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RESENHA CRÍTICA: A OBRA DE ARTE NA ERA DE SUA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA

Por:   •  29/9/2019  •  Resenha  •  1.726 Palavras (7 Páginas)  •  617 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

HAUDREY ZABADAL DE OLIVEIRA

RESENHA CRÍTICA: A OBRA DE ARTE NA ERA DE SUA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA

Florianópolis, Santa Catarina

2019

Walter Benjamin, no capítulo “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” do seu livro “Magia e técnica, arte e política”, faz diversas colocações sobre as revoluções geradas no meio artístico e social pelas inovações tecnológicas que possibilitaram a criação de cópias de obras de arte e um novo modo de se enxergar aspectos que antes eram vistos de modo tradicional e fixo por boa parte da humanidade.

Em uma breve introdução, o autor relaciona as condições produtivas do processo da reprodução técnica com os estudos de Karl Marx sobre o modo de produção dentro da sociedade capitalista e industrializada e, da relação feita nesses estudos entre proletariado e mudanças tecnológicas, Benjamin introduz também a interação entre a revolução da reprodutibilidade artística e da sociedade para então desenvolver esse capítulo através de fragmentos divididos em temas.

No primeiro deles, já diretamente nomeado “Reprodutibilidade Técnica”, é apresentada a evolução dos meios de reprodução ao longo dos séculos e as mudanças geradas por ela. Por mais básicas e dificultosas que as primeiras técnicas de cópia pudessem ser, tais fizeram grande diferença em suas respectivas épocas e pequenos contextos. Por outro lado, também é apresentado o contraste entre esses processos e as novas formas de reprodução técnica, com os pulos entre tecnologias e avanços que geraram, como a possibilidade de produção em massa e comercialização realizada pela litografia.

Na leitura do fragmento intitulado “Autenticidade” pode-se concluir que a história da obra, os processos pelos quais passou e o momento único de sua construção e existência inicial, são elementos carregados apenas pela versão original dela, todas as cópias realizadas posteriormente serão reproduções de um resultado finalizado, estético e puro e, por mais significativas e impactantes que possam ser, não mostrarão toda a expressão, sentimento, detalhe, esforço e trabalho realizados, na mesma intensidade que a primeira arte feita é capaz de mostrar.

Entretanto, enquanto na reprodução manual cópias são tidas como falsificações, na reprodução técnica tal visão não ocorre, pois nesse processo podem ser realizadas aproximações com os espectadores, modificações que acrescentam elementos e intensificam o poder de impacto da obra original, mesmo que ainda não tenham a capacidade de passar o momento específico e significativo que a primeira versão sempre apresenta.

Pode-se também se observar, ao decorrer do capítulo como um todo, a frequente observação que é colocada aos diversos processos de reproduções de obras de arte, que diz respeito à capacidade de acessibilidade. Nas épocas anteriores às invenções de máquinas como a prensa, a disseminação do conhecimento artístico era extremamente limitada, quase nunca alcançando grupos sociais específicos e inferiorizados e reservando-se quase exclusivamente aos ricos e membros da igreja.

Quando as cópias começaram a ser realizadas o alcance do impacto das obras de arte ganhou um aumento considerável e aqueles que eram excluídos de tais atividades agora possuíam uma capacidade muito maior de enxergar o mundo através de trabalhos que antes estavam longe de sua visão e vivência, agregando possibilidades como um maior desenvolvimento de senso crítico e de diferentes modos de enxergarem o mundo.

Benjamin, ainda nesse fragmento, coloca que a autenticidade e a aura da obra acabam se perdendo na reprodução técnica, cria-se um novo conceito, uma visualização do trabalho artístico como um todo com vários exemplares e não mais como uma única coisa exclusiva e autêntica. O autor descreve que esse acontecimento quebra uma antiga tradição e cria uma nova que acompanha o desenvolvimento tecnológico, social e psicológico da humanidade, relacionando-o ao moderno “movimento de massa” e exemplificando-o com o cinema e sua forte quebra de diversos padrões.

No seguinte fragmento, “Destruição da aura”, observa-se a modificação da percepção humana com o passar do tempo e o modo como essa mudança é influenciada pelos acontecimentos históricos e pelas alterações ocorridas no universo artístico, também ocorrendo a definição, por parte do autor, da palavra “aura”, relacionada anteriormente com a autenticidade e agora explicada como “uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja”.

Pode-se concluir então, conforme a leitura desse fragmento, que há um declínio da aura com o início da reprodutibilidade técnica e que tal declínio se dá pelo fato de o sentimento, expressão, poder e identidade estarem presentes apenas no elemento original e não em suas cópias.

Compreende-se que o autor apresenta uma verdade inegável: quanto mais reproduções são realizadas de uma obra mais genérica ela se torna, sua identidade e sua magia vão se perdendo, pois tal está em tantos lugares ao mesmo tempo, em tantas qualidades e tamanhos diferentes, que já não é mais tão única e surpreendente como costumava ser em sua forma original.

Há sim uma grande vantagem e qualidade na questão do alcance direcionado às massas e na possibilidade de aproximação com a arte gerada e tal fator não deve ser ignorado tampouco desvalorizado, mesmo que não possamos discordar da óbvia perda de unidade que inevitavelmente existirá. A questão que deve ser levantada é a de que talvez exista a possibilidade de tal “prejuízo” valer a pena no final das contas, dependendo do contexto e dos motivos, a necessidade saciada e o acréscimo gerado pelo alcance às massas possuem o poder de compensar o choque da troca de uma unidade por uma pluralidade.

Após discorrer vários fragmentos já abordando a temática do cinema e da fotografia, Benjamin apresenta um fragmento, ainda sobre esse assunto, intitulado “Camundongo Mickey” no qual mostra possuir uma opinião bem controversa, fria e até um tanto parcial sobre o recente universo criado pelo mundo cinematográfico, criticando, principalmente, a companhia de criação de mídia “Walt Disney”.

Apesar de colocar posicionamentos muito válidos e verídicos, principalmente no início do fragmento, o autor também usa títulos como “Fantasias sadomasoquistas” para descrever os trabalhos da própria Disney, observando apenas pelo lado de tais produções serem como anestésicos, disfarces da realidade e ilusões direcionadas às massas que, apesar de serem fatores reais, de fato aplicáveis a empresas desse tipo, não anulam o lado de que trabalhos realizados por essa companhia e por muitas outras são também socialmente importantes e impactantes e muitas vezes possuem conteúdos que vão além do simples entretenimento, distração e fantasia.

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