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A METODOLOGIA DE PROJETOS E SUA RELAÇÃO COM A FORMAÇÃO EMANCIPATÓRIA DOS ALUNOS DO PROEJA

Trabalho Escolar: A METODOLOGIA DE PROJETOS E SUA RELAÇÃO COM A FORMAÇÃO EMANCIPATÓRIA DOS ALUNOS DO PROEJA. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  22/7/2013  •  5.799 Palavras (24 Páginas)  •  558 Visualizações

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1 – Apresentação

Este estudo é parte das pesquisas desenvolvidas no âmbito do Programa de Integração da Educação Profissional Técnica de Nível Médio ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA). Tem como objetivo investigar, por meio das representações dos alunos, se a prática pedagógica denominada Metodologia de Projetos realizada nos cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) contribui para a formação emancipatória, uma vez que essa proposta tem sido alvo de questionamentos e críticas freqüentes por parte da comunidade escolar, dada sua divergência em relação à pedagogia conservadora que, historicamente, configurou o cenário educacional deste CEFET.

Os dados foram obtidos a partir dos documentos institucionais e de depoimentos relatados em entrevistas com professores, nas observações dos encontros pedagógicos. Para traçar a representação social dos estudantes a respeito dos projetos, utilizamos a técnica do grupo focal .

As questões que nortearam esta pesquisa são:

a) Quais as representações dos alunos sobre os projetos realizados nos cursos do EMJAT/PROEJA ?

b) A participação nesses projetos contribui para a formação emancipatória dos estudantes?

2 A Experiência do EMJAT/PROEJA no CEFET com a Metodologia de Projetos

O EMJAT surgiu em 2001 como experiência voluntária de um grupo de professores, objetivando formar cidadãos conscientes do seu papel social, capazes de promover melhorias nas próprias vidas e de contribuírem para o crescimento da sociedade. O curso deveria proporcionar aos jovens e adultos trabalhadores marginalizados do processo educacional, a conclusão do ensino médio e o ingresso opcional em um curso técnico do CEFET, mediante seleção interna.

Ciente do modelo tecnicista e tradicional que prevalecia na instituição e de que a EJA necessita de estratégias apropriadas, o grupo responsável pela implantação do curso procurou construir um projeto educacional centrado ser humano e que atendesse as especificidades cognitivas dos jovens e adultos trabalhadores.

Essa experiência pedagógica foi o embrião para a organização e funcionamento dessa modalidade de ensino no CEFET. As propostas discutidas e as atividades colocadas em prática foram sistematizadas e sustentadas em três eixos geradores distribuídos assim: I – “O homem inserido na casa”; II – “O homem inserido na comunidade” e III - “O homem inserido no mundo globalizado”. Com essa proposta esperava-se que os conhecimentos das diversas áreas do saber seriam integrados na construção do projeto com temas escolhidos pelas turmas e, cuja construção de conhecimentos era consolidada sobre bases científicas e humanísticas.

Embora a formação acadêmica dos personagens envolvidos nesse trabalho, tivesse sido fragmentada e descontextualizada e ninguém ainda havia vivenciado práticas epistemológicas menos tradicionais, optou-se pela Metodologia de Projetos, pois acreditavam que essa estratégia procurava expor o aprendiz a situações de vida que lhe permitia construir e solidificar conhecimentos entrelaçados com atitudes de cidadania indispensáveis ao desenvolvimento humano. Essa visão epistemológica buscava construir e reconstruir conhecimentos num processo de ação interativa e cooperativa entre seus agentes.

O primeiro contato dos estudantes com os projetos ocorre por ocasião do “Projeto Boas Vindas”. São dois dias em que assistem a palestras sobre o funcionamento da escola e apresentações dos dirigentes, pedagogos e professores. A equipe apresenta a matriz curricular e comenta sobre os projetos que serão realizados durante os cursos.

Do segundo período em diante, nas aulas da disciplina Metodologia de Projeto, iniciam-se as primeiras discussões sobre os projetos, quando surgem questionamentos e idéias a respeito do tema da pesquisa. Define-se um problema ligado ao cotidiano social e que satisfaça três prerrogativas: 1) ser factível ou viável, 2) ter caráter social e 3) ter relação com o curso técnico. Para ilustrar os problemas abordados têm-se como exemplos os resultados dos trabalhos de 2007: a) elaboração de “Cartilha de Normas Técnicas de Segurança no Trânsito”, b) criação de uma “Cooperativa de Segurança do Trabalho”; b) “Automação no Tratamento de Água e Esgoto”; c) “Dependência Tecnológica – um olhar psicossocial”; d)“A Metalurgia Aplicada na Construção de Moradias Populares”; e) “A Qualidade de Vida do Trabalhador da Construção Civil” (focando o estresse sofrido por esses profissionais) e o “Uso de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) na Construção Civil”; f) Ervas – Uma Alternativa para a Higiene.

A delimitação do tema é baseada na sua viabilidade de concretização, dados os diversos fatores limitantes, tais como, disponibilidade de tempo e recursos materiais. Os alunos são estimulados a pensar sobre sua relevância social, sua aplicabilidade e em assuntos relacionados ao curso que fazem.

Em seguida os alunos iniciam a pesquisa teórica, recorrendo à internet, jornais, revistas e bibliotecas. Esta fase é quase que integralmente, desenvolvida de forma autônoma e sem ela o projeto não é fecundado, pois dela obtém-se a teoria que sustentará o tema estudado. Os dados de campo são oriundos de depoimentos de colegas, de instituições como ONG’s, cooperativas, associações, órgãos públicos e privados, etc. A pesquisa é bastante intensa, necessitando orientação dos professores, o que nem sempre acontece. De acordo com os relatos, existe uma carência de medidas para efetivar a participação dos professores nos projetos, o que tem sido alvo das discussões coletivas e preocupação por parte de alunos, docentes e equipe coordenadora.

Nesse contexto, procura-se efetivar o “questionamento reconstrutivo”, recomendado por Demo (2002) que começa com o saber procurar e questionar, o que pressupõe um novo perfil de educador, capaz de buscar informações sobre novos modos de ensinar e aprender. Afinal o desafio consiste em ensinar a pensar, o que exige que se formem cidadãos reflexivos e capazes de interagir com o mundo, que se arrisquem na busca de novos conhecimentos, conforme explica o autor.

Na interlocução com alguns professores constatamos que os estudantes não têm o hábito da leitura, apresentam dificuldades de interpretação e de trabalhar em equipe, fato que possivelmente se deve: ao tempo de afastamento da escola; à dificuldade de se reunir extra-sala de aula; à escassez de tempo para se dedicar aos estudos e à formação fragmentada

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