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Arte-educação: Ativando Subjetividades por Meio do Uso da Metodologia dos Jogos

Por:   •  7/6/2022  •  Artigo  •  3.961 Palavras (16 Páginas)  •  100 Visualizações

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Arte-educação: ativando subjetividades por meio do uso da metodologia dos jogos

Kelly Cristine Cordeiro – UFRN/SEEC[1]

kellycristine@ufrn.edu.br

RESUMO

O presente artigo foi construído como resultado dos debates feitos no âmbito do componente curricular do Mestrado Profissional em Artes Visuais “Jogos e educação: uma relação possível” com o intuito de alinhar reflexões em torno do papel da arte em nossas vidas, a importância de seu conhecimento e produção na construção de nossas subjetividades e no incentivo à criatividade, consonante a diversos aspectos de nossas vidas e de nossa educação como instrumento promotor de cidadania. Nesse sentido, lançamos mão de elementos teóricos da arte-educação com o debate da abordagem triangular no ensino de artes e reflexões de como sua associação com metodologias ligadas à promoção de jogos pode auxiliar no ensino de artes e a promoção de habilidades com os quais este se conecta. Como resultado disso, ao final do texto, apesentamos um jogo que foi construído com o objetivo de servir de instrumento metodológico para a aprendizagem em Artes.

Palavras-Chave: Educação, artes, aprendizagem, abordagem triangular, arte-educação, jogos.

Um pouco sobre arte e subjetividade

As reflexões acerca do papel da arte em nossas vidas e na construção de sujeitos orbitam em torno de seu papel enquanto expressão simbólica da própria existência no tocante às representações que forjamos sobre o mundo e sobre nós mesmas, apontando para as dimensões do humano, inscritas no campo do capital cultural adquirido ao longo da vida e nos limites de nossas subjetividades.

A arte é um elemento que se inscreve na dimensão do humano para além de sua conceituação, ou seja, independente dos significados que possamos atribuir ao sentido contemporâneo da poiesis como o princípio humano do (re)criar os seus fazeres sobre o mundo e sobre si mesmo, ela existe em si, enquanto impulso humano da criatividade que se manifesta em todas as dimensões da vida.

Se colocada na sua dimensão canônica, a arte nos remete justamente à institucionalização dessa poiesis, mas que precisa ser pensada em sua própria contextualização sócio histórica, o que implica dizer que a arte existe, manifesta-se para além das teorizações, das escolas artísticas, dos grandes mestres, da profissionalização de si e de seus artífices.

É justamente essa dimensão capilar da arte enquanto poiesis da vida que nos permite refletir sobre sua penetração no nosso cotidiano e de como sua inserção nas práticas educativas, especialmente na escola, representa uma demanda inscrita no campo do desenvolvimento de habilidades sensíveis de convivência e aprendizagem e de formatação de representações de mundo.

A proposta é problematizar diferentes aprendizados em arte-educação, tomando a arte no sentido amplo da expressão da criatividade em seus limites e possibilidades. Se servindo, para isso, de diferentes perspectivas epistemológicas e metodológicas de acionamento deste elemento na medida em que se propõe indicar possibilidades de diálogo, articulação e elementos de distinção entre arte-educação e o uso de jogos como instrumento de aprendizagem em Artes, problematizando suas práticas pedagógicas e reflexões didáticas voltadas à promoção de uma prática de ensino capaz de lançar mão da ludicidade de jogos facilitadores da aprendizagem e a prática da arte-educação numa perspectiva de inovação didática.

As questões relativas ao aprendizado em Artes nos levam também a pensar a importância de seu ensino em nosso país como um instrumento educacional fundamental, apesar de comumente negligenciado, na formação de sujeitos afeitos ao exercício do pensar e da criatividade, vista de modo amplo, como algo fundamental numa educação que se queira realmente cidadã.

Arte-educação e aprendizagem:

A educação não se limita a dados e conhecimentos objetivos, o processo educacional não é vertical, um processo no qual, docentes seriam detentores de conhecimento em si e discentes seriam aqueles nos quais tal conhecimento seria depositado. Nesse sentido, Ana Mae Barbosa, influenciada pela teoria de Paulo Freire e pelos modelos americano, inglês e mexicano de aprendizagem, é uma das principais responsáveis pela propagação, no Brasil, desde o final da década de 1980 pela teorização da arte-educação, propondo uma abordagem mais humanitária e emancipadora: a abordagem triangular de ensino.

        Partindo de três eixos estruturantes para compor a triangulação no ensino de arte, o fazer artístico, a leitura (apreciação da obra) e a contextualização, a autora considera que:

O bom ensino de arte precisa associar o “ver” com o “fazer”, além de contextualizar tanto a leitura quanto a prática. Essa teoria ficou conhecida como “abordagem triangular”. Para se aprender, é preciso ver a imagem e atribuir significados a ela. Contextualizá-la não só do ponto de vista artístico, como também socialmente (BARBOSA, 2007, p. 03).

        

        Para fundamentar sua teoria a autora recorre, fundamentalmente, à pedagogia proposta por Paulo Freire, à medida que também dialoga com John Dewey e Elliot Eisner para alcançar e propor uma pedagogia mais horizontal e centrada no capital humano. Assim, aproxima Dewey e Freire ao conceituar a educação como intermediada pelo mundo que se vive, considerando as culturas presentes em todos os indivíduos envolvidos no processo educacional. Para ela a educação é interligada “pelo mundo que se vive, formatada pela cultura, influenciada por linguagens, impactada por crenças, clarificada pela necessidade, afetada por valores e moderada pela individualidade” (BARBOSA, 2005, p.12).

        A abordagem triangular do ensino da arte foi originalmente denominada Metodologia Triangular e posteriormente corrigida para abordagem ou proposta pela sua própria sistematizadora à professora e pesquisadora Ana Mae Barbosa, no final dos anos 1980.

Essa abordagem propõe que a composição do ensino de Arte seja elaborada a partir de três ações básicas que executamos quando nos relacionamos com arte. São elas: fazer arte, contextualizar (pode ser a mediação entre percepção, história, política, identidade, experiência e tecnologia) e ler obras de Arte.

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