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RESENHA - A CRISE DOS PARADIGMAS E A EDUCAÇÃO

Por:   •  31/5/2019  •  Resenha  •  2.745 Palavras (11 Páginas)  •  529 Visualizações

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RESENHA

BRANDÃO, Zaia (Org.). A crise dos paradigmas e a educação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2010. 109 p.

Rubens Castro Peixoto Junior[1]

        Inspirado no seminário realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), nos idos de 1993, onde a proposta de trabalho estava centrada no conceito de verdade científica a partir dos conceitos de causalidade e determinação para que fossem analisadas as crises dos paradigmas educacionais. Pode-se dizer que a proposta do seminário incorporada ao longo do livro, contempla diferentes abordagens de seis professores convidados. Pode-se ainda identificar uma construção final com os desdobramentos dos debates realizados e, especialmente nessa edição, uma preocupação de promover uma atualização da própria apresentação da obra 17 anos depois, destacando Thomas Kuhn ao reafirmar a ciência como lugar de constante superação de paradigmas, reconhecendo que no período da primeira edição do livro a matéria reverberava pouco, sendo o atual embate teórico uma possibilidade clara de indagação e constante investigação pelos educadores.

        No primeiro artigo, intitulado “A crise de paradigmas e o surgimento da modernidade”, Danilo Marcondes apresenta um rol de possibilidades para se definir o termo paradigma, tendo como moldura o processamento de dados que representava o conhecimento científico.

        Ao enveredar pela própria História da Ciência, observou que as mutações da interelação sujeito-objeto seriam decisivas para o entendimento do sentido dado ao conhecimento científico e que, a hegemonia em termos teóricos está intimamente ligada a crise paradigmática da modernidade.

        De fato, há um vasto levantamento histórico realizado, com a apresentação de pensamentos hegemônicos desde as ideias clássicas de caráter normativo até as contemporâneas defendidas por Thomas Khun e em meio a elas o paradigma estabelecido em um determinado momento.

Vários autores são trazidos à discussão, inclusive Descartes (Século XVII) com a singular do “eu pensante”, ou seja, de um indivíduo dotado de uma racionalidade, argumento da modernidade para construção e justificação do conhecimento, conferindo centralidade ao sujeito. No Século XVIII, houve uma crise do próprio paradigma subjetivista por conta do grau de certeza apresentado no momento cartesiano. Mesmo assim, tal ruptura tem como novo marco temporal no final do Século XIX, onde a postulação crítica hegeliana ao corolário kantiano traduz-se em um discurso dialético, servindo de precursor para o conceito de intersubjetividade habermasiano interpretado como “agir comunicativo” onde a interação com o mundo, a linguagem e as mais variadas ações recíprocas são o extrato do reconhecimento da consciência entre os integrantes do corpo social.

        Para Marcondes, a encruzilhada entre a superação e a radicalização de uma crise são as lições reflexivas que orientam o desenvolvimento de ações científicas, políticas, éticas, pedagógicas entre outras. Torna-se necessário o reconhecimento da importância do paradigma como terra fértil a novas discussões e estabelecimento de novos marcos, sob o condão de instalação de “um novo contexto de normalidade”.        

        O segundo texto, batizado “A crise dos paradigmas e a crise do conceito de paradigma” tem em Carlos Alberto Plastino um escavador, que amplia a fenda da discussão teórica sobre a “crise do conceito de paradigma” estabelecendo uma linha de trabalho onde parte da ciência moderna, que tinha a Física como disciplina de referência, em face de um conjunto de leis naturais que eram o alvo das teorizações a partir de conhecimentos parciais sobre os fenômenos observados, algo que posteriormente foi superado por uma visão diferenciada de verdade, atrelada a uma ética científica.

        As Ciências Sociais ganham lastro para o aprofundamento teórico realizado com fixação de dois pilares paradigmáticos: o liberal e o marxista. Apesar das diferenças conceituais entre os mesmos, de pronto, fica a certeza de que a racionalidade deve ser construída com base nas validações éticas promovidas.

        Não se pode deixar de assinalar que logo na segunda folha de seu ensaio, Plastino incorre em um equívoco ao utilizar o termo evolução quando faz menção a teoria de Khun, tendo em vista que o vernáculo transformação é mormente aquele que representa a teorização própria do mesmo.

        Marca a especialização como dado de separação das disciplinas científicas tendo Khun em estudo e uma proposta global para as pesquisas. Permanência e mudança estão de lados opostos para fins de avaliação de um determinado paradigma e a Física como modelo analítico traduziu uma série de facilidades para um enquadramento em um modelo científico.

        Com efeito, Plastino evoca a necessidade de serem inseridos no presente tabuleiro tempo, história e sujeito, para fins de ocupação das funções de atores/construtores de um cenário de crise do paradigma e do conceito ligado ao mesmo, tendo como orientações os dados jogados pela Física em termos de cientificidade, a própria natureza humana, o pensamento liberal nos vieses econômico e político, além de um embate com a teoria marxista na medida em que causa e consequência não podem ser estudadas apartadas das relações sociais e suas categorias de análise como a classe (tomada de consciência de cada indivíduo) – sistema social.

        Fracasso na Organização social como um ponto de inflexão para as Ciências Sociais, efeitos perversos do capitalismo são um retrato do próprio imaginário social onde, a cogitação da substituição de um determinado modelo é, de fato, uma crise paradigmática, onde estão emparedados: o conceito de paradigma, o conceito de crise dos paradigmas e os critérios de financiamento para as mais variadas áreas das ciências (Exatas X Naturais).

        No terceiro artigo, “A crise dos paradigmas em Educação na óptica da Psicologia”, Maria Apparecida C. Mammede-Neves constrói um argumento onde a Psicologia vem a ser a grande lente para analisar a decantada ausência de referências no ramo do conhecimento, sendo que tal visão expõe uma problemática envolvendo a verdade e um provisório sentimento de segurança com a própria possibilidade de alteração dessa verdade em um dado momento.

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