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A DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA

Por:   •  26/9/2017  •  Resenha  •  2.725 Palavras (11 Páginas)  •  435 Visualizações

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

CURSO DE EDIFICAÇÕES - DEC

DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA – ÉTIENE DE LA BOETIE

DISCURSO DA SERVIDÃO VOLUNTÁRIA

Pesquisa apresentada como trabalho parcial do 2º Bimestre de 2017 na disciplina “Legislação”, ministrada pelo Professor Juracy Coelho Ventura.

Aluno: Arthur Handerson Gomes Silva

Turma: Edificações 3B

Belo Horizonte, xx/07/2017

  1. Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo expor e explicar os principais conteúdos e variáveis na obra de Etienne de La Boetie – Discurso da Servidão Voluntária –, demonstrando as relações de poder entre o tirante e o súbito e discutindo sobre a natureza humana abordada pelo autor

  1. Introdução

A obra de Etienne de La Boetie, Discurso da Servidão Voluntária, consiste em uma análise da política e da natureza humana, que se centra na desigualdade entre governantes e governados (ou súditos e tirano) e por quais motivos os indivíduos determinam uma relação voluntária de súdito. No discurso, o autor investiga os motivos pelos quais levam a população a se permitir escravizar, cega e voluntariamente, a se dispor a servir.

  1. Desenvolvimento da resenha

O início do discurso está marcado por um esclarecimento a respeito da figura do mandatário único em um governo, quando diz que “Vistas bem as coisas, não há infelicidade maior do que estar sujeito a um chefe; nunca se pode confiar na bondade dele e só dele depende o ser mau quando assim lhe aprouver.” É parte da natureza do poder a possibilidade da perversão daquele que o exerce, e La Boetie é claro quanto a isso, sendo que o espaço pelo qual o poder é exercido irá permitir essa perversão, de tal forma que quem o coloque naquele lugar deve estar ciente disso. O autor explica que não o discurso não se trata de discutir a respeito das formas de governo e delimita o campo de estudo para um problema específico, ainda que mais à frente volte a falar sobre o problema do governo de um ou de muitos.

As caracterísitcas do poder vão ser discutidas quando se afirma que  “Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só homem cujo poder não deveria assustá- los, visto que é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata desumana e cruelmente.” O poder vem propriamente dos homens e parece que esse poder foi transferindo, mantendo o tirano em sua posição de soberano. Se esse poder foi realmente entregado, o tirano faria uso dele contra os homens e estes não teriam poder sobre ele, entretanto, como diz o autor, os homens aguenta o tirano porque eles seguem detendo o poder. É diferente do caso em que se obriga uma nação à força, o que foi abordado pelo autor. Desta forma, nenhum governo pode se manter sem colaboração – ativa ou passiva – dos governados; ninguém pode mandar se não se obedece, ou melhor, se não se ouve a um absoluto. Existe um espaço a partir do qual se faz uso do poder que os homens oferecem, sendo esse espaço mantido por esses mesmos homens, que devem se converter em súbitos quando garantem esse espaço a um homem; entretanto, mesmo a pessoa mais amada pelo povo, ao ser colocado nessa posição de poder, irá se converter em tirano. Dessa forma, estabelecendo a natureza do poder e do exercício do governo, o autor continua a estabalecer o problema e as condições pelos quais gera esse mal: “Que nome se deve dar a esta desgraça? Que vício, que triste vício é este: um número infinito de pessoas não a obedecer, mas a servir, não governadas mas tiranizadas, sem bens, sem pais, sem vida a que possam chamar sua?” Se o homem é naturamente livre, como é possível que não se aproprie de sua liberdade voluntariamente?

A liberdade é natural no homem e o faz mais valente, o que é claro quando se exemplificam as batalhas nas quais um pequeno exército de homens que lutam pela liberdade podem ganhá-la de um grande exército, devido à ambição de ganhar a liberdade. Entretanto, essa liberdade – que é natural no homem e o faz mais valente – é privada por apenas um homem, que utiliza de meios para diminuí-la, sendo esses meios definidos pelos próprios súditos.

Para o autor, para compreender a natureza da liberdade e dos modos pelos quais fazemos que percamos a liberdade, é necessário que não abandonemos a liberdade e, como dito posteriormente, o poder do tirano é como um fogo que cresce quando o alimentamos, já que esses tiranos na medida que são mais cruéis com os seus súbitos mais são servidos; sendo como o fogo quando o deixarmos de alimentarmos, o tirano quando deixar de ser servido irá perder seu poder. Sendo assim a força que tem o tirano não é própria, é proveniente dos membros de uma nação: “Esse que tanto vos humilha tem só dois olhos e duas mãos, tem um só corpo e nada possui que o mais ínfimo entre os ínfimos habitantes das vossas cidades não possua também; uma só coisa ele tem mais do que vós e é o poder de vos destruir, poder que vós lhe concedestes.”

        Portanto, essa é a força do tirano, o poder dele emana dos homens da nação que, voluntariamente, o sustentam. O autor fala então sobre deixar de manter, servir, entretanto, não através de violência, mas através de desobediência; se dependem do homen, então que deixe de mantê-lo. Então, para o autor, para a cabar com qualquer tirania, não é necessário lutar diretamente, basta não obedecer às ordens e parar de servi-lo. Sendo natural o amor à liberdade, o povo se submete voluntariamente a um tirando, perdendo a condição de se libertar, e essa é a reflexão de La Boetie.

        Boetie afirma “Antes demais, eu creio firmemente que, se nós vivêssemos de acordo com a natureza e com os seus ensinamentos, seríamos naturalmente obedientes ao país, submissos à razão e de ninguém escravos.” e “Uma coisa é claríssima na natureza, tão clara que a ninguém é permitido ser cego a tal respeito, e é o fato de a natureza, ministra de Deus e governanta dos homens, nos ter feito todos iguais, com igual forma, aparentemente num mesmo molde, de forma a que todos nos reconhecêssemos como companheiros ou mesmo irmãos.” Essa noção de igualdade discutida pelo autor é importante porque, mais à frente, as condições de força de alguns e as qualidades distintas entre os homens são discutidas, que não há uma necessidade de que alguns se imponham a outros, podendo se viver e trabalhar fraternamente em comunidade, de tal maneira que essa igualdade é própria da natureza humana e da liberdade também.

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