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Por:   •  12/11/2019  •  Artigo  •  1.994 Palavras (8 Páginas)  •  133 Visualizações

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SCHWARCZ, Lilia Moritz. Uma amizade (im) possível: as aventuras de Pedro e Aukê no Brasil Colonial / Lilia Moritz Schwarcz: Ilustrações de Spacca. – 1ª ed. – São Paulo. Companhia das Letrinhas, 2014. 63p.

Uma amizade (im) possível de Lilia Moritz Schwarcz é uma história que nos remete ao período do Brasil Colonial identificado as características dadas entre contato dos portugueses e dos indígenas, contudo a inocência de quatro crianças Pedro e Ana, filhos de portugueses e Aukê e Irá, da tribo de Tupinambás (ambos irmãos). Um encontro capaz de transformam esse contato entre “estranhos” em uma amizade pura e compreensiva, com o “outro” dado de forma pacifica, mesmo sem que falassem a mesma linguagem.

O livro “Uma amizade (im) possível” possui oito momentos distintos, o que viabiliza um olhar de compreensão sobre as particularidades de cada um: o primeiro momento (A chegada) retrata sobre a imensa vontade do menino português Pedro de conhecer as terras brasilienses, tendo em vista tudo o que se ouvia falar em Portugal sobre ela, o segundo (Na praia contando golfinhos) mostra a visão do pequeno Aukê, menino indígena que habitava nessas terras mostrando a visão que este tinha dos que aportavam nas praias, o terceiro (O primeiro encontro) mostra como ocorreu o primeiro encontro de Pedro com o local ao desembarcar e o esbarramento com Aukê, o quarto momento mostra a formação de uma amizade que surge entre ambos sem o uso da linguagem oral, o quinto momento (Amizade sem palavras) o índio Aukê leva Pedro para conhecer seu povo, o sexto momento as irmãs de ambos os meninos também encontram-se unidas por um laco de amizade e partilham de suas culturas culinárias na caravela e o sexto momento (Na aldeia dos Tupinambás, o rito dos fortes) Aukê leva Pedro para conhecer seu povo e sua cultura, o sétimo (Receitas partilhadas), acredito ser o mais importante, irá unir ambos os lados pela compreensão de que mesmo sendo distintos é possível  se estabelecer uma relação de amizade e de respeito e o oitavo (Entre amigos) que irá mostrar que a aceitação do outro pode acontecer nos mais diversos grupos, e que os estereótipos rotulados nos indivíduos nem sempre condizem com a realidade, ate que se passe a conhece-lo.  O mais interessante dessa história é que tudo acontece sem que eles troquem uma palavra em comum.

A chegada: O livro iniciasse mostrando as dificuldades que eram enfrentadas durante a trajetória de navio para o Brasil no ano de 1561, dentro do contexto das Capitanias Hereditárias, relatadas por Pedro, filho de dom Felipe de Almeida Brandão que acabara de ganhar uma sesmaria na colônia portuguesa. Pedro durante sua viagem escreve sobre essas tais dificuldades (escarces de alimentos e fortes ondas), contudo o que mais chama a atenção reflete na imagem pré-definida que ele apresenta sobre a terra do Brasil e de seus habitantes, uma visão moldada por um ideário português que já caracteriza-os de ameríndios e ausentes de pele de cor branca. Pedro repete algumas vezes em caderno de bordo a frase “ouvi dizer” acerca das caraterísticas dos que habitavam as terras brasilienses, povos por ele chamados de “gente estranha”, devido a caráter qualificador que impõe a idealização de que apenas os padrões europeus são os corretos e os únicos que deveriam prevalecer em uma sociedade. Assim, Pedro já vem para as terras do Brasil com uma visão ideológica que lhe foi dada acerca dos povos que ali habitavam, de que eram bravos guerreiros, que eram feiticeiros e que alguns realizavam a prática do canibalismo, pois como ele mesmo comenta “muita história e muita lenda existe sobre essa gente estranha” (Schwarcz, 2014, p.9).

É perceptível a questão do território não ter uma denominação, pois, Pedro relata que ela possuía nomes diferentes “para alguns é terra de Santa Cruz... para outro é Brasil”, como podemos identificar em no texto de Stuart B. Schwatz - “Gente da terra brasiliense da nasção”. Pensando o Brasil: a construção de um povo.

“A questão da definição do território de seus habitantes surgiu durante o século XVI, ao adotar-se o nome de Brasil para a nova conquista. A designação original, e pia, com a qual Cabral batizara o novo litoral, Terra de Santa Cruz..., descritiva de “terra de papagaios” e com designação dada pelos marinheiros, a “terra dos lençóis” em reconhecimento aos longos trechos de praias de areia, do convés dos navios, pareciam a distancia como lençóis”. (Schwatz, 2000, p. 106).

Na praia contando golfinhos: neste momento a autora relata uma visão oposta, agora sobre como os índios, Kauê, via a figura dos portugueses ali. É um enxergar sem compreender, pois para ambos era um estranhamento capaz de provocar um medo reciproco. Ele retrata a pratica do cultivo de cana-de-açúcar, o processo de fabricação e de exportação, pratica que alimentava a economia portuguesa como relata Schwartz, “Gente da terra brasiliense da nasção”.

“... no final do século XVI, o açúcar dava a colônia um traço característico, e as exigências desse cultivo haviam estabelecido uma base econômica e social diferente para a colônia.” (Schwartz, 2000, p. 107)

Na narrativa é possível identificar que os portugueses que ali se estabeleceram tentaram fazer com que os ameríndios trabalhassem para eles como se fossem “inimigos” e que, ao invés de voltarem para suas terras resolveram ficar no Brasil e “colonizá-lo” escravizando os povos indígenas, dos quais muitos morreram de cansaço, de bixiga ou até mesmo de resfriado. Tal fator, podemos encontrar na leitura de Alencastro, Tratado do Viventes: Índios, escravos da terra:

“Mal alimentados, expostos ao trabalho forçado num ambiente epidemiológico que lhes era particularmente hostil, os índios aldeados pereciam em grande numero..., o choque microbiano diminuía a resistência armada indígena ao contato do europeu.” (Alencastro, 2000).

O primeiro encontro: neste momento, após aportarem Pedro se encanta com a paisagem que é totalmente diferente da europeia, enquanto os demais tripulantes, juntamente com seu pai, desembarcam as peças que serão utilizadas no engenho de cana-de-açucar. Cria amizade imediata com um papagaio e ao avista Aukê pede ao pai que o permita conversar com ele, contudo já cria-se uma suposição de que devido a cor da pele poderia estar com varíola, mas isso não o assustou, pelo contrario, Pedro ansiava conhecer o outro, criar laços de amizade, trazer o “outro” para perto de si e reciprocamente conviver em paz.

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