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O Enfermeiro

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Por:   •  8/11/2013  •  814 Palavras (4 Páginas)  •  312 Visualizações

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O Enfermeiro – Machado de Assis.

No caso do enfermeiro, é estranha a exigência de que seu relato só possa ser divulgado

depois de sua morte, tal condição, de início, aponta para um segredo ou algo que não se deva saber antes de sua morte. Mas ele está desenganado, se fixar a atenção no significante “desenganado”. Embora “desenganado” signifique um estado perto da morte, quando não há mais ilusões ou mentiras sobre o estado do narrador, o radical “engano” está presente. Ele está desenganado e não precisa mais enganar. O personagem confessa sua culpa, culpa de ter assassinado o doente que estava sob seus cuidados. Procópio mesmo se incrimina dizendo a verdade desde o inicio, quando descreve se como teólogo, corrigindo-se em seguida: “fiz-me teólogo, – quero dizer, copiava os estudos de teologia de um padre de Niterói, antigo companheiro de colégio, que assim me dava, delicadamente, casa, cama e mesa.” Observando como Procópio faz

sua apresentação na narrativa não há duvidas de suas palavras, apenas nota-se seu tom

defensivo, sua pressa em denegrir o paciente, estratégia necessária para quem vai contar

um crime. Mas o relato é de um crime? Houve mesmo um crime? Voltando ao relato, logo nos deparamos com a descrição do doente, o coronel Felisberto, necessitado de cuidados, por sua idade avançada e pela moléstia que o limitava, prendendo-o em casa, às vezes no quarto ou na cama. A descrição não é neutra, como se pode esperar de uma narrativa de primeira pessoa. Felisberto era de temperamento difícil, rabugento, “era homem insuportável estúrdio, exigente, ninguém o aturava”. Além de tudo, era mau, de mau caráter desde a infância, menino mimado de família rica. Por isso mesmo, por ser rico, dava-se o direito sádico de maltratar e humilhar os coitados que o serviam, quando deles mais precisava.

Relembrando a noite do acontecimento, “Acordei aos gritos do coronel, e levantei-me estremunhado. Ele que padecia delirar, continuou nos mesmos gritos, e acabou por lançar mão da moringa e arremessá-la contra mim. Não tive tempo de desviar-me; a moringa bateu-me na face esquerda, e tal foi a dor que não vi mais nada; atirei-me ao doente, pus-lhe as mãos ao pescoço, lutamos e esganei-o”. Quando voltou a consciência do que estava fazendo, recuou amedrontado e gritou por ajuda, tentou chama-lo a vida mas o aneurisma do mesmo arrebentara, assim causando a morte do Coronel Felisberto.

Entretanto, será mesmo que o enfermeiro matou o velho ou se defendeu do doente

tresloucado, vítima de demência senil? imagina-se o estado de espírito de Procópio em face dos despautérios do velho que o chamava de “burro, camelo, pedaço d’asno, idiota, moleirão”. E que acordara “estremunhado” com seus gritos naquela noite, o que faz pensar em susto e atos precipitados e involuntários. Os sentimentos do enfermeiro depois da ocorrência da morte apontam para medo de que o descobrissem e para a culpa que sentia. Entretanto, sabe-se hoje pela psicanálise que há culpa mesmo que não se concretize ato criminoso ou pecaminoso: a culpa pelo desejo destrutivo está lá na cabeça do pecador. Tempo depois do episodio do crime, continuou com a culpa pesando os seus dias,

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