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RELEITURA DO BALÉ TRIÁDICO DA BAUHAUS COM FOCO NA INVESTIGAÇÃO DA ROUPA-FIGURINO COMO MEIO COMUNICATIVO

Por:   •  25/7/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.449 Palavras (6 Páginas)  •  287 Visualizações

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RELEITURA DO BALÉ TRIÁDICO DA BAUHAUS COM FOCO NA INVESTIGAÇÃO DA ROUPA-FIGURINO COMO MEIO COMUNICATIVO

Marques, Luna; Graduanda; Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, lunams08@hotmail.com

Introdução

A presente pesquisa vem sendo desenvolvida ao longo do processo de elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso de Design de Moda e tem como proposta de análise o Ballet Triádico da Bauhaus (1919-1933) de Oskar Schlemmer, através do estudo e releitura da obra. A escola alemã considerada pioneira na formação em Design Industrial no mundo foi fundada por Walter Gropius em 1919, em Weimar, e reuniu grandes artistas, entre eles, Wassily Kandisky, Lyonel Feininger, Johannes Itten, Paul Klee e Oskar Schlemmer.

Oskar Schlemmer, professor e ideólogo da Bauhaus, dedicou-se intensamente no desenvolvimento desse trabalho. O Ballet Triádico se resume como marco no estudo do movimento do corpo humano no espaço através da dança. A releitura do Ballet trás um novo projeto, após 100 anos de Bauhaus, dos figurinos e da dança idealizados por Schlemmer. Com um olhar contemporâneo, nota-se um novo método de criação das peças resultando em uma pequena experimentação de dança. O objetivo é provar a roupa como um recurso dramatúrgico, como um meio de comunicação do corpo com o ambiente, como uma extensão do próprio corpo.

Conceitos

Neste projeto será analisado o Ballet Triádico da Bauhaus de Oskar Schlemmer (1922) com foco no figurino, visando detectar a roupa-figurino como meio comunicativo ligada a movimentos corporais. Como proposta, pressupõe a roupa-figurino como um recurso dramatúrgico, a qual dialoga com o corpo dando nexo ao fluxo de informações trocadas com o ambiente em que se encontra.

Para isso, será usado o método da releitura da obra com a desconstrução e reconstrução dos figurinos propostos por Oskar Schlemmer em 1922, através de um novo olhar, que resultar-se-á em pequenas experimentações de movimentos de dança ligados à roupa.

Para tal, o estudo do significado de “meio comunicativo” é de relevância, visando apontar a roupa-figurino como parte de processos de mediação entre corpo e mundo. Pois, a arqueologia dos saberes da comunicação não pode ser restrita aos “objetos da comunicação”, aos chamados “meios de comunicação”, mas nasce fundamentalmente dos processos de mediação (ações pensantes), entre o corpo e o mundo, estabelecendo uma rede complexa de relações (GREINER, CHRISTINE, 2006).

Uma análise do movimento corporal como fundamento da comunicação (GREINER, CHRISTINE, 2006) nos aproxima da questão corpo-movimento-comunicação. Sheets-Johnstone (1990, The phenomenology of dance) explica que para analisar a consciência e o corpo como uma espécie de “plataforma semântica”, é fundamental partir dos estudos do movimento. O corpo vivo se constrói como uma espécie de modelo semântico e este modelo emerge sempre da ação.

Assim, a roupa-figurino poderá relacionar-se com as dramaturgias do corpo, visto que dramaturgia é uma espécie de nexo de sentidos que ata ou dá coerência ao fluxo incessante de informações entre o corpo e o ambiente; o modo como ele se organiza em tempo e espaço é também o modo como as imagens do corpo se constroem no trânsito entre o dentro (imagens que não se vê, imagens pensamentos) e o fora (imagens implementadas em ações) do corpo organizando-se como processos latentes de comunicação (GREINER, CHRISTINE, 2006).

A comunicação de corpo e mundo se dá a partir da construção e da organização de informações, que se resume na mediação inteligente dos signos, ou seja, no modo como as imagens do corpo se constroem no trânsito entre o dentro (imagens que não se vê, imagens pensantes) e o fora (imagens ações) do corpo. A dramaturgia do corpo é um modo de comunicação informativa, de comunicação coerente, a partir de imagens corporais cria-se um vocabulário não-verbal.

Portanto, a roupa-figurino pode ser entendia como um dispositivo para abrir uma relação com o corpo e dialogar com ele, criando imagens pensamentos e imagens ações. Considerando a roupa-figurino como uma estrutura física que a partir do contato com o corpo, criam-se padrões neurais (imagens internas) que mapeiam a interação do organismo com o objeto. A partir desse mapeamento, cria-se uma comunicação não-verbal, na qual corpo-roupa-movimento comunica algo com o mundo. A roupa fala, aqui, o que o corpo quer falar. A dramaturgia do corpo começa a dar coerência ao fluxo incessante de informações. Assim, podemos falar também dessa roupa como imagens implementadas em ações, que adentram o cérebro criando um registro imagético que são transformados em informações, aqui o corpo entende o que a roupa comunica.

Podemos entender, então, a roupa-figurino como um recurso dramatúrgico, e este, por sua vez, como um signo que invoca um nexo entre práticas , coisas e as inúmeras possibilidades de relações entre elas.

Ballet Triádico da Bauhaus

Oskar Shlemmer trabalhava nesta peça desde 1914 e estreou-a em Estugarda, em 1922. Não era uma peça de ballet no sentido convencional, mas uma combinação de dança, vestuário, pantomina e música; os bailarinos estavam vestidos como figurinos (DROSTE, MAGDALENA, 2013).

Era uma dança de três atos composto por uma sequência de três danças, oscilando do cômico ao sério. Desenvolvia-se, assim, a dança da tríade, a qual resumia-se em uma composição sinfônica de doze cenas de dança, cada uma envolvendo um, dois ou três bailarinos.

O primeiro ato era representado pelo amarelo-lima apresentando o burlesco alegre. O segundo ato, representado pelo cor-de-rosa, resumia-se em uma atmosfera dignificada, séria e solene. Por fim, o terceiro ato era representado pelo negro, uma esfera mítico-heroica, fantástica. As cores nas cenas representam os temperamentos humanos.

Schlemmer, partia das relações primordiais da natureza, transformando a anatomia do corpo por meio dos figurinos, alterando seu volume, peso e espacialidade, limitando assim seus movimentos e levando-os a repensar sua movimentação, seu estar em relação ao espaço.

Por meio da reconfiguração do corpo, o autor aproxima-se de discussões inerentes ao seu contexto, caracterizado pela mecanização. Oskar Schlemmer via a máquina como limitante das ações e criações do homem. Assim, produzia-se uma performance mecânica através da transformação dos bailarinos em qualidades de objetos.

Além da mecanização, propunha uma relação entre o corpo e a materialidade que se impõe a ele. Assim, o corpo não só adapta-se, mas também cria um diálogo com a estrutura imposta, reconfigurando-se e por fim, alterando suas possibilidades de movimentação.

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