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PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS CIDADES, O AVANÇO DAS FORMAS DE SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL E A MARGINALIZAÇÃO URBANA IMPOSTA À PARTE DA POPULAÇÃO.

Por:   •  12/11/2018  •  Artigo  •  1.787 Palavras (8 Páginas)  •  301 Visualizações

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS CIDADES, O AVANÇO DAS FORMAS DE SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL E A MARGINALIZAÇÃO URBANA IMPOSTA À PARTE DA POPULAÇÃO.

GABRYELLA FREITAS SOARES DE FARIA[1]

RESUMO

Este artigo tem por finalidade argumentar o processo de formação das cidades, o avanço das formas de segregação socioespacial e a marginalização urbana imposta à parte da população através da análise do surgimento e formação das cidades juntamente com os fenômenos de industrialização e crescimento demográfico. Trata-se de como a expansão urbana afastou dos centros urbanos a população menos favorecida e a consequência disso, o surgimento das periferias. A segregação socioespacial é um assunto amplamente citado, devido ao surgimento do capitalismo e como esse fator afetou a vida dos trabalhadores. Ao fim, cita-se como deveria ser a cidade que desejamos e como a democracia e a participação social é importante para esse resultado, mas é necessário a união e ação das políticas e poderes públicos. Os cidadãos sem representatividade junto ao poder público, continuam vivendo sem os direitos básicos de moradia. É preciso unir forças para se conquistar a democratização deste direito à cidade.

Palavras-chave: Cidade. Segregação socioespacial. Capitalismo. Periferia. Centros Urbanos.

INTRODUÇÃO

        

Ao analisar o processo de formação das cidades, podemos mencionar que muitas cidades surgiram há milhares de anos, pois elas nascem no momento em que um determinado número de pessoas se instala numa certa região. A partir do período em que a cidade se estrutura juntamente com os fenômenos de industrialização e crescimento demográfico, denomina-se o processo de urbanização.

        Segundo Harvey (2012), desde o início, as cidades emergiram da concentração social e geográfica do produto excedente, mas o excedente precisa ser extraído de alguém ou de algum lugar, e o problema está em sua distribuição, que ocorre de forma desigual repousando em poucas mãos. Ao mesmo tempo, costumamos conceituar urbanização quando ocorre o aumento da população urbana (cidade) em relação à população rural (campo), isso desde a Revolução Industrial, porém a cidade continua dependente do campo, pois o campo consegue fornecer alimentos e matérias-primas à cidade enquanto ela abastece o campo de produtos industrializados e tecnologia.

        O processo de industrialização conseguiu gerar muitos empregos aos profissionais qualificados, ao mesmo tempo que expandiu a classe média e o nível de consumo urbano, com isso as transformações no estilo e na qualidade de vida durante as expansões urbanas foram radicais.

        A cidade passou a ser mercadoria, as moradias dos trabalhadores, que muitas vezes se encontravam no centro pela proximidade ao local de trabalho, foram demolidas e substituídas por outras de valor progressivo artificial, como lojas, edifícios, etc. O centro, no pensamento capitalista, deveria ser um local valorizado e com toda infraestrutura urbana à disposição dos mais favorecidos. Nesse contexto, a cidade necessitou expandir seus limites, gerando bairros, subúrbios e periferias. (BARDINE, [2008])

        Com a valorização dos centros urbanos, espaço construído pelos primeiros trabalhadores chegados ao local, o efeito foi afastar estes menos favorecidos para as periferias, deixando-os sem infraestrutura urbana para viver. E com o decorrer do tempo, surgiram periferias das periferias, pois a expansão da cidade foi aumentando e esses indivíduos foram afastados cada vez mais do centro, ou seja, a cidade ia se tornando ainda mais a cidade do capital, desigual e opressora. (HARVEY, 2012)

  1. Capitalismo e a Cidade

O processo de produção capitalista do espaço urbano traz à tona um traço marcante que é a segregação urbana, resultado desse processo. De acordo com Harvey (2012), no sistema capitalista, a urbanização depende diretamente da mobilização do excedente, onde os capitalistas têm de produzir excedente para obter mais-valia; esta, por sua vez, deve ser reinvestida a fim de ampliar a mais-valia.

        A indústria nasce nessa vontade de subsidiar a economia agroexportadora, mas há a necessidade de encontrar terreno lucrativo onde o trabalho é escasso e o salário é alto. A partir de então, uma nova força de trabalho foi encontrada através da migração do campo para a cidade. Nesse momento, surgem os núcleos urbanos, como as vilas operárias ligadas as fábricas.

Os trabalhadores citados, não possuíam meios para sua sobrevivência e como forma de utilizar a cidade para se consolidarem, acabaram se tornando assalariados e moradores das áreas periféricas, onde o acesso aos serviços coletivos e equipamentos é desigual. (TEIXEIRA; RIBEIRO, 2016)

Neste sentido, é possível discutir temas relativos à dimensão urbana desta segregação, atentando para o atual estágio de desenvolvimento do sistema capitalista, a globalização, onde o espaço como um todo continua sendo visto como mercadoria.

  1. Segregação e Local de Moradia das Classes Pobres        

Muitos fatores acarretaram um estado de desequilíbrio nas cidades devido a velocidade e a generalização da urbanização, pelo fato de sobrecarregar as redes de serviços públicos, a economia de produção, distribuição e consumo.

Conforme DEÁK e SCHIFFER (1999), atualmente quase metade da população mundial vive em cidades sob expectativa de aumentar essa tendência. Porém essa concentração de pessoas em centros urbanos interfere na qualidade de vida, porque no Brasil, os grandes centros convivem com uma série de problemas, como os engarrafamentos quilométricos, geradores de fumaça e ruídos, a volumosa produção de lixo, a carência de áreas verdes e a especulação imobiliária.

Um dos maiores fatores de segregação socioespacial é a especulação imobiliária, pois o poder público é quem poderia evitar uma fragmentação urbana, mas ao invés de buscar manter certa homogeneidade entre os espaços da cidade, ele faz o contrário, determinando quais espaços da cidade terão melhores condições de infraestrutura. Não há uma atuação efetiva do Estado brasileiro por meio de políticas públicas, que de fato interfiram no urbano, ao ponto de modificar o cenário atual.

A questão da moradia é um exemplo, sendo uma questão histórica que está longe de ser resolvida. As cidades estão cada vez mais nas mãos de especuladores imobiliários que organizam o espaço urbano de acordo com a lei do mercado, com a cidade sendo concebida tendo as exigências do mercado como diretrizes.

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