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Desnaturalizar o olhar sobre as temáticas de gênero e sexualidade no processo educativo em artes visuais

Por:   •  1/11/2016  •  Artigo  •  3.335 Palavras (14 Páginas)  •  483 Visualizações

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1. Ensino das Artes Visuais 

Desnaturalizar o olhar sobre as temáticas de gênero e sexualidade no processo educativo em artes visuais

Resumo

O presente estudo tem por objetivo tensionar questões relacionadas à gênero e sexualidade como temáticas do processo educativo em artes visuais, a partir da perspectiva da cultura visual. A concepção de desnaturalizar perpassará a escrita deste artigo, pensado-a como um ato educativo, onde desnaturalizar-se significa deslocar o olhar para com o outro, em um movimento de relações, no qual faz parte deste processo a subjetivação. Aonde, busco nos meus estágios curriculares, investigar como ocorre essa subjetivação, por meio de imagens oriundas do campo artístico e da publicidade, sob a perspectiva de estudo da cultura visual. Em vista disso, desnaturalizar o olhar sobre estereótipos construídos a cerca destes artefatos culturais produzidos pela cultura, arte e publicidade, busca-se potencializar problematizações das temáticas de gênero e sexualidade no ambiente escolar, pois é no cenário educacional que encontramos também um espaço de produção do conhecimento e outros saberes. Neste sentido, este artigo é o resultado de um projeto de pesquisa e ensino do estágio supervisionado. A metodologia do trabalho admitiu a prática como pesquisa, a bricolagem, perspectiva cunhada por Kincheloe e Berry (2007) que consiste na flexibilidade de o investigador, fazer uso de diferentes abordagens metodológicas que dialogam entre si para dar conta de seu objeto depesquisa. Serve como meios na pesquisa, com o intuito de justapor diferentes ideias, conceitos e ações em relação as temáticas abordadas. Intuo a necessidade, nesses espaços de saberes, como é imprescindível trabalhar com as imagens, para estabelecer relações, a partir da visualidade, que instigue para outros apontamentos.

Palavras-chave: Gênero; Sexualidade; Desnaturalizar; Cultura Visual; Artes Visuais.

Gênero e sexualidade: como temáticas do processo educativo em artes visuais

A escola é um ambiente de pluralidade e quando falamos sobre educação é imprescindível relacionarmo-nos alguns temas contemporâneos, como: mídias, sexualidade, tecnologias, gênero entre outros. O cenário educacional é um espaço de conhecimento e saber, além disso, produz relações. Um espaço que tem responsabilidade pedagógica na formação de representações, subjetividades e referências de crianças e jovens. Com isso, ao tratar sobre arte, a imagem e suas múltiplas possibilidades, a partir da perspectiva da cultura visual, de acordo com Fernando Hernández (2007, 2009), estamos potencializando o pensamento entorno da imagem.

Compreendo que a produção de conhecimento e informações não se restringe apenas ao espaço escolar, mas em diferentes contextos. Partindo desse pressuposto, penso que a docência pode fazer uso desses espaços de saberes para servir como meio para trabalhar diferentes temáticas, aproximando o ensino das artes visuais de experiências de vida. A escolha pelas temáticas de gênero e sexualidade parte das percepções de intolerância à diversidade no cotidiano, que vem ocorrendo recorrentemente. Assim, penso como sendo papel da escola e consequentemente do professor, o desnaturalizar esses pré-conceitos arraigados em nossa sociedade.

A partir dessas trocas, vivências, experiências, problematizações é que ocorre o processo de subjetivação, levando em conta as teorizações de Michel Foucault (1985, 1988), são processos em que o indivíduo se constitui a partir do coletivo, em uma produção incessante que acontece a partir do encontro que vivemos com o outro. Esses modos de subjetivação que cooperam para produzir formas de vida e organização social distintas, no qual, somos afetados por concepções e ideias de diferentes vias, contribuem na constituição do sujeito e compreende enquanto regras e valores. Ao pensar sobre essas desnaturalização, entendo como um deslocar do olhar para com o outro, em um movimento de relações, no qual faz parte deste processo a subjetivação

Por conseguinte, para Foucault (1985), os modos de subjetivação envolvem fundamentalmente a produção de efeitos sobre si mesmo. E é a partir dessa perspectiva foucoultiana que buscamos trabalhar com as temáticas de gênero e sexualidade no cenário educacional, através destas concepções, do imaginário dos estudantes e de imagens publicitárias e do campo artístico, para promover diferentes questionamentos. De tal forma, procuro desconstruir ou estreitar a relação entre a arte, cultura visual e a produção de gênero e sexualidade, através das representações construídas por diferentes artefatos culturais, além das referências vivenciadas no cotidiano dos estudantes e artistas contemporâneos. Para Foucault (1985) o sujeito é constituído a partir de imposições que são exteriores, sendo compreendidas como produto das relações de saber e poder.

Somos produzidos por meio de experiências e forças exteriores, que nos afetam ou não, e que por sua vez tomamos como discurso. E esses discursos, reforçam quem somos. Assim como Simone Beauvoir, afirma que, “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher” (1980, p.9), essa frase teve um grande impacto em todo mundo, ganhando repercussão e força nos movimentos feministas. A questão de gênero é imprescindível no cenário educacional, pois estabelece expectativas culturais a respeito do que se espera de um homem e de uma mulher num determinado momento histórico. Contudo, o conceito de desnaturalizar o olhar a esses ‘modelos’ constituídos socialmente e historicamente, possibilita pensarmos além do que se é ao que não se é, mas do que se pode ser, ou ainda, deslocar as afirmações e relativizar. Como explicita Cunha e Rower:

Estranhar/desnaturalizar são atividades de pensamento, movimentos que  levam a outras formas de relação, de práticas. Estranhamento/desnaturalização, como ato pedagógico, configura-se como processos dissonantes, com fins indefinidos. ( p. 28, 2014)

O conceito de gênero surge a partir dos estudos e movimentos feministas para chamar atenção para o caráter social. Gênero refere-se a uma identidade adotada ou atribuída a uma pessoa, se trata ainda de uma construção cultural, social e histórica. Como Louro coloca, “gênero se constitui com ou sobre corpos sexuados, ou seja, não é negada a biologia, mas enfatizada, deliberadamente a construção social e histórica produzida sobre as características biológicas” (1997, p.22). Identidade de gênero é a forma como o sujeito, se enxerga, sente, identifica como fazendo parte, numa percepção pessoal, auto-intitulação, construções sócio-culturais, manifestações externas da personalidade que refletem essa identidade.

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