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A Laranja Mecânica Uma Espécie de Resenha

Por:   •  5/6/2022  •  Resenha  •  618 Palavras (3 Páginas)  •  64 Visualizações

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Laranja Mecânica

O filme Laranja Mecânica, dirigido por Stanley Kubrick, e baseado no livro homônimo de Anthony Burgess, é frequentemente elogiado não só por críticos mas também cinéfilos, que não raro o qualificam como “brilhante”, “um marco do cinema moderno”, entre outras caracterizações um tanto apoteóticas. Logo, não surpreende o fato de muito já ter-se falado a seu respeito, de modo que qualquer comentário feito hoje, cinquenta e um anos após seu lançamento, tem altíssimas chances de não conter sequer uma vírgula de ineditismo.

Apesar disso, ofereço ao leitor a imperdível oportunidade de testemunhar mais um sujeito dando o seu pitaco.

Pois bem.

O protagonista Alex DeLarge é um homem – mais precisamente, um jovem – muito afeito ao consumo de “leite-com”, que é leite misturado a alguma droga, pelo que é implicado, e à prática da “ultra-violência”, sempre em companhia da sua gangue de “drugues”. O local em que o grupo vive e a história se desenrola não é especificado, assim como o ano dos acontecimentos, mas há fortes indícios de que se trata da Inglaterra em um futuro relativamente distópico.

Alex é sentenciado a 14 anos de prisão depois da morte de uma mulher cuja casa invadira e em cuja cabeça desferira vários golpes com uma escultura fálica. Passados dois anos de sua sentença, o jovem recebe a oportunidade de participar do teste de uma nova técnica de reabilitação de criminosos promovida pelo Ministro do Interior, a técnica Ludovico, baseada em terapia de aversão. Ele aceita a oferta, e o tratamento, muito divulgado pela imprensa, produz os resultados desejados. Alex é solto e tem de enfrentar vicissitudes diversas no mundo fora da prisão.

O filme contém cenas não apenas repulsivas ao extremo, mas também encolerizantes, como a de um estupro perpetuado por Alex contra uma mulher que ele enganou com uma história de acidente e necessidade de usar um telefone, a fim de que ela deixasse o rapaz e seus “drugues” entrarem na casa em que vivia com seu marido escritor famoso, e que fora brutalmente agredido pela patota e imobilizado por um de seus membros, de modo que nada pôde fazer a respeito do monstruoso estupro de sua mulher além de a ele assistir. Vale notar que foi ele quem autorizou a mulher a abrir a porta para eles, pois ela ficara relutante em fazê-lo e somente a abriu depois que o marido lhe perguntou quem estava à porta e ela lhe contou então o engodo de Alex. Mas a situação ainda fica mais revoltante: em um momento posterior da história, os caminhos de Alex e do escritor se cruzam, como que por forças do destino – chamadas “o escritor” (o leitor há de perdoar tão inofensivo gracejo) –, e então descobrimos que o último está em uma cadeira de rodas em decorrência dos golpes sofridos no episódio e que sua mulher não mais vive com ele, possivelmente – isso nunca é referido de forma explícita – por ter cometido suicídio.

Laranja Mecânica suscita no espectador grande temor, além de uma sensação quase igual à de desespero, porquanto todos sabem que Alex é, certamente, uma personagem fictícia, mas é também o retrato de pessoas que existem de fato: pessoas não somente dispostas, mas ávidas por praticar atos de extrema violência contra seus semelhantes. O filme deixa a face voltada para ele repleta de lágrimas, horror e suprema angústia, porque ela sabe que no mundo real, no mundo para o qual retornará uma vez cessada a exibição da obra de Kubrick, ela corre verdadeiramente o risco de ela própria ou alguém que ame ser a vítima – talvez não a primeira, e muito menos a última – de Alex DeLarge e ter a sua vida irreparavelmente lesada, quando não aniquilada.

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