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A Literatura e Dramaturgia

Por:   •  6/6/2023  •  Trabalho acadêmico  •  518 Palavras (3 Páginas)  •  43 Visualizações

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N1 Literatura e Dramaturgia

Pedro Younan Saiani

Em seu livro, “Sobre Shakespeare”, o crítico canadense Northrop Frye analisa a dramaturgia shakespeariana, oferecendo ao leitor um olhar compenetrante sobre as características do estilo dramatúrgico inconfundível desenvolvido por Shakespeare. Ao analisar a comédia “Sonhos de uma noite de Verão”, Frye aponta que as obras cômicas de Shakespeare, apesar de serem mais intrincadas do que as comédias romanas, obedecem o padrão composto pela Comédia Nova, geralmente.

 Frye descreve a Comédia Nova como sendo o conglomerado de vinte e cinco peças, sendo dezenove de Plauto e seis de Terêncio, adaptadas de uma geração de escritores gregos posterior a Aristófanes. A Comédia Nova, segundo Frye,  apresenta uma estrutura narrativa de uniformizada: a primeira parte onde uma situação absurda é imposta, a segunda parte composta por complicações individuais das personagens e uma terceira parte onde uma correção do enredo acontece, a situação proposta se inverte, e todos vivem felizes para sempre. Além dessa estrutura típica, há personagens que se repetem ao longo das obras da Comédia Nova: um jovem, um pai rígido que se enfurece ao ser contrariado e um criado astucioso que auxilia o jovem com um plano mirabolante.

Em “Sonhos de uma noite de Verão” a situação absurda que dá início à primeira parte da peça se dá quando o autor apresenta ao leitor uma confusão amorosa: Hérmia ama Lisandro, mas seu pai, Egeu, quer que ela se case com Demétrio que, por sua vez, é o grande amor de Helena. Para isso, Egeu recorre ao Duque Teseu para impor a Lei de Atenas sob Hérmia.

“Diante de Vossa Graça, se com Demétrio não quiser se casar, eu me reporto à antiga lei de Atenas que confere aos pais direito de dispor dos filhos. É a minha filha, posso dispor dela. Ou a entregarei a este cavalheiro ou a morte, o que, sem mais delongas, segundo nossa lei, deve ser feito”

(Shakespeare, 1600, p. 8)

 Graças a situação absurda desenhada na primeira parte, Hérmia e Lisandro fogem para a floresta, onde dá-se início à segunda parte. A confusão causada por Puck e Oberon aponta a inversão das identidades das personagens, mostrando as complicações que cada personagem terá que superar. Na terceira parte, como um passe de mágica, Oberon desfaz o feitiço e tudo acaba bem.

Dessa forma, é possível notar que a estrutura de “Sonho de uma noite de Verão”, em sua maior parte, obedece a estrutura da Comédia Nova, entretanto, não é sempre que essa forma de construção narrativa é obedecida por Shakespeare.  De acordo com Frye, alguns autores contemporâneos de Shakespeare se mantêm muito mais próximos de seus antecessores clássicos do que ele. Ao observar as obras icônicas do britânico, Frye afirma que Shakespeare parece não apreciar os enredos que dependem das armações do criado. Em suas peças, há criados astutos e audaciosos, todavia quase nunca interferem na ação principal do enredo. Além disso, quase nunca há espaço para o triunfo da juventude sobre a velhice. Na peça analisada acima, apesar de Hermia e Lisandro serem impedidos de se casar, a ação dramática gira em torno de Teseu, Hipólita, Oberon e Titânia.

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