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Resumo - Capítulo 10 do Livro Epistemologias do Sul

Por:   •  22/3/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.183 Palavras (9 Páginas)  •  230 Visualizações

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Resumo: Capítulo 10 do livro Espistemologias do Sul

Referência:

SANTOS, Boaventura de Souza. MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. 2ª ed. Coimbra: Almedina, 2010.

RESUMO:

O capítulo 10 do livro Espistemologias do Sul que tem como organizadores Boaventura de Sousa Santos e Maria Paula Meneses foi escrito por Enrique Dussel, apresentando como título: Meditações Anticartesianas sobre a origem do antidiscurso filosófico da modernidade. A questão inicial é sobre o fato desse trabalho ser polêmico face ao juízo depreciativo da existência de um “Sul da Europa” construído espistemicamente pelo Iluminismo do centro e do norte da Europa desde os meados do século XVIII. O referido Sul foi no passado centro da história em volta do Mediterrâneo, mas nessa altura já era um resíduo cultural, uma periferia cultural, para a Europa setecentista que fazia a revolução Industrial, todo o mundo Mediterrâneo era um mundo antigo e com isso a América Latina simplesmente desapareceu do mapa e da história, tentar reinstalá-la na geopolítica mundial e na história da filosofia é o grande objetivo deste trabalho.

O capítulo é divido em 6 tópicos a saber:

  1. Foi René Descartes o Primeiro Filósofo Moderno?
  2. A crise do “Antigo Paradigma” e os Primeiros Filósofos Modernos. O Ego Conquiro: Ginés de Sepúlveda.
  3. A primeira filosofia Académica – metafísica Moderna Inicial: Francisco Súarez
  4. O Primeiro Antidiscurso Filosófico da Modernidade Inicial. A Crítica à Europa do Império-Mundo: Bartolomé de Las Casas.
  5. A Crítica à Modernidade a Partir da Exterioridade Radical. O Antidiscurso Crítico de Filipe Guamán Poma de Ayala
  6. Conclusões

No tópico 1 a abordagem consiste em buscar  responder a seguinte pergunta: Onde e quando tem sido Situada Tradicionalmente a Origem da Modernidade? Segundo interpretações correntes que serão refutadas a modernidade tem origem num lugar e num tempo.  Stephem Toulmin aponta que algumas pessoas reconhecem como origem da modernidade o ano de 1436, com a adoção da imprensa por Gutenberg, outras em 1520, com a rebelião de Lutero contra a autoridade da Igreja, outras em 1648, com o fim da guerra dos trinta anos, outras em 1776 ou 1789, com as revoluções Americana e Francesa, já para Habernas a origem da modernidade tem um movimento do Sul para o Norte, do Este para o Oeste da Europa dos séculos XV a XVII, onde encarar a origem da modernidade com novos olhos significa colocar-se fora da Europa, devendo ainda ser refutada a origem eurocêntrica e que tem se imposto até os dias de hoje.

A chamada Europa medieval, feudal ou da idade das trevas não é senão a miragem eurocêntrica que não se autodescobre desde o século VII, como uma civilização periférica, secundária e isolada pelo mundo mulçumano mais desenvolvido e ligado à história da Ásia e da África até 1492. A Europa estava fechada desde o século VII, o que impedia todo o contato com o mais denso da cultura, da tecnologia e da economia do “mundo antigo”.

A Europa nunca foi centro da história mundial até finais do século XVIII, passará a ser o centro após a revolução industrial e isso graça a uma miragem do eurocentrismo dada a história mundial anterior lhe aparece como tendo a Europa como centro (a posição de Max-Weber) o que distorce o fenómeno da origem da modernidade.

Nas lições de Hegel notamos como ele se fecha numa reflexão puramente centrada na Europa não imaginando que o cataclismo geopolítico mundial que se produziu a partir dos finais do século XV foi em todas as culturas da Terra (no extremo Oriente, no Sudeste Asiático, na Índia, na África subsaariana e na Ameríndia). É nessa visão eurocêntrica e provinciana que Descartes aparece no discurso histórico de Hegel como  aquele que começa a autêntica filosofia da época moderna, para análise mais detalhada desse ponto um subtópico chamado Descartes e os Jesuítas foi escrito.

Nesse subtópico um breve resumo sobre a vida de René Descartes é apresentada, onde se destaca a formação que o mesmo teve no colégio de Lá Flèche colégio fundado pelos jesuítas em 1604, onde o mesmo deveria por três vezes ao dia retirar-se em silêncio para refletir sobre a sua própria subjetividade, sobre a influência de Erasmos, Melanchton e Sturm, Descartes tinha então começado a sua formação pela lógica. Como parte do argumento da visão eurocêntrica que se fundamenta em estudiosos do “sul” está o fato de que Descartes estudou a parte dura da filosofia, a lógica e a dialética, numa obra de um filósofo mexicano, no caso Antonio Rubio (1548-1615). Percebe-se que em todos os momentos do argumento cartesiano podem detectar-se as influencias dos seus estudos com os jesuítas.

Outro subtópico nessa parte inicial versa sobre as influências recebidas por Descartqes de Agostinho de Hipona, grande retórico romano do Norte da África, que argumentava contra o cepticismo dos académicos,  já Descartes contra o cepticismo dos libertinos, onde para isso eles recorriam à indubitabilidade do ego cogito, que consistia na reflexão radical da consciência sobre si mesmo. Sobre a influência ainda de Francisco Suarez, Descartes tomava a matemática no terceiro nível de abstração, como o modo prototípico do uso da razão. Descobria assim, um novo paradigma filosófico que, ainda que conhecido na filosofia anterior, nunca tinha sido usado num tal sentido ontológico redutivo.

A crise do “Antigo Paradigma” e aos Primeiros Filósofos Modernos é abordado no tópico 2 revelando que antes de Descartes a maneira mais direta de fundamentar a práxis de dominação colonial transoceânica – colonialidade que é simultânea à própria origem da modernidade e, por isso, novidade na história mundial – é mostrar que a cultura dominante outorga à mais atrasada os benefícios da civilização. Este argumento que é subjacente a toda filosofia moderna foi esgrimido pela primeira vez por Ginés de Sepúlveda, que defendia a “guerra justa”, onde a violência era necessária para que o “bárbaro” fosse civilizado.

O impacto da invasão moderna da América, da expansão da Europa no ocidente do Atlântico, que é tratada no tópico 3, revela que  produziu uma crise no paradigma filosófico antigo, mas ainda sem formular outros inteiramente novos, nessa tentativa se destaca René Descartes, mas são atribuídos aos jesuítas os primeiros passos para uma filosofia moderna na Europa, o pensamento defendido circundava a ideia de que o mestiço e a raça africana não tinham a mesma dignidade, por isso nos colégios e nas quintas jesuítas haviam escravos africanos que trabalhavam para que os lucros obtidos fossem investidos nas missões de índios. Dentre os filósofos modernos se destaca Francisco Suárez da mesma ordem de Luís Vives, Pedro Ramo, Leibniz e Pedro de Fonseca, conseguiu dar conclusão à obra de seus predecessores. Tinha um espírito de independência exemplar, tendo recorrido aos grandes mestres da filosofia, mas sem nunca se fixar em um só deles. Além desses pensadores, não podíamos deixar de citar Francisco Sanches que pela originalidade e pela inovação de sua obra eventualmente também influenciou Descartes. No ambiente filosófico do século XVI, um certo cepticismo em relação ao antigo abria as portas ao novo paradigma filosófico da modernidade do século XVII e a influência desses autores do Sul da Europa central e nos Países Baixos foi determinante no início do século XVII, eles romperam a estrutura do antigo paradigma.

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