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A Identidade à flor da pele

Por:   •  13/4/2018  •  Projeto de pesquisa  •  1.844 Palavras (8 Páginas)  •  96 Visualizações

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RESUMO

Sabemos que nos dias atuais a tatuagem ainda carrega, estereótipos, estigmas e preconceito. Por mais que tenha seus significados culturais e sociais ainda está visível a segregação que muitas pessoas sofrem pelo simples fato de possuírem uma tatuagem. O mercado de trabalho por sua vez, condiciona e reproduz o padrão visual que o indivíduo deve portar, claro que o uniforme ou uma rede no cabelo são normas, mas, e quando falamos que esse mesmo mercado condiciona o individuo fisicamente desde como ele deve portar a qual deve ser sua aparência, exercendo um poder sobre o mesmo. Através de uma entrevista estruturada fechada e com o resultado, relacionar com os conceitos de poder, corpo para Foucault.

Introdução

Diante de nossa realidade social, o mercado de trabalho nos dias de hoje ainda é muito parcial, seja em relação as suas vestimentas, corte de cabelo e tatuagens. Um breve exemplo, é na hora de uma entrevista de emprego, onde há uma relação de poder entre empregado e empregador, o empregado é submetido a ir “adequadamente” para a entrevista, barba e cabelo feito, uma vestimenta adequada e se possível, uma que “cubra a tatuagem no antebraço” se a pessoa possuir. Simplificadamente, o empregador faz com que o empregado esconda as características de seu próprio corpo, exercendo assim, poder e influência sob o corpo. Portanto buscou-se reunir dados e informações com o intuito de responder o seguinte problema da pesquisa: “ocorre de fato submissão ou condicionamento do indivíduo por parte do mercado de trabalho? Em relação a sua aparência”.

Com base nessas considerações, o presente trabalho visa responder a seguinte pergunta: “que estratégia os indivíduos encontram para burlar e normatização da aparência no mercado de trabalho?”.

Em nossa sociedade atual a tatuagem é reconhecida como forma de expressão ou embelezamento, embora o preconceito ainda esteja enraizado, hoje ele não está tão presente. Mas essa mínima parcela que resta de estigmas e pré-julgamentos vai enfatizar a discussão no presente artigo, pois a segregação em relação a tatuagem ainda está presente quando falamos de mercado de trabalho. Sendo o foco desse artigo mostrar o poder que a sociedade exerce, condicionando o individuo muitas das vezes a não fazer uma tatuagem ou fazer em “um lugar escondido”, com a justificativa de que o ato de se tatuar pode comprometer a vida profissional.

O indivíduo na sociedade, é um resultado de vários processos de objetivação, visto que esses processos acontecem por meio de redes de poderes, visando condicionar o mesmo a determinada ação ou pensamento, capturar, dividir e classificar o indivíduo. O corpo é alvo do poder, pois ele pode ser moldado, através de técnicas de dominação, não que isso seja dos dias atuais, mas é na contemporaneidade que o corpo passa a ser estudado, dividido, separado, medido, investigado precisamente nos mínimos detalhes.

Dentro desse mesmo cenário de dominação e condicionamento dos corpos tatuados, o poder exercido pelo meio externo (mercado de trabalho) causa a subordinação e controle dos corpos tatuados.

Este trabalho, portanto, segue no sentindo de comparar os conceitos de poder, corpo, legitimação, dominação e condicionamento para Foucault, com resultados de entrevistas de pessoas que se sentiram ou não condicionadas em relação ao ato de fazer uma tatuagem.

Justificativa

O que me impulsionou a fazer esse trabalho foi entender que apesar do que parece, não temos uma total liberdade, muito menos autonomia sobre o próprio corpo. 

Quis desenvolver esse trabalho também, por conta do meu apreço por tatuagens. Principalmente em minha adolescência, sempre tive curiosidade de saber como eram feitas e até em possuir algumas. Decorrente disso, com meus 15 anos fiz minha primeira tatuagem, com o consentimento dos meus pais. Com o passar do tempo fui adquirindo em meu corpo mais e mais tatuagens e nesse tempo, principalmente no período escolar, sempre houve questionamento e comentários por parte dos meus professores e colegas, como coisas do tipo “e seu futuro profissional?” “você não vai conseguir emprego se tatuar um lugar visível”, até em casa isso era recorrente.

Isso me levou a me questionar “somos ou não somos donos de nossos próprios corpos?” “podemos ou não podemos fazer o que queremos com o mesmo?” e não apenas no sentido de tatuar o corpo, mas no jeito que usamos o cabelo ou até mesmo como nos vestimos.

Outro motivo pelo qual desenvolvi esse trabalho, foi porque há mais ou menos dois anos estou exercendo a profissão de tatuador, ainda estou na etapa de aprendiz, recebo em torno de dois clientes por semana, a maioria por indicações de amigos. Sempre tento estabelecer um vinculo com o cliente, jogar uma conversa fora quando posso, pois, tatuar exige concentração.

Enfim, na maioria das vezes em que marco uma tatuagem, faço um orçamento, as pessoas preferem tatuar um “lugar escondido” (perna, peito e etc). Eu já tinha um breve pressentimento de que era por conta da vida pessoal ou até mesmo do mercado de trabalho, e na hora de tatuar, quando estabeleço uma relação na conversa, o cliente, muita das vezes me confirma esse fato de que ele está tatuando um lugar discreto por conta de sua vida profissional. Isso me fez pensar a respeito do preconceito e da segregação que pessoas tatuadas sofrem ao decorrer de sua vida, seja profissionalmente ou até mesmo em relação com a polícia.

No caso da policia posso dizer por experiencia própria que ainda há muito preconceito instaurado nessa instituição, é muito difícil eu andar tranquilamente na rua sem ser abordado, me revistarem, conferirem meus documentos, ou até mesmo quando relato meu que faço um curso superior há uma espécie de hesitação por parte dos policiais. A tatuagem aqui basicamente servindo como lanterna para enxergar o preconceito que ainda está nas entranhas de nossa sociedade.

Falando em termos técnicos, para uma melhor compreensão do corpo tatuado, devemos analisar historicamente alguns conceitos de corpo e tatuagem.

A tatuagem, um fato social, está ligada intrinsicamente a constituição de características de uma pessoa ou um povo, porem ela ainda é alvo de crendices. A arte da tatuagem é uma prática milenar utilizada por vários povos, com diferentes fatores, além de expressar os fatos da vida biológica como; nascimento, puberdade, morte, sendo utilizada em rituais e associação do indivíduo ao seu grupo de pertencimento.

Já na modernidade a tatuagem se concretiza como fato social, já que podemos a relacionar com coercitividade, generalidade e exterioridade. Desse modo as marcas corporais vão ser decisivas para a formação da identidade individual e coletiva.

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