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A crise nas Ciências e a escola

Por:   •  14/4/2016  •  Artigo  •  2.840 Palavras (12 Páginas)  •  297 Visualizações

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Universidade Federal de Pernambuco

CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE METODOS E TÉCNICAS DE ENSINO

Disciplina: Metodologia do Ensino de Ciências Sociais 1

Docente: Cristiano de França Lima

José Ribeiro de Santana Neto

Leandro Menezes Oliveira

Os efeitos da crise da Ciência moderna no ensino das Ciências Sociais e a Música como uma das alternativas a desconstrução do sistema   “bancário” da educação.

 Resumo

           Este ensaio pretende discutir primeiramente o cenário atual do ensino das Ciências Sociais a partir da discussão de um provável ponto inicial de ascensão da credibilidade das Ciências da natureza em detrimento das Ciências Humanas, originado a partir da crise da Ciência moderna. Sendo o ensaio finalizado com uma análise sobre a música “Monólogo ao pé do ouvido” e sua carga histórica e cultural, nos levando a refletir sobre desigualdade social e citando líderes revolucionários, Chico Science expressa o sentimento de mudança da realidade cruel.

 Da revolução à crise

   

         O que se entendia por Ciência antes do século XVI tem que ter seus méritos reconhecidos, quer seja pela perseverança de estudiosos em tempos obscuros, quer seja por ter feito frente à tirania de monarcas e líderes religiosos. Mas havia no pensamento desta época um caráter teórico praticamente nulo, ou no mínimo, não reconhecido. Tal caráter pode ser remetido diretamente à ligação que se fazia entre as ciências diversas e a Filosofia.

             A partir do século XVI começam a surgir os aspectos fundadores da Ciência moderna, tendo como principais patronos Galileu, Bacon e Descartes. A Ciência ganhava então certo rigor teórico, necessidade de método e um incremento matemático. Tal revolução no modo de fazer ciência veio a contemplar de forma notável as ciências naturais e exatas, o que não causa surpresa, pois como seus próprios representantes fazem questão de salientar: tais aspectos que vinham a dar credibilidade às pesquisas cientificas já faziam parte de seus métodos havia muito tempo, e aquele era o momento de reconhecimento. O mesmo não foi vivenciado nas Ciências Sociais, o que pode ser destacado em Simmel (2006 [1917]):

                         A ciência da sociedade, ao contrário das outras bem-fundamentadas ciências, se encontra na desconfortável situação na qual precisa, em primeiro lugar, demonstrar seu direito à existência – ainda que certamente esteja na situação confortável em que essa justificativa será conduzida por meio do esclarecimento necessário sobre seus conceitos fundamentais e sobre seus questionamentos específicos perante a realidade dada (Ibidem, p. 9).

             Uma grande dificuldade enfrentada ainda pelas Ciências sociais era o fato de que ainda naquela época as ciências diversas estavam agrupadas em grandes grupos de conhecimentos, ou seja, havia um monopólio do fazer cientifico, onde os cientistas dominavam uma gama de especificidades ao mesmo tempo.

            Como seria possível à Ciência da sociedade conquistar reconhecimento semelhante, uma vez que sua diferença essencial em relação às áreas matemáticas e naturais era a não repetição dos fenômenos e com isso a não previsibilidade de acontecimentos, que eram o principal mote à aceitação da sociedade? O panorama pode ter sido melhorado consideravelmente com a subdivisão e fortalecimento das Ciências humanas e sua consequente especialização por área. Porém pode-se afirmar que tal dilema jamais foi superado por completo.

             Mas ao contrário do que se pode pensar, o que se seguia não era uma fase de estabilidade para as ciências em geral (cuja evolução possibilitava a separação entre os ramos antes agrupados e monopolizados), já que a supernormatividade estabelecida passou a sofisticar métodos, aplicações e principalmente linguagem no campo científico. Esta superespecialização além de distanciar a Ciência do ser humano comum, fez com que a divisão entre as ciências sociais e as ciências da natureza aumentasse ainda mais. Em meio a uma era de revoluções tecnológicas e industriais, não seria inesperado que as áreas matemáticas e de ciências exatas se destacassem enormemente, deixando as ciências humanas mais uma vez em segundo plano. A crise agora era flagrante. Não existia mais sequer aproximação entre os ramos do conhecimento, principalmente na formação profissional que abastecia o mercado em constante crescimento.      

     

Os desafios no ensino das Ciências Sociais

             Se no campo científico, as Ciências sociais enfrentam diversos dilemas existenciais e de afirmação, no campo do ensino é que está um desafio ainda maior e que demanda uma reestruturação do modo de fazer Ciência antes de se esperar resultados efetivos. Algumas melhoras foram notáveis, principalmente após a lei 11648/08, que tornou a Sociologia uma disciplina obrigatória no currículo escolar no Brasil (Oliveira 2011), principalmente na área de produção de artigos acadêmicos sobre o tema ensino das Ciências sociais (Handfas, 2011).

             Então, já que tal área de ensino conquistou lugar importante nas produções de pós-graduação, qual seriam realmente os próximos obstáculos a serem superados? A resposta poderia estar dentro da própria sala de aula, onde acontece o dito repasse dos conhecimentos. Mas está na formação dos professores a provável raiz dos problemas que impedem um avanço em relação ao ensino de sociologia e demais ciências humanas. E indo um pouco mais a fundo neste ponto, pode-se dizer que houve certo avanço devido à mobilização acadêmica e política (Oliveira, 2007), mas falta atentar a questões ainda mais profundas, que dizem respeito ao sentido epistemológico da Sociologia escolar (Oliveira, 2011).

             O que usar, e quais métodos usar para ensinar são problemas de primeira grandeza, e que dão origem a algumas possíveis considerações sobre caminhos que levem a uma metodologia e a uma epistemologia que façam jus ao que pretendem as Ciências sociais desde suas origens: o senso Crítico e a reflexão sobre a realidade.

             Mas em questão de ensino, o que se vê é praticamente apenas reprodução de conteúdos e uma consolidação do que Quijano (1993) chama de colonialidade do saber. Desse modo, o que se ensina não se renova e a quem se ensina também não tem a importância devida. As individualidades são suprimidas e as realidades ignoradas, o que resulta em mais reprodução ao final desta “linha de montagem” educacional.

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