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O Advogado Do Diabo

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Por:   •  28/3/2015  •  2.560 Palavras (11 Páginas)  •  832 Visualizações

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O Advogado do Diabo Leopoldo Heitor de Andrade Mendes, suspeito de ter matado a bela Dana de Teffé, ficou conhecido, por obra da mídia, como O Advogado do Diabo. Seu caso foi um dos mais rumorosos de todos os tempos no País. Em 28 de junho de 1961, o advogado Leopoldo levou Dana, sua cliente e amiga, de carro, para uma viagem a São Paulo, pela Via Dutra. Segundo a versão de Leopoldo, a moça estava em busca de emprego e tinha um encontro com diretores de uma multinacional interessada em contratá-la como representante na América Latina. O advogado pegou-a em Botafogo, no Rio de Janeiro, e, no Km 69 da Dutra, na subida da Serra das Araras, seu carro quebrou. Diz ele que desceu, abriu o capô e, então, foi assaltado. Deu e levou tiro. Os assaltantes teriam levado Dana, que desapareceu para sempre. Essa é apenas uma das muitas versões que o próprio Leopoldo apresentou durante as investigações que sofreu. A verdade sobre o que realmente ocorreu nunca veio a público. O crime praticado contra Dana de Teffé talvez não tenha tido raízes passionais. No entanto, o mistério que o envolve é tamanho que várias hipóteses são cabíveis, inclusive a de paixão. Leopoldo Heitor era um conquistador, Dana era muito bonita, estava separada do marido e era constantemente vista com Leopoldo. A versão de assalto não convence. Há quem diga que Leopoldo a

matou para ficar com seus bens e, então, seria latrocínio, mas talvez haja muito mais coisas nessa história. [pg. 45] De toda a forma, a tremenda repercussão que teve o caso e a possibilidade de que este tenha sido mais um crime passional justificam sua menção neste livro. O cadáver de Dana nunca foi encontrado. Leopoldo foi primeiramente denunciado por latrocínio, ocultação de cadáver, falsificação de documentos e apropriação indébita de bens que pertenciam a Dana. Chegou a ser condenado pelo Juiz da Vara Criminal do Rio, mas o julgamento foi anulado posteriormente. Esteve preso por nove anos e seis meses; fugiu várias vezes. Foi, então, submetido a três Júris e em todos foi absolvido. Nascido em Carangola, Minas Gerais, Leopoldo era filho de juiz e de dona-de-casa. Formou-se em Direito no Rio de Janeiro, em 1946. Chegou a ser repórter de O Jornal e diretor da agência Meridional, ambos dos Diários Associados, mas acabou firmando-se na advocacia. Iniciou a carreira no escritório de seu ex-professor na Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro) Oscar Stevenson. O escritório tinha como cliente, desde 1950, o diplomata Manuel de Teffé, filho do embaixador Oscar de Teffé e neto do Almirante Antônio Luiz von Hoonholtz, o Barão de Teffé, homem que descobriu a nascente do Rio Jari, na Amazônia, no final do século XIX. Dana Edita Fischerova, nascida na Checoslováquia em 4 de maio de 1921, já havia passado por quatro casamentos e tinha uma vida socialmente agitada quando conheceu Manuel de Teffé, cônsul brasileiro na cidade do México, no começo dos anos 1950. O primeiro marido de Dana havia sido um líder fascista italiano, que morreu assassinado no final da Segunda Guerra. Dana foi

presa, mas conseguiu fugir, mudando de identidade. Casou-se pela segunda vez em Madri e pela terceira no México. Manuel de Teffé foi seu quarto marido. Voltando Dana e Manuel do México, foram morar no Rio de Janeiro e ambos se tornaram clientes de Stevenson. Leopoldo também se aproximou e ficou amigo do casal. Era convidado para recepções na residência e acompanhava os dois em festas e jantares. [pg. 46] O casal Teffé se separou em 1960. Leopoldo, que na época já era bastante conhecido por ter atuado no “crime do Sacopã” (descrito no item 5 supra), continuou advogado de Dana. Leopoldo entrou no caso Sacopã logo no início, quando a autoria ainda não havia sido descoberta. Anunciou que apresentaria o criminoso em breve. Criou grande suspense e, quando apareceu, trazia não o autor, mas a testemunha ocular do crime. A imprensa, então, batizou-o de Advogado do Diabo. Em junho de 1961, já fora do caso Sacopã e casado, Leopoldo comprometeu-se a levar Dana de carro a São Paulo. A imprensa tratava Dana como milionária, mas a moça estava mais para socialite do que para rica. Não tinha muitos bens, embora freqüentasse as altas rodas sociais por ter amigos ricos. Usava jóias que lhe haviam sido presenteadas e possuía um apartamento na Praia do Botafogo, que lhe havia sido dado por Teffé, e outro em São Paulo. Depois da separação, começou a ter dificuldades financeiras e teve de trabalhar. Foi vendedora da Sears na capital paulista. No dia em que saiu de casa para viajar com Leopoldo Heitor, segundo ele mesmo, o plano era levá-la para um encontro com diretores de uma multinacional que tinha interesse em contratá-la. Dana desapareceu e nunca mais foi vista desde aquela data.

Leopoldo retornou sozinho da viagem fracassada e nada contou a ninguém. Não foi à Polícia, não comunicou aos amigos ou familiares nenhum fato relacionado com assalto ou com Dana. Consta que procurou apenas Stevenson e relatou o ocorrido, dando a versão de assalto. Dana era bem relacionada no Rio de Janeiro e, quando os amigos perguntavam sobre seu paradeiro, Leopoldo dizia que ela voltara a terra natal para rever os pais. Inventava telegramas e cartas que teria recebido dela, dando notícias e mandando lembranças. No começo, o colega Stevenson manteve silêncio sobre o caso, endossando a conduta de seu amigo e “filho espiritual”, Leopoldo. No entanto, em dado momento, ele desconfiou que Leopoldo estivesse tendo um caso com uma mulher por quem era profundamente apaixonado e resolveu falar. Por causa do suposto romance, o caso de Leopoldo Heitor, que havia sido mantido em segredo por quase [pg. 47] seis meses, em 12 de dezembro de 1961 veio a público. Stevenson contou o episódio ao Deputado Tenório Cavalcanti, alegando “drama de consciência”. Tenório, folclórico e agressivo deputado da Baixada Fluminense, não se conteve e trouxe o caso a público. Por essa época, a mulher de Leopoldo Heitor apareceu usando roupas e jóias de Dana! Descobriu-se, ainda, que uma das contas bancárias da moça havia sido movimentada depois de seu desaparecimento. Leopoldo foi preso em 4 de abril de 1962. Ficou treze dias sob os cuidados da Polícia, durante os quais confessou ter matado Dana de Teffé. Posteriormente, alegou ter sido forçado a confessar o crime e mudou sua versão várias vezes no transcorrer do inquérito e do processo criminal, voltando a alegar assalto na Via Dutra, embora sempre com informações contraditórias.

Em fevereiro de 1963, Leopoldo Heitor foi levado a julgamento por latrocínio e condenado a trinta e cinco anos pelo Juiz Ulysses Valadares, que entendeu haver “provas torrenciais” contra ele. O condenado recorreu e o Tribunal de Justiça do Rio acatou a tese de que o enquadramento jurídico correto do fato era homicídio qualificado

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