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A ECONOMIA DO COMPARTILHAMENTO E A UBERIZAÇÃO: AS NOVAS ONDAS DO TRABALHO PRECARIZADO

Por:   •  5/12/2018  •  Resenha  •  3.408 Palavras (14 Páginas)  •  262 Visualizações

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A ECONOMIA DO COMPARTILHAMENTO E A UBERIZAÇÃO: AS NOVAS ONDAS DO TRABALHO PRECARIZADO

Marcos Paulo Alves de Freitas

marcpaf3@gmail.com

Resumo

A economia do compartilhamento tem como o seu maior expoente o aplicativo de transporte de passageiros UBER (empresa multinacional prestadora de serviços na área do transporte privado urbano), detém grande parte do mercado dos aplicativos, tendo como meta a precarização das relações de trabalho criadas pela empresa (onde nega qualquer vínculo empregatício), e como tais relações oferecem mazelas à sociedade e aos motoristas, gerando uma grande informalidade, já que são denominados parceiros pela empresa. A economia do compartilhamento onde está inserido o UBER está em constante mudança sendo um modo de negócio com empresas que oferecem serviços para as questões cotidianas, a verdade é que esses usos das tecnologias vêm precarizando as relações trabalhistas, por intermédio do encanto ilusório, pensamento de liberdade por não ter empregador. Ao tempo em que se livra do vínculo empregatício, a uberização mantém de forma um tanto evidente, o controle, gerenciamento e fiscalização sobre as relações de trabalho, aliada com a ideia de empreendedor de si mesmo, ser o próprio patrão.

Palavras chaves: trabalho precário – precarização – economia do compartilhamento -  uberização – vínculo empregatício.

Área do Conhecimento: Ciência Política; Sociologia Política.

Introdução

Desde o final do século XX, a crise que afronta as relações de trabalho vem sendo trabalhada e refletida pela classe acadêmica.

Essa crise implica o esfacelamento do modelo que prevaleceu em parte considerável do século passado, caracterizado pelo emprego formal, pela representação sindical, além da associação entre a identidade dos cidadãos e sua ocupação profissional.

O presente trabalho tem como objetivo mostrar a economia do compartilhamento e a uberização, tendo como base o trabalho precarizado dos motoristas do aplicativo de transporte de passageiros UBER. Verificando a precarização das relações de trabalho criadas pela empresa (onde nega qualquer vínculo empregatício), e como tais relações oferecem mazelas à sociedade e aos motoristas, gerando uma grande informalidade, já que são denominados parceiros pela empresa.

Muitas dessas transformações ocorreram com a popularização e a conexão constante de dispositivos comunicacionais digitais e a internet.  

É necessário verificar que temos ao mesmo tempo o lento fim dos empregos e o enfraquecimento das fronteiras entre o trabalho formal e o trabalho precarizado. Além disso, os dispositivos tecnológicos e a rede vêm propiciando o surgimento de novos modelos de trabalho e de exploração de serviços.

        Verifica-se que na proporção em que se desenvolve a burguesia, ou seja, o capital, desenvolve-se  também o proletariado, a classe dos trabalhadores modernos, que subsistem na medida em que encontram trabalho na medida em que o seu trabalho aumente os lucros do grande capital. (MARX, 2002)

        É necessário entender que tanto o material do trabalho como o homem enquanto sujeito é ao mesmo tempo resultado e ponto de partida. O caráter social de todo o movimento, assim como a própria sociedade que produz o homem. (MARX, 1978)

A Economia do compartilhamento é um moderno tipo de negócio com entes que oferecem serviços para troca no cotidiano. (SLEE, 2017, p. 21)

        Os defensores da uberização descrevem a economia do compartilhamento como um novo tipo de negócio, sendo visto como um movimento social. (SLEE, 2017, p. 21)

        Uma fusão entre comércio e mundo digital, a web promove um mundo melhor e mais igualitário, não apenas informando, mas criando um novo paradigma na sociedade inteira. (SLEE, 2017, p. 32)

A Economia do Compartilhamento não surge com o universo da economia digital: seus paradigmas estão em formação desde os meados do século XX no mundo do trabalho, mas hoje se materializam nesta parte do mercado.

Vimos que o valor da força do trabalho é determinado pelo valor de artigos de primeira necessidade ou pela quantidade necessária a sua produção. (MARX, 1978)

Somente o trabalho que produz todos os elementos da riqueza e que os combina até em suas últimas moléculas, segundo uma lei de proporcionalidade variável. (MARX, 2007)

         A precarização do trabalho não é novidade. A ideia da globalização e a modernidade líquida, não combinam com direitos e vínculos empregatícios sólidos. (BAUMAN, 2001)

Verifica-se  as tentativas de reorganização e adaptações desta relação, de modo que o grande favorecido seja o grande capital. O que existe de novo é o uso das novas tecnologias a serviço dessa matemática perversa.

Essa produção só aparece com o aumento da população. Esta pressupõe, por sua vez, o intercâmbio dos indivíduos entre si. A forma desses intercâmbios se acha, por sua vez, condicionada pela produção. (CASTRO, 2013)

É necessário entender que a força de trabalho ou capacidade de trabalho se estabelece como o complexo [Inbegriff] das capacidades físicas e mentais que existem na corporeidade [Leiblichkeit], na personalidade viva de um homem e que ele põe em movimento sempre que produz valores de uso de qualquer situação. (MARX, 2012)

Verifica-se que as empresas-aplicativo têm pouca materialidade, sem lojas físicas, mas com altíssima visibilidade no mundo digital. A empresa Uber tem tamanha atuação pelo mundo que torna hoje cabível utilizarmos o termo em questão.

A uberização deixa muito evidente uma relação claramente tenebrosa, entre desenvolvimento tecnológico e a precarização do trabalho. (SLEE, 2017)

Sendo fundamental para compreender a uberização é retirar de cena a inovação tecnológica para observar o que há de mais precário e a retirada dos fundamentos sociais constitucionais no mundo do trabalho.

O trabalho consiste antes de tudo, em produzir meios de sobrevivência das pessoas, suprindo as necessidades, pode ser dito que existe uma sociedade justa, onde a utilidade estabelece o valor, o trabalho fixa a sua relação e o preço traduz essa relação. (MARX, 2007)

É necessário que se entenda a luta das pessoas pela sobrevivência, sendo condicionada a economia do compartilhamento e ao trabalho precarizado. (ABÍLIO, 2014)

É necessário salientar que a força de trabalho existe apenas como disposição do indivíduo vivo. A sua produção pressupõe, portanto, a existência dele. Dada a existência do indivíduo, a produção da força de trabalho consiste em sua própria reprodução ou manutenção do trabalho. Para sua manutenção, o indivíduo vivo necessita de certa quantidade de meios de subsistência como alimentação, vestuário e moradia. (MARX, 2012)

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