Ciências Cognitivas), Thomas Kuhn (ótimo livro sobre às revoluções científicas), Jaques Mehler, David Kaplan e outros.

II – As Faculdades Mentais

O autor abre o primeiro capítulo do livro afirmando que vai tratar da Psicologia das Faculdades Mentais, que é uma Psicologia vertical, oposta à visão generalista ou oceânica da mente, advogada, por exemplo, por Piaget. Essa Psicologia das Faculdades Mentais vê a mente como um complexo heterogêneo e, segundo o autor, se impressiona com as diferenças entre funções ou noções mentais como: sensação, percepção, volição, cognição, memória e linguagem. Faz, logo de saída a apresentação de um programa de pesquisa em que se distinguem o comportamento exterior, o comportamento observável, como sendo o efeito da interação dessas distintas faculdades.

De início, também, o autor adota o ponto de vista mentalista, afirmando: o comportamento está para a mente, assim como o efeito está para a causa. Ele também deixa claro desde logo que seu estudo se restringe à psicologia cognitiva, deixando de lado a psicologia das emoções e também a psicologia social. No primeiro capítulo o que ele faz, então, é apresentar quatro maneiras de responder as perguntas: Em que consiste a estrutura da mente? Como são organizadas as capacidades cognitivas? Ele alerta que essas quatro maneiras não são necessariamente exclusivas e que a visão que, finalmente, ele esposará, poderá vir a ser “shamelessly ecletic” (despudoradamente eclética).

1. Neo-cartesianismo: a estrutura da mente é vista como a estrutura do

conhecimento

Faz referência à doutrina de Descartes sobre as idéias inatas, mas “especialmente sob a tutela de Chomsky”: uma teoria sobre como a mente é intrinsicamente e geneticamente estruturada em faculdades mentais ou órgãos. Ele diz mesmo que, provavelmente, esta visão de ”órgãos”, não ortodoxa, seria reprovada por Descartes. Ele cita Chomsky, 1980, Regras e Representações: “A estrutura psicológica intrínsica é rica e diferenciada”, contrastando-a com todas as formas de Empirismo, que assumem “a homogeneidade e não diferenciamento do estado inicial, uniforme, através dos domínios cognitivos” . Esta presunção aproxima mesmo Skinner de Piaget, embora em muitos outros respeitos, estes afastem-se radicalmente. Chomsky utiliza analogias anatômicas (coração, asas, membros) para falar de estruturas mentais. Assim, pode-se falar da fculdade da linguagem, da faculdade dos números, por exemplo, como órgãos mentais, bem como o coração, o sistema visual, o sistema de coordenação motora. Segundo Chomsky, não haveria mesmo uma linha clara demarcando órgãos físicos, sistemas perceptuais, motores e faculdades cognitivas. Para todos esses órgãos, o crucial é que o desenvolvimento ontogenético é sempre um processo “intrinsicamente determinado”. Isso quer dizer que o organismo não aprende a “crescer os braços ou a atingir a puberdade”. Assim, também, não se aprende a linguagem de fora para dentro e, sim, ativam-se estruturas intrínsicas (efeito gatilho). Obviamente, para Chomsky, o que a criança nasce sabendo é um conjunto de princípios inatos, formais que estabelecem condições sobre o que é universalmente possível. E é esse conhecimento inato que interage com os “dados lingüísticos primários”. Outro aspecto importante do conhecimento intrínsico é que, segundo Chomsky, ele é computacional, ou seja, implica transformações sobre representações. Esquemas endógenos são calibrados em função dos dados primários, em um processo conhecido como fixação de parâmetros.

Outra característica do Neo-Cartesianismo é a referência a conteúdos proposicionais dos estados mentais que atuam dedutivamente: esse nativismo prototipicamente Cartesiano já se encontra em Platão, onde no Meno, Sócrates demonstra através de cuidadosa dialética que um menino escravo é capaz de responder questões de Geometria que nunca estudara. Deduções são extraídas de uma teoria universal dos números e das formas. A sua capacidade geral explica o seu comportamento específico, ou seja, sua competência explica seu desempenho.

2. Estrutura mental como arquitetura funcional: faculdades horizontais

Segundo o Neo-Cartesianismo, as faculdades mentais são individuadas por referência ao seu conteúdo proposicional. Assim, o órgão da linguagem é identificado em virtude da informação sobre universais lingüísticos que contém; a faculdade do número dispõe de proposições estruturadas sobre a teoria dos números e assim por diante. Em contraste, de acordo com essa segunda perspectiva uma faculdade é individuada por referência ao seu efeito. Assim, nesse sentido, a faculdade da linguagem é um mecanismo, provavelmente neurológico, capaz de mediar a assimilação e emprego de estruturas verbais. Trata-se aqui menos da ontologia das faculdades mentais do que de sua arquitetura funcional. Independentemente de sua natureza, de sua matéria, as faculdades, tais como atenção, memória, imaginação, linguagem, julgamento, consistem, cada qual, de uma espécie de algoritmo lógico, desempenhando uma função relativamente invariante e contribuindo de diferentes formas para os processos cognitivos. Por exemplo, compreender uma frase é um processo cognitivo que exige a interação da visão/audição (prosódia implícita), identificação lexical, computação da estrutura sintática, interpretação semântica e pragmática, conhecimento do mundo, etc. Vários módulos atuam e interagem no processo cognitivo. Há então uma arquitetura. No parsing, qual a arquitetura do sistema? Responder essa pergunta exige a concepção funcional, arquitetural, mais do que a Neo-Cartesiana.

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