Filme Amadeus - Relação Kant

No filme “Amadeus”, que retrata a vida de Wolfgang Amadeus Mozart, narrado pelo personagem que representa Antonio Salieri, podemos observar a contradição entre dois sentimentos opostos. Primeiro a grande admiração que Salieri sentia por Mozart, perante suas composições ao mesmo tempo tão ousadas e harmônicas, e a inveja que sentia pela rapidez e facilidade na qual Mozart compunha brilhantes obras. Compreendemos que tal admiração é relativa ao lado racional de Salieri, que reconhecia o talento nato de Mozart ao admitir e compreender a qualidade de suas composições. Por outro lado, era tomado por algo não desejado, a inveja, sentimento irracional, que o fez tomar medidas drásticas, como a busca incansável da derrocada de Mozart. Notamos a figura de Salieri como uma balança, capaz de reconhecer o talento do compositor austríaco, porém, insensata ao fato de Mozart ter um dom tão almejado desde criança pelo italiano.

Pontuamos que a razão está para Kant como Deus esta pra Salieri, assim podemos reconhecê-la como um referencial do certo e do errado advertido por ambos. Os valores e conceitos cristãos, sempre agregados por Antoni Salieri eram parâmetros utilizados por ele ao pensar que era mais merecedor de dons divinos, no caso a música, do que Mozart. O italiano acreditava que por ter se tornado um grande estudioso da música, deveria então ser o escolhido como instrumento da “voz de Deus”. Não admitia o fato do jovem prodígio Wolfgang Mozart, uma “criatura tão obscena e imatura” fosse portador de tamanho talento. Considerava-se digno de posse do dom jamais lhe dado, o talento musical. Diante da ambição de Salieri, vimos um comportamento muito individualista e egocêntrico.

Quando idealizamos a filosofia moral de Kant, compreendemos que o conceito de liberdade não está fundamentado no conceito de individualismo e egocentrismo. No pensamento do filósofo, essa definição alcança um valor de coletividade e bem comum, portanto o comportamento de Salieri é contrário ao da liberdade, tanto é que, no final do filme “Amadeus” reconhece o seu castigo merecido, torturar-se durante anos em sua própria mente que se acusa da morte de Mozart.

Referências Bibliográficas:

- Filme “Amadeus”

- Livro “Teorias da Arte”, de Anne Cauquelin

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