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O Centro da Cidade do Salvador: Estudo de Geografia Urbana

Por:   •  9/5/2023  •  Resenha  •  1.265 Palavras (6 Páginas)  •  77 Visualizações

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ANÁLISE DO LIVRO

Santos, Milton. O Centro da Cidade do Salvador: Estudo de Geografia Urbana 1 Milton Santos. - 2. ed. - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Salvador: Edufba, 2008. 208 p.

O livro traz uma abordagem do então prof. Milton Santos, catedrático de Geografia Humana da Faculdade Católica de Salvador e Diretor do Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais da Universidade Federal da Bahia, sobre o desenvolvimento econômico e social da velha cidade de Salvador, até a primeira metade do século XX. Para o autor, Salvador, a primeira cidade fundada no Brasil e também sua primeira capital, ocupou por 3 séculos o primeiro lugar entre os grandes centros urbanos do país, devido não somente a fatores históricos, mas também à sua excelente posição geográfica. Com seu sitio, dos mais apropriados para o desenvolvimento de um grande centro urbano, bem como seu casario colonial, onde se destacam dezenas de igrejas e conventos, e os sobrados do século passado; uma população constituída de tipos diversos, com habitos e costumes diferentes, contrastando com o que em geral se costuma ver em outras importantes cidades brasileiras; Salvador tem papel histórico de primeiro centro político-administrativo do Brasil e responsável pelo povoamento de vasta área do seu território. Santos traz em seu texto um estudo mais aprofundado sobre a geografia urbana de Salvador, quando fazia um estágio na Universidade de Strasbourg, onde deveria escrever uma tese sobre geografia urbana. Diante do curto tempo que dispunha para tal, o autor não poderia abordar todos os aspectos geográficos de uma capital de mais de meio milhão de habitantes, optando pelo estudo em profundidade apenas do centro da cidade do Salvador, como o próprio título o diz.

Assim, após uma introdução, em que procura caracterizar o que se deve entender por centro de uma cidade, o autor desenvolve quatro capítulos que compõem a tese, perfeitamente encadeados e dentro dos preceitos metodológicos da geografia científica. No primeiro capítulo, Formação da Cidade e Evolução da Região, os problemas da localização, isto é, do sítio e de sua posição, bem como os do crescimento da cidade, são focalizados através das páginas mais extensas do trabalho. Ali o autor mostra a escolha do sítio, mais adiante o aparecimento da influência regional de Salvador, com a transformação de cidade fortaleza em capital política e econômica do Recôncavo baiano, para chegar depois a impor sua influência a todo o sertão, até a organização do espaço regional. Após mostrar a grande importância que teve o fator geográfico posição para o crescimento económico demográfico da cidade, principalmente pela ampliação do porto do período colonial, durante o século XIX (quando a zona de influência de Salvador ia aos confins do Piauí, às terras de Goiás, ao norte de Minas, ao sertão pernambucano, ao vale do Cariri, no Ceará), o professor Milton Santos explica o amortecimento demográfico da velha “urbs” a partir de fins do século XIX e continuado até por volta de 1940. Quando diz que “a presença de grandes espaços vazios, “provocados pelos aterros do porto, constitui também uma explicação para a persistência de estruturas antigas na Cidade Baixa. Na Cidade Alta, os regulamentos de proteção aos aspectos históricos exercem, indiretamente, um papel na conservação do quadro. Mas estes são fatores particulares que se acrescentam a outras causas mais gerais de degradação dos velhos bairros.” (pág. 30). Constituindo assim “uma Cidade Baixa, próxima ao porto, construída pelo homem na proporção do desenvolvimento do papel portuário e comercial da cidade, e onde se abriga o comércio grossista e de papéis.” (pág. 30)

 

À primeira vista, parecia um contrassenso o marasmo em que a cidade, capital do estado, que “Na segunda metade do século XIX, (...) está na vanguarda quanto ao desenvolvimento ferroviário do Brasil” (pág. 44), mergulhou por meio século, e justamente no momento em que o urbanismo se delineava com grandes promessas, em várias regiões brasileiras, não só nas regiões cafeeiras, então em pleno apogeu; Recife, Belém, Fortaleza, Porto Alegre são exemplos de centros urbanos que cresceram vertiginosamente naquele período de estagnação da velha capital baiana. Para o autor, as causas de tal fenômeno, porém, são várias e estão todas enumeradas e explicadas no livro em detalhes. A abolição da escravatura, os métodos ainda rotineiros da agricultura no Recôncavo, especialmente a da cana; a transferência da hegemonia económica e política para o Brasil de Sudeste, onde o café definia os rumos políticos e econômicos, lançando as bases da industrialização; e, finalmente, o desenvolvimento da zona cacaueira do sul baiano, para onde se dirigiriam as correntes migratórias do sertão, ao invés de procurarem, como antes, a capital, são os fatores enumerados pelo autor, para mostrar o porquê da queda de Salvador nos primeiros 50 anos do século XX. Ela, que fora a segunda cidade brasileira até 1890 e que, até 1900, tivera sua população sempre em crescendo rápido, a partir de então, entra em um crescimento retardado, contando apenas com 290.000 habitantes em 1940. A primeira cidade brasileira no tempo de D. João VI vai então para o 4° lugar, ultrapassada que foi por São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Este período de crise como que desapareceu para Salvador na década de 1950, conforme mostra o autor, quando fala do crescimento da cidade neste período, devido, entre outras causas, a um êxodo rural sempre crescente. Entretanto, esse crescimento fez desaparecer a crise demográfica, mas determinou o aparecimento de problemas sociais e económicos muito sérios, entre os quais os de moradia, transporte, alimentação e emprego, a medida que as várias funções da cidade e, particularmente, os serviços públicos não puderam acompanhar o crescimento da população, que começa a ocupar bolsões periféricos da cidade e a atuar em funções de subemprego, trabalhando principalmente como empregados domésticos das classes mais abastadas.

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