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VIOLENCIA NAS ESCOLAS

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Por:   •  20/2/2015  •  8.994 Palavras (36 Páginas)  •  821 Visualizações

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VIOLÊNCIA NA ESCOLA

FACULDADE EDUCACIONAL DA LAPA - FAEL

Curso de Licenciatura em Pedagogia

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo analisar a relação entre a violência e os fatores que promovem o fracasso escolar na escola. Tomamos como referências de análise, o estudo das teorias de Maffesoli em Dinâmica da Violência (1987), Barreto em Bons e maus alunos e suas famílias, entre outros, possibilitando um conhecimento teórico que servirá como alicerce para a fundamentação de conceitos sobre violência e fracasso escolar. Utilizamos a observação como procedimento metodológico, onde analisamos o cotidiano de duas escolas públicas estaduais, analisando como o corre e a violência nas realidades dessas escolas, e em seguida comparamos os resultados dessas escolas com as taxas de fracasso escolar das mesmas. Observamos que cada escola está às voltas com sua própria violência, com aquilo que ela pontua como violento, dependendo de critérios de valores, tradição e outros fatores. No entanto, nos resultados indicam que nem sempre a violência está atrelada ao fracasso escolar. Diante disso cabe a escola, possibilitar ao aluno o desenvolvimento de suas ações seja motora, verbal e mental, de forma que possa intervir no processo sócio-cultural e inovar a sociedade, fortalecendo as relações família-escola. Ao que indicam os resultados, a escola precisa promover ações que busque que promova um trabalho de respeito mútuo entre todos que participam dela, professores, alunos, pais, equipe gestora.

Palavras-chave: Família, aluno, fracasso escolar, violência.

Introdução

A sociedade mundial tem sido um pouco indiferente relativamente aos seres que são socialmente frágeis e que muitas vezes adotam condutas violentas como forma de proteção e/ ou imitação.

A violência nas escolas não é um fenômeno novo. Todavia tem vindo a assumir proporções tais que a escola não sabe que medidas tomar para sanar este problema.

Pretende-se com este trabalho fazer uma breve abordagem sobre os fenômenos da violência exercida por jovens nas escolas e como tal fato é devido a problemas de inadaptação, confirmando se essa inadaptação é consequência do meio onde se inserem.

Ao longo deste trabalho serão alvo de reflexão o papel da família na educação numa perspectiva histórica até aos dias de hoje; o fenômeno Bullying e o fenômeno de violência e como ela se registra na sociedade; a violência nos jovem fruto da ausência de referências positivas no meio onde se circunscrevem; análise da violência e seus implicados no contexto escolar e se poderá haver uma interação positiva ou não entre a escola e seus alunos. Serão também apontadas as causas da violência, sua prevenção e como o educador social, enquanto profissional qualificado, poderá agir na prevenção do fenômeno em questão.

Em suma, procurou-se aprofundar os conhecimentos em torno desta temática, com um intuito ávido de conhecer como a escola, a família e em sentido lato a sociedade se organiza na gestão desta problemática tão grave nos dias de hoje. Na sociedade democrática, somos responsáveis pelas consequências educativas das nossas ações. Terá que haver um esforço financeiro governamental, não só económico, mas também em nível de recursos humanos para que programas de combate à violência e exclusão social sejam realmente concretizados e obtenham bons resultados. Não podemos deixar que as crianças se transformassem em futuros inadaptados ou futuros marginais, só porque não tiveram referências positivas na infância e porque as diversas entidades educativas se foram «esquecendo» que essas crianças também necessitam de carinho, de afeto, que também são seres humanos como todas as outras crianças.

Consciente de que este trabalho é insuficiente na abordagem desta temática, pois muito mais haveria a dizer, dado que o fenómeno da violência é muito amplo e surge em variadíssimos contextos, resta então cogitar que toda a sociedades se deveria mobilizar para proteger os cidadãos de amanhã, para que não tenham um futuro sombrio, enredados em sofrimento, privações e sem projetos de vida.

1 O papel da família na educação

O conceito de família nem sempre foi o mesmo, sofreu alterações de acordo como evoluir dos tempos.

No Antigo Regime, não existia os termos criança ou adolescente, a criança não tinha infância, era considerada um "adulto jovem". A este propósito, Philippe Áries (1988: 10-11) refere que: "passava-se diretamente de criança muito pequena a adulto jovem, sem passar pelas várias etapas da juventude de que eram talvez conhecidas antes da Idade Média e que se tornavam o aspecto essencial das sociedades evoluídas dos dias de hoje". A quem intervém é necessária prudência, como profissional, salvaguardando os direitos da criança e sua família.

Hoje, em família abordam-se temas que eram impensáveis no passado. Os pais já não são os senhores absolutos da lei e da ordem, nem os únicos cuidadores dos bens da família. Por seu turno, as mães não são unicamente as protetoras do lar e zeladoras da educação e formação dos filhos.

O Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI (1996:95) reforça que: "a família constitui o primeiro lugar de toda e qualquer educação e assegura, por isso, a ligação entre o afetivo e o cognitivo, assim como a transmissão dos valores e normas".

A educação da criança não era assegurada pela família. Cedo as crianças se envolviam com os adultos em atos sociais tradicionais, de ajuda aos pais, nos labores habitacionais no caso das meninas e nos meninos na conservação dos bens e negócios familiares. Era deste modo que adquiriam conhecimentos e valores essenciais à sua formação.

A família não demonstrava afetividade, embora o amor fosse um sentimento presente. Todavia, devido às exigências atuais, os pais cedo colocam os filhos em amas, creches ou infantarias. Chegam a casa exausta de um dia de trabalho, têm ainda as lides domésticas ou trazem trabalho para casa. A criança é colocada sozinha a ver televisão ou a brincar sem um adulto que lhe dê atenção. A relação familiar centra-se prioritariamente nas necessidades físicas da criança, ou seja, na alimentação, na higiene, no descanso.

Desde criança que as novas tecnologias imediatamente as seduzem e permitem a aquisição de novos saberes. O seu conhecimento vai progredindo através das informações que recebe do meio onde se insere, do meio familiar, do grupo de pares, da escola, dos meios audiovisuais.

Enquanto jovens o lazer e o convívio com os colegas tem uma importância primordial no seu processo de socialização e formação. Machado Pais (1993) refere que as culturas juvenis são fortemente viradas para o lazer, de certa forma em oposição ao saber tradicional da escola e da família, que privilegia a ordem e a certeza, o ensino e a transmissão de conhecimentos e experiências entre pares.

Embora haja certa continuidade na transmissão de valores de pais para filhos, a verdade é que os jovens de hoje adquirem a sua identidade não só dentro, mas também fora da família, através de discursos variados que a escola e a família poderão ou não integrar. Todavia, a família não se pode demitir do seu papel e atribuir responsabilidades aos outros agentes educativos na formação dos seus descendentes.

2 . O papel do educador social na prevenção da violência

O educador social é um profissional que pode agir e interatuar na prevenção e resolução dos problemas de violência. Como "profissional híbrido" (Fermoso, 1998:93), pode atuar de diferentes formas, designadamente com a família, com as crianças ou jovens, no meio onde se resistem focos de violência e mesmo na escola como elemento mediador.

Apesar de haver discursos divergentes acerca do âmbito de intervenção poder ser formal, informal ou não formal, Petrus (1997: 31) diz simplesmente que "a educação social não deve ter, entre as suas competências, a responsabilidade da atividade escolar". De fato, a transmissão de conhecimentos e conteúdos programáticos compete aos docentes e não aos educadores sociais.

Na opinião de Fermoso (1998:92-95), a intervenção poderá ser ao nível da prevenção primária e secundária, centrando-se a “educação preventiva primária” em campanhas de sensibilização contra a conduta violenta na escola, realizada nas escolas, casas da juventude, ou mesmo nos meios de comunicação social, formação de professores, pais e educadores. A "educação preventiva secundária" seria realizar atividades de educação não formal individualizadas, auxílio pedagógico a alunos com condutas violentas, intervenção direta na resolução de conflitos, ajuda aos pais que têm filhos com condutas violentas, orientando-os na resolução de tais problemas.

O campo de ação do educador social é "os sectores sociais em desequilíbrio além de solucionar determinados problemas próprios da inadaptação, tem duas funções não menos importantes: a primeira, desenvolver e promover a qualidade de vida de todos os cidadãos; a segunda, adaptar e aplicar estratégias de prevenção das causas dos desequilíbrios sociais. Noutras palavras, apesar das relações entre educação social e marginalização serem evidentes, com a marginalização não se esgota o âmbito da educação social". (Petrus, 1997: 27). De fato, a tarefa do educador é prevenir e intervir em situações de desvio ou risco em qualquer franja mais debilitada da sociedade, de forma a criar mudanças qualitativas. Deverá exercer intencionalmente influências positivas nos indivíduos. A educação social atua concomitantemente com outros trabalhadores sociais de modo interdisciplinar na proteção e promoção sociais.

O educador social perante jovens inadaptados socialmente terá primeiramente que fazer um diagnóstico do problema para posteriormente atuar. Este trabalho terá que ser concertado com a escola e com outros trabalhadores sociais, nunca poderá ser um trabalho solitário.

Após o diagnóstico, a solução deverá centrar-se na intervenção e na erradicação da violência na comunidade onde se inserem os jovens (Pino Juste, (1998: 136), especialmente: “Detectar mecanismos que possam desencadear num processo de marginalização, pobreza ou desenraiza mento social e atuar"; englobar "todos os implicados na comunidade (instituições, amigos, famílias" no projeto de erradicação da violência.

Intervindo nas situações sociais que caracterizam a relação aluno-família, e sua integração com a escola, é freqüente o educando refletir situações de negligencia e violência. Neste sentido, Fernanda Lia Silva (2004) em seu trabalho de conclusão de curso, ressalta que a violência, em todas as suas manifestações é atualmente, um dos principais problemas enfrentados, particularmente na sociedade brasileira. Esta deixa de ser um fato exclusivamente policial para ser um problema social que afeta a sociedade como um todo. É um tema com diversas possibilidades de abordagens, uma marca cada vez mais perigosa, alardeada entre as práticas sociais. Estudos de diferentes áreas demonstram que a violência ocasionada no âmbito familiar é potencializada por vários fatores de ordem social como a pobreza, o desemprego, a exclusão social, o consumo e tráfico de drogas, o alcoolismo, as aglomerações urbanas etc. A violência familiar se manifesta em suas formas mais acentuadas pela ação, através do espancamento ou do abuso sexual, ou pela omissão.

Quando a violência não toma essas proporções o conflito familiar se desencadeia através da violência cotidiana, mais veladas e silenciadas, através da repressão, da restrição á liberdade, da exploração do trabalho. A violência pode ser um fator desencadeante de uma desconstrução de valores e verdades estabelecidos, trazendo sérios prejuízos também para a auto-estima do adolescente. As conseqüências desse processo não são apenas de ordem física, mas o são de ordem emocionais e muito graves.

3 A violência na escola

Os meios de comunicação audiovisual, não raras vezes retratam acontecimentos violentos protagonizados pelos alanos nas escolas. De facto, "inverteram-se os papéis; os métodos violentos de alguns professores eram tradicionalmente mais freqüentes no mundo escolar: castigo físico, humilhações verbais…" (Fermoso: 1998:85). Atualmente, os professores não podem exercer qualquer tipo de castigo aos alunos sob pena de sofrerem sanções disciplinares, mas e os alunos? Que perfil apresenta os adolescentes que se envolvem em atos de violência nas escolas portuguesas?

Um estudo realizado em 2001 por Margarida Matos e Susana Carvalhosa baseada em inquéritos a 6903 alunos de escolas escolhidas aleatoriamente, com as idades médias de 11, 13 e 16 anos, analisaram a violência na escola entre vítimas, provocadores (incitação na forma de insulto ou gozo de um aluno mais velho e mais forte do que o outro) e outros (similarmente vítimas e provocadores) demonstram os seguintes dados bastante curiosos:

• Mais de metade dos alunos inqueridos são do sexo feminino (53.0%);

25.7% dos jovens afirmaram terem estado envolvidos em comportamentos de violência, tanto como vitimas, provocadores ou duplamente envolvidos;

• As vítimas de violência são maioritariamente masculinas (58.0%);

• Os inquéritos que se envolveram em comportamentos de violência em todas as suas formas situavam-se nos 13 anos de idade;

• Os jovens provocadores de violência são aqueles que têm hábitos de consumo de tabaco, álcool e mesmo de embriaguez. Também são os que experimentaram e consumiram drogas no mês anterior à realização do inquérito;

• Quanto às lutas, nos últimos meses anteriores ao inquérito, 19.08% dos jovens envolveram-se em comportamentos violentos;

• Os vitimados pela violência são os que andam com armas (navalha ou pistola) com o intuito da sua própria defesa;

• Os adolescentes que vêem televisão quatro horas ou mais por dia são os que estão mais freqüentemente envolvidos em atos de violência;

• As vítimas e os agentes de violência não gostam de ir à escola, acham aborrecido ter que a freqüentar e não se sentem seguros no espaço escolar;

• Para os atores de violência a comunicação com as figuras parentais é difícil;

• 16.05% das vítimas vivem em famílias mono parentais e 10.9% dos provocadores vive com famílias reconstruídas;

• Quanto aos professores, os alunos sujeitos e alvos de violência consideram que estes não os encorajam a expressar os seus pontos de vista, não os tratam com justiça, não os ajudam quando eles precisam e não se interessam por eles enquanto pessoas;

• Em relação ao relacionamento entre grupo de pares, estes adolescentes referem a pouca simpatia e préstimo e não-aceitação por parte dos colegas de turma, a dificuldade em obter novas amizades, ausência quase total de amigos íntimos.

Este estudo vem reforçar a relevância dos contextos sociais dos jovens, aparecendo bem focados como fatores desencadeadores de comportamentos violentos a desagregação familiar, a pouca ou inexistente atração pela escola, o grupo de amigos aliados à posse de armas, consumo de estupefacientes, álcool e tabaco e visionamento excessivo de televisão.

Os comportamentos violentos na escola têm uma intencionalidade lesiva. Podem ser exógenos, ou seja, determinados de fora para dentro, como acontece nos bairros degradados invadidos pela miséria e pela tóxica dependência, onde agentes estranhos ao meio o invadem e destroem; pode tratar-se de violência contra a escola, em que alunos problema assumem um verdadeiro desafio à ordem e à hierarquia escolares, destruindo material e impondo um clima de desrespeito permanente; ou são simplesmente comportamentos violentos na escola, que ocorrem, sobretudo quando esta não organiza ambientes suficientemente tranquilos para a construção de valores característicos a este local.

A violência pode ser desencadeada fruto de muitas situações de indisciplina que não foram resolvidas e que constituem a origem de um comportamento mais agressivo.

Para combater a violência, a escola tem de analisar a forma como é exercido o seu controlo, tem que se organizar pedagógicamente, para conseguir deter a violência não só interior más também exterior.

3 Violência na escola: uma doença a ser tratada?

“A violência é sempre progressiva, isto é uma vez que começa, é importante que se perceba logo no começo, onde ela existe, pois assim fica mais fácil alertar e orientar para que reine a paz.”

Ao assistirmos às cenas documentárias “Falcão – Meninos do tráfico”, ficamos perplexos. A violência no nosso país dói física e emocionalmente, choca no mais intimo do nosso ser.

Abre-se um leque para novas discussões sobre as causas da violência social no Brasil. Sabemos que inúmeros fatores contribuem para que jovens e adolescentes entrem para o mundo do crime.

A forma de educação recebida pelo ser humano é quem vai determinar suas atitudes futuras no meio social. Para o pedagogo Lev Semenovich Vygotsky, o processo de desenvolvimento é a apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a criança nasceu. Entretanto os valores educacionais estão falindo, tanto na família, quanto no âmbito escolar. A família peca em terceirizar a educação que vem de “berço”, e a escola, por estar aquém das expectativas educacionais da contemporaneidade.

4 Família e escola mais próxima

Observamos cotidianamente pais dizerem que “não sabem mais como lidar com a indisciplina dos filhos”. Presenciamos cenas de crianças agredindo aos pais, que ficam apáticos diante de tais reações.

Para Paiva, “a falta de afeto/corporal entre pais e filhos é o primeiro passo para estabelecimento de um comportamento agressivo. Pais distantes, que tem pouco ou nenhum contato afetuoso, podem desenvolver em seus filhos uma relação de afastamento com a figura de “poder”, gerando em seus filhos uma relação amor/ódio muito forte. Essa relação amor/ódio é um dos principais fatores que ativa a agressividade. Nesta perspectiva, o teórico da educação Henry Wallon considera a pessoa com um todo. Afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano.

Outro ponto fundamental que passa despercebido é o porquê das atitudes violentas de crianças dentro da escola. Na maioria das vezes, elas são vistas como: “Isso já vem de casa”. Ora é preciso um olhar especial para essa questão. Embora já tenha sido feito muito para a melhoria na qualidade da educação escolar brasileira, poucos param para ver que a educação atual ainda é arcaica.

5 Fatores que determinam o fracasso escolar

Para THOMAZ (2000, p. 86), "há sempre um bode expiatório para o problema do fracasso escolar: a família, o professor da série anterior, o governo, a miséria, o desemprego, a fome, a desnutrição, os problemas de saúde, a promoção automática".

Considera-se, atualmente que existem inúmeros fatores de ordens (psicológica, socioeconômicas e culturais e escolares) que podem influenciar na aprendizagem e levar os alunos das séries iniciais do ensino fundamental ao fracasso escolar:

a) de ordem psicológica relativos aos aspectos cognitivos e de saúde do aluno;

b) de ordens socioeconômicas e culturais como as relações familiares, a fome, a desnutrição, as diferenças culturais, a linguagem etc; os fatores organizacionais da escola e, de modo geral, das políticas sociais e educacionais.

Segundo AQUINO (1997) existem discursos que apontam os distúrbios de aprendizagens como sendo de origem psicológica, sendo influenciado pelos fatores emocionais. Atrelado à questão psicológica está, portanto, outro fator determinante do fracasso escolar: a discriminação presente na sociedade, que rotula o aluno antes mesmo dele começar sua vida estudantil. Às vezes a própria família e os professores rotulam a criança como "sem jeito" para os estudos.

Quanto às diferenças culturais, tem-se a reprodução social, onde a classe dominante detém o "saber" e a classe dominada detém a "força de trabalho", gerando riqueza para a classe dominante, confirmando o contexto social em que "saber é poder". Do ponto de vista socioeconômico e cultural tem-se uma confluía de fatores relacionados a vivência do educando em família e na escola.

Segundo FONTES (2004), certos professores no início do ano criam expectativas positivas ou negativas sobre os alunos que acabam por influenciar o seu desempenho escolar. Sem que se percebam os professores adotam preconceitos, podendo afetar o rendimento do aluno, o qual ele julga sem competência para aquisição de conhecimento. Geralmente percebe-se o fracasso no final do ano escolar, no qual se faz a análise dos que foram promovidos, os evadidos e os que foram reprovados. Esta análise deveria ser processual, proporcionando assim, recuperar o aluno que apresenta menor desempenho escolar. Nessa perspectiva a avaliação formativa3 é essencial para o acompanhamento do desenvolvimento dos processos educativos.

6 A violência tem história – A história da violência

Se dermos uma volta pela história da humanidade, constataremos que a violência existe desde os primórdios. Nossos ancestrais, os hominídeos, sobreviveram na medida em que substituíram a utilização regular da força física pela construção de artefatos de defesa e ataque. Tínhamos, aí, a manifestação violenta como uma forma de sobrevivência do homem pré-histórico.

Atualmente, esta violência assumiu formas sutis de manifestação. Não é mais uma questão de viver ou morrer. Há uma grande lacuna entre as civilizações passadas e as atuais, no tocante aos meios brutais de sobrevivência e ao desenvolvimento tecnológico.

Lidamos com a quebra de um mito, ou, segundo Chauí (1996/1997) de um preconceito muito brasileiro, que nos informa que somos não-violentos, pacíficos e ordeiros por natureza. Essa seria, para a autora, um dos preconceitos profundos da nossa sociedade:

Um dos preconceitos mais arraigados em nossa sociedade é o de que o povo brasileiro é pacífico e não violento por natureza, preconceito cuja origem é antiqüíssima, datando da época da descoberta da América, quando os descobridores julgavam haver encontrado o Paraíso Terrestre e descreveu as novas terras como primaveras eternas e habitadas por homens e mulheres em estado de inocência. É dessa Visão do Paraíso que provam à imagem do Brasil como país abençoado por Deus e do povo brasileiro como cordial, generoso, pacífico, sem preconceito de classe, raça e credo. Diante dessa imagem, como encarar a violência real existente no país? Exatamente não é encarado, mas absorvendo-a no preconceito da não-violência (CHAUÍ, 1997, p.)

Questiona-se uma visão de história que conta um encontro feliz entre as raças, com uma colonização benigna, que nos diz que vivemos em um país sem guerras ou revoluções sangrentas, sem tufais, ciclones, terremotos, "bonito por natureza". Os direitos, mais do que conquistados, teriam sido dádivas de governantes benevolentes. A Independência, a República, a Abolição da Escravatura, e conquistas dos direitos sociais, tornam-se, nessa visão, fatos que devemos à atuação de alguns homens visionários. Aparentemente foram concedidos. Ficam guardadas nos porões da memória coletiva – as lutas. Viveríamos em um país que se pensa, então, como avesso ao conflito. Um país que se pensa sob a ótica do consenso. Aqui, conflito vira sinônimo de violência. Brasil: horror aos conflitos! Talvez esta seja uma das razões para a nossa pequena adesão à democracia. Pois a democracia se caracteriza por sua capacidade de lidar com o dissenso: mais do que o consenso, a possibilidade de lidar de forma não violenta e mortal com o dissenso é o que diferencia a democracia de outras formas de governo.

7 A violência Escolar: Fenômeno Bullying, origem e conceituação.

O termo Bullying é utilizado nos países anglo-saxônicos, na literatura concernente à Psicologia, para conceituar os comportamentos agressivos e antissociais em estudo sobre violência entre escolares. É um fenômeno mundial, antigo, descrito em várias obras literárias, inclusive contadas por adultos sobre seus tempos de estudantes ou até mesmo em outros contextos, alguns exemplos são descrito em prisões, empresas, asilos de idosos, famílias e especificamente em escolas.

O Bullying é detectado por um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorre sem motivos evidentes causando dor, angústia, ferida psicológicas e sofrimento aos indivíduos mais fracos e incapazes de se defender Caracterizas e também por uma violência oculta, pelo abuso de poder do agressor causando danos irreparáveis tanto para a vítima, ou seja, tanto para quem agride como para os espectadores.

No âmbito da escola em muitos casos se apresenta de maneira oculta, em outras situações acontecem de maneira aberta que envolve professores que agridem alunos, discentes que atacam professores e na maioria dos casos onde alunos atacam alunos tanto dentro da escola como fora do espaço escolar. Os agressores principalmente atacam os menos indefesos causando lhes danos físicos, morais, emocionais, materiais e intelectuais.

As atitudes desses agressores sempre vêm acompanhadas de insultos, apelidos cruéis, agressões físicas ou não, gozações que magoam profundamente, ameaças, acusações injustas, ridicularizasses ou até mesmo atuações de grupos que hostilizam e buscado ‘menosprezar’ o outro visando a sua exclusão social.

Apesar de ser um fenômeno historicamente confirmado, ao longo do tempo têm se intensificado de forma exacerbada onde, embora seja considerado fato novo deve ser objeto de investigação e intervenção e nos últimos anos tem ultrapassado as barreiras da tolerância. Para atacar, os indivíduos violentos buscam sempre algumas características de suas vítimas referentes à: timidez, diferença de raça, religião, peso, estatura, inseguranças, ansiedade; nelas impõe sua autoridade através do medo, da força física ou de qualquer outra ordem de intimidação que na maioria dos casos não denuncia o agressor por medo de represália, conformismo ou vergonha de se expor perante os colegas.

De acordo com a Ainda Maria Monteiro Silva (1997) “hoje a violência está estampada nos grandes centros do nosso país e se apresenta de diferentes formas... é mais fácil se falar de violências no plural... a violência urbana, a policial, a familiar e a escolar... Vamos dar um maior destaque, à violência escolar, sobretudo a que se manifesta de forma subjetiva nas relações sociais no interior da escola” (SILVA, 1997 ,p.4 )

O primeiro país a se preocupar com o Bullying Escolar foi a Suécia, na década de1970 quando se acentuaram os casos, a escola e sociedade buscaram conjuntamente a resolução do problema e passaram a investigar causas e a propor formas de prevenção e de soluções alternativas.

Na Noruega, durante muitos anos esse fenômeno foi motivo de inquietações e debates inclusive instigados pelos meios de comunicação, pelos pais e professores, mas sem ações efetivas das autoridades educacionais. O Fenômeno Bullying passou a ser objeto de atenção das autoridades educacionais somente em 1983, quando um estudante levou a morte três alunos (na faixa etária de 10 a 14 anos) cuja principal causa Foi identificada como maus tratos a que era submetido por seus companheiros de escola. Devido à divulgação e tensão advindas do caso, o Ministério da Educação da Noruega desencadeou uma campanha nacional para a prevenção e extinção da violência entre escolares.

Dan Olweus, pesquisador da universidade de Berger, investigou naquela década mais de 85.000 pessoas, dos quais fizeram parte professores, pais e estudantes de vários períodos de ensino; nesse estudo foi constatado que de cada sete crianças uma estava envolvida com o Bullying. Tal pesquisa foi fundamental para o desencadeamento de um projeto de intervenção envolvendo o governo e sociedade numa campanha nacional. Seu projeto teve como característica desenvolver regras claras contra o Bullying nas escolas, alcançar um desenvolvimento ativo dos professores e pais, aumentar a conscientização do problema tão avançado no sentido de eliminar mitos referentes à violência escola repromover apoio e proteção para as vitimas. Esse projeto promoveu a redução em 50% dos casos de bullying, fato este importante que alcançou repercussão em outros países como no Reino Unido, Canadá e Portugal. Segundo Dan Olweus os dados sobre violência escolar nos países como: Finlândia (1882), Suécia (1986), Estado Unidos (1088), Irlanda (1989), Canadá (1991),Inglaterra (1991), Austrália (1992), Japão (1992), Espanha (1992) indicam que o número de casos de bullying são iguais ou maiores ao da Noruega.

Os Pesquisadores de diferentes campos do conhecimento e de muitos países dedicam se ao estudo da violência entre escolares apontando aspectos preocupantes quanto ao seu crescimento, principalmente, por atingir os primeiros anos de escolarização. De acordo com as pesquisas de Cléo Fante (2003, p.61) baseadas em dados internacionais “pudesse afirmar que, o Bullying, está presente em todas as escolas do mundo”. Melhores clarecendo, os estudos indicam que de 7 a 24 % das crianças em idade escolar no globo terrestre, estão envolvidas com alguma forma de condutas agressivas na escola, atuando com agressor ou vítima.

Na Espanha, de acordo com a pesquisadora Fuensanta Cerezo (2001) o nível de incidência do Bullying é de 15 a 20% dos sujeitos em idade escolar. Ainda na Espanha, o jornal El País, (1997) publicou que um em cada quatro estudantes britânicos do ensino primário já foi vítima do bullying. Também foi citado que o maltrato físico e psíquico foi a principal causa de suicídio de 776 menores escolares.

Nos EUA, o Bullying é um tema de interesse de todo o país, pois o fenômeno é crescente, os índices são tão altos que os pesquisadores classificam com um fenômeno global e que permanecendo assim, será grande o número de futuros jovens adultos abusadores e delinqüentes.

De acordo com dados da UNESCO (ONU), o Bulying não é exclusivo dos países escandinavos, a violência escolar tem atingido e aumentado na maioria dos países do mundo, dificultando o aprendizado dos alunos.

Na Etiópia, é um caso alarmante, 40% dos alunos foram reprovados ou abando na rama escola por conta da violência.

No Brasil, o bullying ocorre nas escolas já durante um longo período, entretanto, ainda é pouco estudado e comentado. Em princípio tratava se o bullying como brincadeira da idade, ainda assim, observa se pelos meios de comunicação casos que demandam a atenção e interferência conjunta do poder público em ação mais contundente por parte dos educadores. Apesar de muitos casos serem relatados, a sociedade civil parece não ter se apercebido dos prejuízos emocionais, físicos epsicológicos que o fenômeno tem causado a muitos alunos.

No contraponto, oficialmente alegas e de que não temos ainda indicadores que no forneçam uma visão global para compararmos aos índices de violência escolar dos demais países.

8 O Fenômeno Bullying : ações e índices nos sistema de ensino

Diante dos fatos sobre o Bullyning, percebemos que no contexto capitalista a educação está focaliza a preparação de alunos para a competição do mundo globalizado diante de um exército de reserva (de desempregados). Essas ameaças depõem contra a vida de nossos alunos gerando falta de perspectivas, insatisfação, desesperança, frustração e outros que confluem direto para um sentimento de agressividade e violência.

No Brasil, as pesquisas desenvolvidas pela UNESCO revelaram que os adolescentes‘acreditam na educação’, mas de fato não reconhecem que ela pode transformar os sonhos em realidade questionando suas finalidades da educação. Assim, eles apresentam uma esperança cada vez mais distante. Tal fato pode resultar em: baixa estima, depressão, tédio, condutas autodestrutivas, agressividade, violência e suicídio. Além disso, muitos alunos concebem a escola como uma experiência frustrante. Então como mudar esse quadro? De uma forma indireta, eles sinalizam que fazem parte do contexto social onde suas experiências não podem ser simplesmente lançadas à própria sorte dos sistemas injustos.

Nesse caminho intrigante, a escola como tutora de transformação dos indivíduos, além de transmissora de conhecimentos, tem que educar no sentido de transformar socialmente indivíduos, modificar suas práticas para levantar a estima dos massacrados, injustiçados e excluídos.

Cléo Fante desenvolveu em São Paulo uma pesquisa sobre Violência utilizando questionários, num primeiro momento foram pesquisados 430 alunos de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e de 1º e 2º anos do Ensino Médio da rede particular de ensino. Nessa pesquisa os resultados apresentados foram os seguintes: a) quanto ao índice: 81%dos alunos entrevistados estavam envolvidos com condutas violentas, dos quais, 18%foram considerados Bullying; b) quanto ao local de maior incidência: sala de aula e em seqüência nos corredores da escola, desses, 64% dos casos, as práticas de violência são desenvolvidas por meninos ou por seus grupos formados em sala de aula.

As condutas mais praticadas por eles foram: maltrato físicos, como, chutes, corredor polonês. Em 32% dos casos detectou se o processo de exclusão do grupo, 3% maltrato físicos com abuso sexual. Quanto aos fatores determinantes, 73% apontaram que repetiam a violência sofrida em casa.

Numa segunda pesquisa realizada com 431 alunos de 7 a 16 anos de idade em cinco escolas públicas particulares foram apresentados os seguintes resultados:

a) 87% dos entrevistados afirmaram que já se envolveram em condutas violentas no ano letivo, desse universo, sendo que 21,38% foram considerados Bullying;

b) local de maior incidência: sala de aula, seguida dos corredores e pátio, sendo que 66% dos envolvidos eram meninos, agindo sizinhos ou em grupos. Um dado importante também, os agressores estudam na mesma sala de aula.

Nessa mesma pesquisa foi constatado que 87% dos alunos acreditam que a violência pode ser conseqüência da violência doméstica e ainda alegam que tais comportamentos acontecem por causa do autoritarismo dos pais, assim, repetem os mesmos procedimentos caseiros.

Num terceiro quadro pesquisado, desta vez apenas numa escola pública envolvendo professores, alunos e funcionários. Os resultados obtidos foram os seguintes: 62,56%dos alunos sofreram violência na escola, dentre os quais, 25% foram considerados Bullying. Esses alunos afirmaram que já sofreram apelidos que incomodam brincadeiras que causam aborrecimentos, acusações, gozações, ofensas, furtos, etc. local de maior incidência, sala de aula, se estendendo para o pátio.

A escola enquanto espaço de violência e indisciplina ambiguamente: deve cumprir as leis e as determinações dos sistemas superiores, mas também tem o dever de articular e dinamizar ações no sentido de estabelecer interações entre os indivíduos, igualdades, provocar rupturas, permitir a troca de idéias, palavras e sentimentos, sem isso, a violência exclui o diálogo. É nesse contexto que a escola precisa excluir as condutas autodestrutivas, não pode ser um ambiente de desprazer, para tanto, tem que utilizar sede posturas investigativas para eliminar os casos suspeitos, a começar pela avaliação dos sentimentos dos alunos, se estendendo aos professores e funcionários. Nas relações interpessoais dos sujeitos que fazem a escola, são testados os limites de seu público, surgem aí às personalidades individuais que se protagonizam num clima onde professores e alunos nunca mais esquecerão.

Os principais conflitos entre professores e alunos são DISRUPCION (termo espanhol que significa Fato violento), refere se à inquietação, perturbação das aulas, 10conglomerados de condutas inapropriadas como: falta de cooperação, de educação, insolência, desobediência, desrespeito, provocação, hostilidade, abuso, impertinência, demonstração de aborrecimento e ameaça, tudo isso atrapalha as aulas, causa grande impedimento, dificulta a comunicação e o desempenho profissional, os alunos perturbadores usam essas táticas para testarem e desestabilizarem os professores e dependendo da reação do educador, tomam outro caminho.

Vale destacar as características dos alunos destrutivos: baixa estima, falta de habilidades sociais, apresentam fracasso escolar, tem problemas familiares, são hipersensíveis, estressados, necessitam de apoio para os aspectos da conduta de aprendizagem e tem dificuldade de convivência.

A disrupcion pode ser causada também por falta de controle da classe, excesso de alunos, excesso ou falta de autoridade do professor, falta de motivação dos alunos para as aulas, falta de normas de convivência em sala de aula, falta de metodologia e preparo para as aulas causando o desespero ou a incapacidade profissional.

A maioria dos problemas enfrentados pelos professores em sala de aula é quase que exclusivamente disciplinares. Tal fato tem causado angústia nos professores, o controle de sala de aula tem sido tarefa exaustiva para o docente que, no final de cada jornada é notório o cansaço e desgaste advindo do esforço para manter a disciplina e dinamizar o conhecimento. Contudo o docente enfrentar ainda duas questões: a) o primeiro é a sua adaptação às diferenças individuais no grupo heterogêneo, relação escassa, cumprimento do programa exigido, necessidade de atendimento particularizado; b) o segundo, diz respeito à avaliação e à dificuldade em levar os alunos para alcançarem o nível de rendimento necessário, bem como a busca de algum critério para evitar o fracasso dos alunos e ao mesmo tempo alcançarem o mínimo exigido pelos programas.

Na tentativa de acertarem alguns docentes superam as inconveniências da profissão, outros acabam por se envolverem em conflitos com alunos, assim usam de ameaças, intimidações, agressões verbais, perseguições a alunos, nesse clima do espaço escolar estressado a maior conseqüência é o ensino e a aprendizagem comprometida.

Jorge Cury (pesquisador e psicoterapeuta) resumiu que a educação brasileira no caos que se encontra a qualidade de vida do professor é uma lástima. O mesmo realizou uma pesquisa nos Estados de São Paulo e Paraná em 200 escolas de ensino fundamental e médio, das quais 90% são da rede pública: ouvidos 980 professores, dentre os quais 92% apresentam três ou mais sintomas psíquicos e psicossomáticos, 41% apresentam dez ou mais sintomas. Algumas das suas conseqüências são evidenciadas com professores11doentes e sem condições de exercerem suas atividades profissionais. Dentre os docentes pesquisados 56% sofrem de dores de cabeça conseqüência de estresse; 53 % têm ansiedades advindas de excesso de trabalho, preocupações e ambiente estressado.

Cabe ressaltar que essa é uma tendência é mundial, a exemplo disso o governo Inglês está conseguindo formar número suficiente de professores para o ensino fundamental e médio, os ingleses não querem essa profissão estressante e mal remunerada. Na Espanha 8º % dos professores estão estressados contra 92% no Brasil.

Paradoxalmente, observa se que na sociedade do conhecimento (século XXI) a docência está preconizada, numa perspectiva linear e acrítica o professor é visto como um funcionário que deve transmitir conhecimento, a figura do educador está carente de autoridade (na concepção weberiana) e de respeito, perdidos ao longo do tempo num processo de precarização da docência e de perda de status profissional.

Os alunos, por sua vez, trazem para a escola uma gama de vivências externas inimagináveis: nessa conjuntura conturbada o professor destina se também a missão de

mediar conflitos, transformar ‘espíritos indisciplinados’ em ‘socializados’ e ainda ministrar os conteúdos. Na verdade, é preciso se esforçar muito para estabelecer um clima de progresso do educador represente o papel do adulto, impulsionando os alunos, portanto, o auto controle, a serenidade e a atitude positiva precisam fazer parte do movimento escolar. Isso é tarefa muito difícil, mas necessária para evitar confrontos e manter os alunos ocupados num ambiente de cooperação, cordialidade, afeto e atenção, nesse ínterim, o respeito faz parte do processo para ambas as partes sendo essencial para facilitar a empatia e o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem.

Especial atenção tem que ser dada ao papel e a forma de atuação dos meios de comunicação (TVs, rádio, revistas, Internet, etc...) com grande poder de influenciar mentes e formar opinião. O avanço tecnológico tem trazido aos homens benefícios incalculáveis, em contra partida, se mal utilizado traz grandes prejuízos a sociedade. Os programas televisivos fazem parte desse contexto, com a exceção de alguns programas jornalísticos e educativos, somos bombardeados a todo o momento por imagens mensagens que de maneira virtual assumem o lugar do real e do imaginário, a televisão atua como transmissora de valores e formadora de opinião pública. Os meios de comunicação comportam uma multiplicidade de usos e fins. Há diferentes usos que pode ser dada à mensagem televisiva, de forma negativa ela pode induzir a juventude ao12 consumismo, seduzir o público indicando modelos e criando novos comportamentos, ou por outro lado, de forma positiva ela pode orientar a conduta e prestar esclarecimento.

Entretanto conforme esclarece Cléo Fante (2003, p.), estudos realizados de 1991 a 1998 por psicanalistas e psiquiatras revelam que “a televisão interfere de maneira prejudicial sobre a criança e o adolescente desencadeando patologias... existe uma grande relação entre a televisão e a construção da identidade e do comportamento e não só dos adolescentes, mas de toda a sociedade (FANTE p.30)”. Isto porque filmes, novelas ou fotonovelas, jogos de videogames, programas jornalísticos sensacionalistas apresentam a violência como algo ‘naturalizado’, imediato, cotidiano e freqüente onde o ‘violento’ é o mais forte que sempre consegue se impor sobre os demais. São freqüentes as transmissões de imagens de diferentes tipos de violência com cenas de brutalidade, de assassinatos, torturas, seqüestros, tiroteios, tráfico de armas e de drogas, alguns momentos apresentados de forma acrítica leva a perda da capacidade de sensibilização No entanto, sem o processo de análise crítica do conteúdo televisivo crianças e adolescentes rapidamente captam e apreendem as diferentes “ imagens da violência”. Nesse sentido, Cléo Fante (2003) esclarece que esse emaranhado de influências incide diretamente nos comportamentos de nossas crianças, jovens e adolescentes que tomam como modelo esse tipo de orientação imediata para resolver seus problemas, neste caso,o diálogo como recurso eficaz será desconsiderado.

9 As pesquisas e programas antibullynig no contexto mundial

Na Espanha foram realizadas, na década de 1990, investigações para prevenção da violência escolar por meio de campanhas e programas fomentados pelo Ministério da Educação e Ciência, e pelas universidades espanholas. Um exemplo disso é o SAVE (Sevilha contra a Violência Escolar), um projeto desenvolvido pela Universidade local em 1996 em Sevilha, que tem como objetivos desenvolver a educação de sentimentos e valores, melhoria de convivência e dos relacionamentos interpessoais.

Na Inglaterra, inúmeros projetos estão sendo desenvolvidos. O mais importante deles foi desenvolvido nos moldes das campanhas realizadas na Noruega nos anos 80, o Projeto ‘NÃO SOFRA EM SILÊNCIO’, foi implementado nos anos 1991/93, envolveu escolas do ensino, primário e secundário.

Atualmente, outros programas e métodos estão sendo implementados, nos quais os alunos recebem incentivos para evitar o bullying. O desenvolvimento desses programas 13 específicos (com apoio de outros órgãos estatais) busca ajudar as crianças envolvidas com o bullying mediante uso de material educativo específico para o seu tratamento, além de zelar pela segurança das crianças. Nesses programas/projetos são valorizados e incentivados o desenvolvimento da amizade, a mediação de conflitos e apoio psicológico. Os alunos são levados a desenvolver habilidades como: o ouvir atentamente o outro, promover o respeito interpessoal, adquirir segurança em si mesmo, elevar a auto estima e desenvolver a liderança.

Na Irlanda, em 1993 foi realizada a I Conferência sobre o Bullying naquele país,momento esse em que foram lançados programas educativos através de representações teatrais visando aumentar a conscientização e prevenção sobre a Violência. Já em 1996após estudos sobre o bullying foi realizada a I Conferência Inter nacional sobre o Bullying. A partir de então foram desenvolvidos alguns programas e estratégias para prevenir esse fenômeno, tais como: cursos de capacitação para professores e formação de multiplicadores e cursos de capacitação para estudantes de pedagogia.

A Grécia, depois de detectar condutas suspeitas de bullying, desenvolveu programa de conscientização e esforços para mudar as condutas de todo seu público escolar, especialmente dos agressores, para isso foi realizado debates, orientações psicopedagógicas individuais e coletivas, reforços e sanções quando necessário. Tais ações ocorreram em vários outros países da Europa como: Finlândia, Portugal, Noruega e Holanda, nos quais foram desenvolvidos programas projetos visando à política de prevenção.

No Brasil, desde a abolição da escravatura, o que temos visto são muitas formas de desrespeito à integridade da pessoa humana, na falta de justiça social. Contempla se, infelizmente, deliberadamente o emprego da violência nos seus diversos tipos, níveis e dimensões, tal comportamento está sendo ‘naturalizado’ para não dizer rotineiro. Em nossas escolas, observa se o reflexo da violência social, evidenciamos agressões físicas, verbais, psíquicas, depredação, ameaça indisciplina, confrontos e processos de exclusão. O Fenômeno Bullying se expande tanto que tem tomado proporções mundiais afetando principalmente as grandes metrópoles. Qual a percepção dos professores, dos alunos, dos pais, da comunidade e dos sistemas educacionais sobre essa temática? Qual o papel da educação e da escola nesse contexto de violência? No parecer da pesquisadora Ainda, um projeto de escola deve buscar “a formação da cidadania, precisa ter como objetivos tratar todos os indivíduos com dignidade, respeito à divergência, valorizando o que cada um tem de bom, fazer com que a escola se torne mais atualizada para que os alunos14gostem dela, trabalhar a problemática da violência e dos direitos humanos, a partir do processo de conscientização permanente, relacionando esses conteúdos ao currículo escolar; incentivarem comportamentos de trocas, de solidariedade e de diálogo”. Na verdade, a escola também reflete o modelo violento de convivência social. Os profissionais da educação encontram se numa situação controversa, pois tanto podem sujeitar se a violência escolar na condição de vítimas quanto podem praticará por atitudes que acarretam a violação de direitos.

É interessante destacar a percepção sobre a questão violência manifestada pela

Estudante Renata Aguerri, da 8ª série do Ensino Municipal de São Paulo entrevista da por Ainda Silva (ano, p) “A violência é a força bruta contra alguém. Quem prática a violência é burro, covarde, porque somos seres humanos e a única coisa que nos diferencia dos animais é a capacidade de pensar e de falar. Se nós temos a capacidade de usar palavras, para que usar a força bruta? É isso que as pessoas precisam entender” (AGUIRRE).

No Brasil, embora a questão da violência escolar não seja tão discutida existem alguns programas e projetos, diga sede passagem, escassos, que visam o combate e a prevenção do fenômeno Bullying. No Rio de Janeiro (RJ) há um projeto da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA), em parceria com a Petrobrás Social que objetiva garantir os direitos das crianças e adolescentes, diagnosticar reduzir e prevenir o bullying.

Em São José do Rio Preto, há outro programa sendo desenvolvido em uma escola da rede pública de ensino o Programa Educar para a Paz, nele são desenvolvidas ações de intervenção e prevenção da violência entre escolares com os seguintes objetivos: “levar os alunos a tomarem contatos com sua própria experiência para darem conta de suas idéias e sentimentos, dos critérios e motivações de suas condutas, que os alunos clarifiquem quais os valores... que estão realizando em suas vidas e desenvolvam novos valores, que desenvolvam atitudes e comportamentos coerentes com os quais se comprometam e o desenvolvimento de atividades centradas na tolerância e na solidariedade” (Cleo Fante p. 98).

De acordo com um estudo de Luiz Alberto Oliveira Gonçalves (UFMG) e Marília Pontes Sposito (Usp), sobre Iniciativas de Redução da Violência Escolar, nos últimos vinte anos as políticas públicas de redução da violência nas escolas têm se originado, na esfera estadual e municipal. Embora muitas vezes sejam fragmentadas e descontínuas, mas já existe um considerável número de experiências em São Paulo, no Rio de Janeiro, 15 em Porto Alegre e Belo Horizonte, que demandam estudos sistemáticos para sua avaliação a fim de proporcionar elementos para a formulação de novas estratégias e orientações.

Assim, acreditamos que com uma reflexão conjunta dos órgãos governamentais, sociedade e instituições escolares sobre essa questão problema, serão possíveis traçar os elementos norteadores que orientem e formulação e implementação das políticas públicas voltadas para a disseminação de uma cultura de paz e de superação das condutas violentas que atingem os estabelecimentos escolares, sobretudo nas cidades brasileiras de médio e grande porte.

As políticas de combate à violência Escolar no âmbito do governo federal não partiram do Ministério da Educação, mas, sim, do Ministério da Justiça. Isto se explica, talvez, pelo fato de que houve um grande aumento dos índices de violência, envolvendo crianças, adolescentes e jovens com o crime organizado e homicídios, muitos casos se avolumam nas varas da infância/adolescência e da juventude, quer se apresentem como vítima quer como protagonistas. Esses dados têm sido reforçados pela imprensa que apresenta o envolvimento sistemático de adolescentes jovens em práticas criminosas. Diante desse contexto o Ministério da Justiça volta suas atenções de forma mais sistemática para o problema da violência entre as crianças jovens e adolescentes buscando envolver as diversas instituições, públicas e privadas.

Assim faz se necessário que a escola se torne protagonista das ações para prevenir tal fenômeno. Um programa de intervenção e prevenção da violência escolar terá muito sucesso quando articulado numa perspectiva democrática, nesse sentido, é necessário o envolvimento de todos, em especial dos órgãos colegiados da escola que tem a oportunidade de debater, refletir conjuntamente e tomar as decisões emancipa tórias neste campo, com o devido apoio e envolvimento da comunidade escolar e dos órgãos governamentais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da observação realizada na realidade das (escolas estudadas, permite-nos) formular algumas considerações ressaltando, porém, que estas assumem caráter de incompletude. Isso porque não pretendemos elaborar conclusões definitivas ou generalizações, mas, aproximações que venham subsidiar as discussões sobre a violência nas escolas e a relação com o fracasso escolar.

Nossos dados mostram que não só a escola produz violência, mas existem vários fatores externos que contribuem para que ela ocorra, visto que, muitas vezes, a violência na escola é uma reação à falta de diálogo na família, a atitudes de rejeição nos vários espaços onde a criança e o jovem convivem, além de problemas familiares, falta de moradia, uso de drogas e álcool na família ou nos grupos de amizade, de festa entre outras. Então, esses determinantes "trazidos" para o ambiente escolar na experiência de crianças e jovens que, no contato com outras pessoas (colegas, docentes, funcionários), também marcados por problemas similares, vão provocando problemas individuais e coletivos, levando a situações violentas em sala de aula e em outros espaços da escola, inclusive no momento do recreio. Nessa perspectiva, Santos apud Dimenstein (2000) afirma que a visão é de que a violência vem de fora, nunca ela é gerada de dentro do próprio estabelecimento escolar.

Observamos também, que as principais causas da violência na escola têm sido, entre outras e principalmente, a desagregação familiar; problema sócio-econômicos; a violência do aluno na experiência em casa; a baixa autoestima; a falta de limites em relação aos seus atos; a falta de diálogo na família e na escola; a falta de amor; a formação de gangues. Observamos, ainda, que na escola, os maiores responsáveis pelos atos violentos tem sido os adolescentes do sexo masculino; que as brigas entre alunos ou alunas, pela disputa de uma namorada ou namorado, as brigas dentro da sala de aula, na disputa de jogos e o consumo de drogas são os atos violentos mais comuns na escola. Um dado curioso é que os atos violentos ocorrem com maior freqüência quando vai chegando o final da semana, na sexta feira.

Percebemos que a escola, diante da violência, vem buscando o diálogo com o aluno e com a família e realizando um trabalho que envolve, muitas vezes, profissionais de outros órgãos. Mas poucas são as ações que vêm sendo desenvolvidas para evitar a violência. A suspensão, por exemplo, acaba por se tornar, para o aluno, um período de férias antecipado.

Em nenhum momento foram apontadas as referentes ao relacionamento escola/aluno como, por exemplo: a discriminação racial e social. Pensamos que a participação da família seja fundamental para o êxito do trabalho desenvolvido pela escola e que os profissionais, no desenvolvimento do trabalho, devam buscar adquirir, sem uso excessivo de autoridade, a confiança dos alunos.

É importante que os responsáveis por atos violentos recebam uma atenção especial da escola e que seus pais sejam envolvidos no trabalho de reeducação dos alunos.

Em casos estudados, foi possível observar que o trabalho realizado na escola permite que os alunos repensem sobre seus atos e isso influencia positivamente no comportamento escolar, familiar, e no seio da sociedade. Essa ação acaba se refletindo sobre a violência de um modo geral.

Para enfrentar a violência, é necessário que a educação tenha realmente prioridade. É necessário, também, que haja melhoria nas condições de trabalho, incluindo a questão salarial dos profissionais de ensino, além do desenvolvimento de uma política de formação inicial e continuada voltada aos professores, o que propiciaria que esses profissionais não precisassem trabalhar várias escolas e em horário integral e tivessem mais tempo para dedicar-se ao seu aprimoramento profissional.

O professor deveria estar preparado para atender aos alunos de modo integral e além dos conteúdos disciplinares, tratar de questões relacionadas à violência e compreender os problemas pelos quais seus alunos passam, de modo a poder interferir, ajudar e, desse modo, conquistar o respeito deles.

É importante, sempre, a existência do diálogo, abrindo espaços para que os alunos se expressem o mais possível, discutindo com eles sobre suas expectativas e definindo, conjuntamente com eles, regras e normas. Isto certamente poderá contribuir significativamente para a formação de um ser social mais satisfeito e que luta pelos seus ideais de uma forma menos agressiva eito deles.

Fica-nos a certeza, no entanto de que é importante que a escola se preocupe em discuti-la e buscar, juntamente com a comunidade, formas de preveni-la ou até mesmo superá-la. O que não pode mais acontecer é a escola ignorá-la, ou tentar usar métodos arcaicos como a simples suspensão ou expulsão dos alunos que praticam atos violentos.

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