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Relação Filme Minhas tardes com Marguerite e Winnicot

Por:   •  7/7/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.136 Palavras (5 Páginas)  •  160 Visualizações

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[pic 1]               Universidade de Uberaba

Alunos: Aline Pacheco, Kelly Lacerda e Lucas Costa - Professora: Cíntia Gomide Tosta - Curso: Psicologia - 2º Período - Noturno - Desenvolvimento Humano e Linhas de Cuidado I

Germain e Margueritte: Encontros e fases de uma vida

Germain é um homem já de meia idade, mas carrega consigo a inocência de uma criança. Sua relação com a mãe é tumultuada e sempre foi assim, desde a sua infância, onde sua mãe engravidou de um rapaz com quem saiu apenas uma noite e por isso considera Germain um erro, um estorvo na vida dela. Quando criança, ele tinha dificuldade com os estudos, na escola era caçoado pelos colegas e professores, não aprendeu a ler, não aprendeu a ser amado. Sua mãe falhou muito, mas mesmo com tantas falhas, conseguiu ser um ambiente facilitador para Germain, ela não teve muito tempo de holding com Germain, pois tinha que trabalhar, não tinha muito tempo para se devotar a ele,  mas ela permite uma ambiência capaz de favorecer o amadurecimento de Germain. Ela falhou, teve dificuldade na maternagem com o filho, ela não teve um ambiente que a apoiasse, que a confortasse, ela precisou cuidar do filho sozinha. Apesar de toda essa turbulência na relação dos dois, ele consegue amar sua mãe, a cena quando ele a encontra morta nos deixa bem claro isso. Ele tem falhas devido ao ambiente que ele e a mãe viviam. Professores e colegas o caçoavam, mas se a mãe dele soubesse disso, com certeza teria o defendido assim como o defendeu quando seu namorado o agrediu. Ela o defendia, mesmo que em casa fosse diferente, mesmo ela tendo outro comportamento, mas ela o amava da forma dela, tinha momentos de amorosidade com ele, ela tinha dificuldade de expressar seu amor mas o amava, tanto é que ela deixa Germain financeiramente amparado, ela demonstra seu amor por ele na cena em que ele está conversando com o advogado e ele lhe entrega uma caixinha que a sua mãe deixou, contendo sua primeira roupinha, seu primeiro bico de mamadeira, os dentes dele, um pedaço do cordão umbilical, isso demonstra muito amor envolvido. De acordo com Winnicott, pela natureza humana, nascemos com potencial inato e Germain nasceu, mas precisava de um ambiente facilitador também, ele tinha dificuldade de cuidar de si, essa mãe falhou, mas também acertou. Ela permitiu Germain construir um eu, ter relação objetal, quando ele erra, ele é capaz de reconhecer, ele é gentil, não tem refinamento nenhum mas é muito amoroso. Sua namorada tinha um trabalho masculino mas era muito amorosa. Em uma conversa entre os dois, ela o questiona sobre terem filhos, ele pensa não ser capaz de ser um bom pai, pois teve o exemplo de sua mãe, essa mãe não era capaz de valorizar nem ela mesma e nem de valorizar Germain e isso o fragiliza, ele sente medo então de não conseguir ser um bom pai para seu filho, ele tem uma resistência em ser pai, podemos pensar aí na falha materna, ele pensava no que teria para oferecer para seu filho, ele tem uma fragilidade imensa, ele não tem um trabalho fixo, ele faz bicos, mora em um trailer ao lado da casa da mãe, ele não dá conta de assumir um casamento, embora ele ame a namorada. Ele tem uma fragilidade egóica, constrói um eu com muito desamparo, muita fragilidade, mas após ser acolhido, ser sustentado por Margueritte, ele percebe que é merecedor de ocupar o lugar de pai, ele ganha confiança para aceitar ser pai. A mãe deu condições dele ter um amadurecimento, teve um congelamento desse amadurecimento devido as falhas, mas Margueritte começa a descongelar esse amadurecimento. Germain conseguiu ter uma relação objetal, ele é capaz de amar, ele reconhece o outro, ele é capaz de se colocar no lugar do outro. Isso não é inato, isso só pode acontecer porque ele teve um ambiente facilitador. Ele leva flores para Margueritte, leva frutos que ele mesmo cultiva em seu pomar. Ele tem um amadurecimento no campo emocional onde ele consegue isso tudo, porque sua mãe permitiu que ele amadurecesse, essa mãe rude, solitária, muito sobrecarregada, ela acertou também mesmo sem refinamento nenhum. A mãe dele acertou várias vezes para que ele pudesse sobreviver. Construiu um eu frágil, como nos mostra a primeira cena do filme, onde ele chuta o portão, fala palavras grosseiras com o rapaz ao interfone, mas a mãe dele era assim, ele cresceu nesse ambiente, mas depois que ele conhece Margueritte, tudo ganha novo sentido. Mesmo adulto, os amigos faziam piada dele e da sua dificuldade de compreensão, da sua falta de jeito de dizer as coisas, eles o tratavam muito mal, o criticavam o tempo todo, e mesmo assim ele os tratava muito bem, era atencioso e amoroso com eles. De fato, não há alí uma questão de amizade, não havia um reconhecimento do quanto Germain era cuidadoso com eles. Esse homem simples e bom estava condenado a se sentir incapaz por toda a vida, até que ele conhece Margueritte, uma velhinha de 95 anos que lê livros no banco de uma praça onde Germain alimenta pombos. A conversa entre os dois surge naturalmente, Margueritte fala sobre o livro que ela está lendo, ela lê um trecho do livro pra Germain e eles passam a se encontrar por várias tardes. Germain é um ouvidor atento, ele fecha os olhos e imagina tudo que Margueritte lê. Desse encontro nasce uma bela amizade. Em Margueritte, Germain vê uma amiga, uma professora, uma mãe, uma luz para sua vida. Quando Germain encontra Margueritte, todas as faltas de sua mãe parecem ser preenchidas. Ao contrário de sua mãe, Margueritte é carinhosa, paciente, incentiva Germain e acredita em seu potencial. Ela se torna a figura materna que ele nunca teve, bondosa e paciente, o símbolo de gentileza que o impulsiona a melhorar como pessoa. Entre Germain e sua mãe biológica não houve o que Margueritte proporcionou, o simples fato de amar, dar colo e atenção, de incentivar, dar carinho, faz um ambiente suficientemente bom, ela proporcionou um holding simbólico para Germain, ela foi uma mãe suficientemente boa para ele, ela descongela aspectos que ele não pode ter com a mãe, ela é devota a ele de forma amorosa, sustentando-o, ela leva livros e presentes para ele, ela acredita, ela o incentiva, o valoriza, e assim, ele vai descongelando seu amadurecimento, e ele não se submete mais aos maus tratos dos amigos, ele começa a mudar, ele começa a ler, ele muda sua forma de vestir, de conversar, de pensar, de se expressar. Margueritte foi um divisor de águas em sua vida e desde que ela surge, ele ganha uma nova vida, ele vira um novo homem.

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