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A ética, O Indivíduo E A Empresa

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Por:   •  26/6/2013  •  1.088 Palavras (5 Páginas)  •  431 Visualizações

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A ética, o indivíduo e a empresa

- Afirmamos que são as pessoas que são éticas e, nesse sentido, as empresas

ganham o seu carácter ético através das pessoas que as compõem e

representam.

- Reconhecemos que a ética profissional é a mesma ética da vida privada. Não

existem várias éticas na actuação de cada um de nós, mas apenas uma, que não

depende de políticas, países ou momentos, mas é caminho para o fim último a que

aspiramos para a nossa Vida e para a Humanidade.

Código de Ética dos Empresários e Gestores, ACEGE - Associação Cristã de

Empresários e Gestores

Esta passagem, integrada no quarto princípio (Ética pessoal e profissional) do

referido código de ética, constitui um dos maiores desafios da ética empresarial.

De facto, as correntes de origem marxista atacam-na por considerarem-na um

oxímoro, e as correntes de libertárias de direita atacam-na por considerarem que

coloca pressões inaceitáveis sobre a empresa (e eventualmente uma pretensão

moralista despida de sentido). O primeiro parágrafo desta passagem, ainda que

não intencionalmente, não se limita a pôr em causa o conceito de ética

empresarial. Ela põe em causa o conceito de empresa ou, mais propriamente,

o conceito de organização. Já o segundo parágrafo apresenta-se bastante

menos problemático, mas como decorrência da questão precedente (o

conceito de organização) teremos também de frisar que há uma distinção a

fazer entre a ética de cada indivíduo e a ética no contexto organizacional.

Há um questionamento que deve ser realizado antes de nos debruçamos sobre a

perspectiva da ética poder aplicar-se a mais que aos indivíduos. Quantas pessoas

não se sentiram já indignadas com a forma de funcionamento da organização na

qual trabalham ou de uma organização com qual tenham entrado em contacto (por

hipótese, como consumidoras)? E quantas não se aperceberam que esse mau

funcionamento estava institucionalizado (e não era apenas resultado da má

vontade de determinada chefia ou de determinado funcionário)? Mais importante

ainda, ao mudar de local de trabalho, de organização, quantas pessoas não

adaptam o seu comportamento ao meio envolvente?

As empresas são organizações (a menos que tenha apenas um trabalhador). Isto

parece claro. Mas então, o que é uma organização? Podemos defini-la numa

primeira fase como o somatório de múltiplos recursos – humanos, financeiros,

objectos, maquinaria – que se articulam, se estruturam de uma forma peculiar

com vista a atingir um fim comum. Entre esses recursos é óbvio que o

determinante só pode ser o humano. Para que a organização tenha sentido e

legitimidade, é necessário que esse fim seja inatingível ou dificilmente

concretizável se apenas uma pessoa o tentasse atingir. De facto, uma pessoa

sozinha poderia até conseguir fabricar um carro, mas seria isso razoável? Assim,

numa segunda fase podemos definir a organização como uma soma maior que

as partes, ou seja, os múltiplos elementos que compõem a organização têm,

através da sua articulação, efeitos sinérgicos: a organização no seu todo

consegue atingir melhor o fim a que se propõe que a soma dos indivíduos que a

compõem se trabalhassem separadamente. Compreensivelmente, esta

apresentação da organização como um todo maior que as partes levanta muitas

justas preocupações a respeito da defesa do indivíduo e da sua liberdade. Mas,

precisamente, muitos códigos éticos abrem um dilema com o conceito de ética, ao

promoverem a sua juridificação (nomeadamente, a utilização dos códigos éticos

como mais um instrumento de controlo sobre os trabalhadores, ao invés de os

utilizarem como forma de controlo colectivo contra a propagação de uma cultura de

desonestidade), conflito que em boa medida pode ser considerado uma

decorrência deste conceito individualizador de ética empresarial.

Ora, se a empresa é uma organização, e se como organização é um todo maior

que as partes nos resultados da sua acção (nos fins que se propõe alcançar), a

pergunta emerge obrigatoriamente: não será a empresa também um todo maior

que as partes no decurso da acção, ou seja, não serão os actos de cada

indivíduo em contexto organizacional um misto das características do seu eu

e das influências do nós? Esta questão – nós somos só nós ou somos nós e o

nosso contexto – transcende a ética empresarial mas tem efeitos determinantes

sobre ela. Defendo que a identidade individual é um compósito de múltiplos

elementos. Por consequência, o indivíduo em contexto organizacional recebe

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