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FRAGMENTOS DE CULTURA

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Por:   •  28/6/2013  •  Artigo  •  4.546 Palavras (19 Páginas)  •  448 Visualizações

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FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 5/6, p. 447-460, maio/jun. 2008. 447

Resumo: o presente artigo faz uma leitura de quatro textos

escritos por Adorno e Horkheimer (‘Teoria tradicional e teoria crítica’

de 1936; ‘Elipse da razão’, de 1946; ‘Dialética do esclarecimento’,

de 1947; ‘Introdução à controvérsia sobre o positivismo na sociologia

alemã’, de 1968), evidenciando as críticas ao positivismo e problematizando

no embate com a dialética materialista.

Palavras-chave: teoria crítica, dialética, Adorno, Horkheimer

O procedimento matemático tornou-se, por assim dizer, o ritual do

pensamento. Apesar da autolimitação axiomática, ele se instaura como

necessário e objetivo, ele transforma o pensamento em coisa, em instrumento,

como ele próprio o denomina. (Adorno e Horkheimer)

Alex Santos Bandeira Barra

TEORIA CRÍTICA

E A CRÍTICA

A produção nas ciências humanas e sociais é marcada pelo confronto

entre os métodos de pesquisa. Com isso, a produção de conhecimento

científico está atrelada à compreensão dos métodos e, muitas vezes, isso não

é realizado de forma clara e correta.

Face a essa questão e no ímpeto de um exercício intelectual, este artigo

pretende discutir a relação entre o positivismo e o materialismo dialético, salientando

a importância do segundo para a compreensão da realidade. Para tanto,

seguir-se-á a linha de pensamento dos frankfurtianos Adorno e Horkheimer.

Na produção científica atual, percebe-se o predomínio do conhecimento

científico reduzido à técnica social, típico das ciências naturais que,

cotidianamente, permeia os objetos do conhecimento no campo das ciências

sociais. Segundo Ianni (1987, p. 232), a redução da ciência a um papel

AO POSITIVISMO

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de controle de utilidade na sociedade é prática das ciências naturais: “A idéia

de que a ciência deve ser útil e influenciar a sociedade – ou as relações dos

homens entre si, com a natureza e o sobrenatural – faz parte da ideologia de

cientistas e governos”.

O método dialético tem se afirmado – a partir da polêmica instaurada

pelo pensamento marxista – como uma proposta radical de pensar a realidade,

em contraposição a duas vertentes outras de pensamento1. De um

lado, o idealismo, e do outro o empirismo. Nessa controvérsia, o método

dialético inaugura a forma de apreensão do real concreta e objetivamente, ao

contrário da posição tomada nas concepções anteriores.

ESCOLA DE FRANKFURT2

Para a melhor compreensão da complexidade da problemática seguirse-

á a ordem cronológica dos textos Teoria Tradicional e Teoria Crítica e

Eclipse da Razão, ambos escritos por Horkheimer. Posteriormente, a Dialética

do Esclarecimento escrito por Horkheimer e Adorno e, por fim, Introdução

à Controvérsia sobre o Positivismo na Sociologia Alemã, de Adorno.

O método positivista é o método que permeia a organização do pensamento,

seja na produção científica que vigora na Universidade, seja na

influência nas organizações públicas e governamentais, como partidos políticos,

ONGs, sistemas de ensino, indústrias, meio de comunicação de massa,

etc. Há de se destacar que a difusão do positivismo nas organizações sociais

está recheada, de forma camuflada, da reprodução dos sistemas de poder, da

ideologização social e da manutenção dos status quo. Nesse sentido, a dialética

– método com o qual trabalharam os autores da Escola de Frankfurt – oferece

uma contribuição insubstituível de apreensão da realidade.

TEORIA TRADICIONAL E TEORIA CRÍTICA

O texto Teoria tradicional e teoria crítica, publicado por Horkheimer

em 1936, tece algumas considerações. O autor tece críticas à noção

cientificista, a-crítica, a-histórica, autoritária e aparentemente neutra do

método tradicional.

A expressão numérica, reduzida à lógica matemática da quantificação,

é parte do sistema positivista. “Também as próprias operações lógicas já estão

racionalizadas a tal ponto que, pelo menos em grande parte da ciência natural

a formação de teorias tornou-se construção matemática” (HORKHEIMER,

1983, p.120-1).

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Outra característica do positivismo é a ideologização social presente

neste pensamento. Segundo Horkheimer (1983), toda a ordem social desenvolvida

na sociedade

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