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Resenha De Artigo Sobre A Crise Na Paisagem Sonora

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Por:   •  29/11/2014  •  1.437 Palavras (6 Páginas)  •  1.177 Visualizações

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O sentido do trágico na paisagem sonora do mundo urbano contemporâneo (Ana Luiza Carvalho da Rocha, Viviane Vedana e Priscila Farfan Barroso. 11 Páginas. Trabalho apresentado na 26ª Reunião Brasileira de Antropologia - Bahia, Brasil) é um artigo que nos convida a reflexão de como a individualidade do mundo contemporâneo e todas as suas consequências podem vir a influenciar e alterar os hábitos da sociedade e, por conseguinte, a paisagem sonora.

Na introdução do trabalho, as autoras fazem um breve apanhado do que se trata o termo "paisagem sonora", explicando-nos que todos os sons, ruídos e silêncio que estão presentes em um determinado local, compõem a sua respectiva paisagem sonora. Depois, avançam em direção ao real foco do artigo, pontuando que a paisagem sonora, atualmente, tem sido apontada como a vilã causadora do stress, irritação e desgaste físico e mental dos habitantes. Entretanto, deve-se ressaltar que essa paisagem sofreu grandes mudanças advindas do crescimento urbano e industrial e novas tecnologias, sendo nesse sentido que ela faz parte do estudo sobre o fenômeno da tragédia da cultura de G. Simmel, no fim do séc. XIX.

A abordagem nos mostra que podemos identificar as práticas sociais e a composição da vida urbana mediante os sons, uma vez que esses são reflexos de hábitos e atitudes socias. Os sons não mais se limitam a ecos da natureza e passam a revelar o rituais cotidianos, expressões religiosas, etc. Para o autor Schafer (2001) citado no artigo, a paisagem sonora urbana atual está poluída devido ao aumento de obras da cultura que geram máquinas e tecnologias que, por sua vez, produzem ruídos (não informativos). Fato que lhe levou a concepção de um projeto de "despoluição" da mesma.

O estudo das sonoridades urbanas nos auxilia na compreensão da cultura de um povo, que acompanha as transformações da vida social nas grandes metrópoles. Portanto, se a paisagem sonora enfrenta uma crise, podemos inferir que é consequência, então, de uma crise instalada no modo de vida dos cidadãos. Para investigar mais profundamente esse tema, as estudantes fizeram uso de três pesquisas etnográficas.

Começando com a pesquisa realizada entre religiosos de matriz africana, do Batuque do Rio Grande do Sul em 2007. Foram entrevistados 7 participantes do grupo sobre o assentamento de orixá que existe no Mercado Público de Porto Alegre e os impactos do "controle de sociabilidades" provenientes do sistema de regras imposto pelo poder público nos costumes desse grupo. Nessa religião, para estabelecer a conexão com o mundo das entidades divinas e seu orixá, os integrantes fazem uso de danças, cantos e batuques (o que faz do tambor, objeto sagrado). Para os seus adeptos, este contexto é de suma importância, uma vez que ele é o responsável pela movimentação das energias necessárias para encontrar os orixás, é uma celebração. Porém, como parte fundamental desse costume está o meio no qual ele acontece: o meio natural, ou seja, o Batuque precisa do solo e do ar para se propagar. Então, uma questão fica claramente em evidência: como conciliar os movimentos em alto e bom som dessas celebrações com uma sociedade que nem sempre aprova esses rituais? Daí começam a surgir as repressões que vêm por meio de controle da sonoridade.

Com o passar do tempo, esses grupos começaram, então, a se "esconder" e realizar os ritos à noite e em locais escondidos, longe do meio urbano. Entretanto, com o crescimento da cidade, as zonas dantes inóspitas passam a ser povoadas, tornam-se bairros residenciais e mais uma vez, trazem consigo as represálias sonoras. De um lado, se dá a expressão cultural de um grupo e do outro, uma sociedade que não compartilha dos mesmo valores, o que nos leva a refletir sobre a política e disputas de uso do espaço público e formas de sociabilidade.

O segundo caso, é uma pesquisa também etnográfica feita no Mercadão do Produtor, que ocorre aos sábados no Largo Zumbi dos Palmares. O bairro no qual está localizado é predominantemente residencial e com comércio de pequeno porte, como armazéns e bares, e é habitado em sua maioria por estudantes e famílias de classe média. A partir do ano de 2006, o sítio onde a feira-livre acontece passou a ser ameaçado, com a implantação do projeto Portais da Cidade, que prevê a inserção de diversos terminais em algumas regiões da metrópole. O que implica diretamente na quebra das redes de sociabilidade que já existem no mercado de rua.

Reconhece-se que um mercado não passa despercebido com relação a sua sonoridade. Desde as 5h da manhã, feirantes chegam para montar barracas. Sons de tábuas, caixas e motores de caminhão tomam conta da paisagem sonora de um sábado de feira. É correto afirmar, portanto, que esses sons (dos feirantes, das conversas e micro-eventos) compõem a paisagem sonora daquele bairro aos sábados. Contudo, é exatamente nesse ponto em que se atinge o conflito, pois com a modernização da cidade, essa ambiência de feira não mais se encaixa no meio de arranha-céus e luxuosos hotéis que tomam conta da região - ao contrário do sugerido terminal de ônibus que, por sua vez, viria totalmente a calhar com a atual situação.

O projeto não tem o aval da sociedade, que já fez alguns abaixo assinados e reivindicações a fim de impedir a remoção da feira

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