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ALMENDRA, Renata Silva. Museus, modernidade e colonialidade.

Por:   •  22/5/2021  •  Resenha  •  1.252 Palavras (6 Páginas)  •  116 Visualizações

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ALMENDRA, Renata Silva. Museus, modernidade e colonialidade.

A autora inicia o seu texto com uma breve conceituação de museu como um local de preservação da memória cultural e histórica. Assim ela destaca que as narrativas históricas resultam de um processo de construção que pode envolver o poder como uma força promotora das memórias e esquecimentos contidos nos discursos narrativos, de modo que os museus não representam somente o passado, mas formas de ver o mundo ao legitimar, naturalizar e ordenar culturas e identidades (ALMENDRA, 2016, p.2)

Desta forma, as narrativas acabam por se transformar durante os tempos e assim também os museus precisam ser revistos de acordo com o contexto histórico para que o público perceba estas nuances de tempo e espaço, história e memória. No entanto, a autora nos explica que no século XVIII, A Europa criou diversos museus na intenção de construir identidades nacionais, legitimando a cultura e a história de alguns grupos, em detrimento de outros que por consequência foram excluídos ou subrepresentados.

Este tipo de museu em que as belas artes contavam a história das identidades nacionais se dissipou por diversas parte do mundo, se reafirmando ao longo do século XIX buscando educar os indivíduos e desenvolver seu senso estético, onde determinadas classes estavam fora deste circuito. Assim isto vem indicar que os museus podem ser dispositivos disciplinares que Chagas (2011, p.8 apud Almendra, 2017, p.3) afirma que “individualizam seus usuários, qualificam seus visitantes, e exigem saberes, comportamentos, gestos e linguagens específicas para a fruição de seus bens e aproveitamento de seus espaços. ”

Assim, a autora opina que os museus são criados como locais elitizados, produtores de conhecimento e símbolos de uma civilização com regras sociais e de segurança, delimitado a um determinado grupo de pessoas que atendam estas regras excluindo as demais pois os museus são reflexões das nações e tradições criadas para legitimar os individuas a elas vinculados por meio de narrativas históricas excludentes, que se aproxima muito dos discursos da modernidade europeia que propôs discursos que vigoram até a atualidade na maior parte das instituições museológicas por meio de imposições hegemônicas epistemológicas.

Quanto a isto, a autora destaca o discurso do antropólogo Franz Boas (1986) que discute as questões de raça, alteridade, cultura e critica nos museus modernos e diz que segundo esta visão, os museus etnográficos apresentam visões distorcidas e descontextualizadas de povos coloniais, partindo de uma visão eurocêntrica, onde a realidade dos demais, não europeus era apagada, reduzida, a partir da criação de estereótipos.

Entre as diversas formas de opressão da modernidade sobre os povos e culturas, Almendra (2017, p.4) destaca o racismo sistêmico que pode ser entendido como “o desprezo e subvalorização dos saberes e conhecimentos tradicionais oprimidos por um discurso europeu hegemônico que se estabelece como uma cultura oficial do saber”. Assim, o discurso de superioridade, a sistemática da negação, o silêncio e extermínio de conhecimentos, saberes e narrativas adversas as racionalidades modernas imperiais fazem parte, de acordo com a autora, são uma real violência sistêmica que nega as pluralidades culturais.

Os museus ainda mantem o discurso hegemônico europeu, no entanto, existem movimentos pela restituição de bens culturais espoliados do Sul, mesmo com as contrariedades das instituições que se valem do discurso de produção de conhecimento, na intenção de manter os acervos sobre suas custodias e sob narrativas hegemônicas, apropriando-se de bens culturais africanos, asiáticos, pré-colombianos, para serem apresentados em suas exposições com caráter exótico ou místico, que nada mais são do que discursos de dominação de povos e culturas não europeus existentes nestas instituições, apropriando-se de bens retirados de seu contexto original, de opressão. Botalho (1995, p. 284 apud Almendra, 2017, p.5).

A autora destaca que o discurso do colonizador perdurou, e ainda perdura, nos museus brasileiros, onde o negro era representado por seu trabalho escravo e objetos relativos a escravidão. Já os indígenas, tiveram seus objetos e ritos encarados como exotismo quando a instituição se encarregava de apresentar sua cultura. E disto se observa que as réplicas de modelos culturais europeus estão impregnadas na cultura brasileira, nas instituições acadêmicas despontando um conhecimento eurocêntrico moderno em que a universidade pública brasileira foi edificada sob a hegemonia branca, sendo que além das instituições acadêmicas, este discurso pode se estender as instituições museológicas também. Desta forma, o trato com o patrimônio cultural também sofre com o colonialismo por imposições europeias no modo de estabelecer seu método de análise cultural, com modelos aristocratas das classes e religiões dominantes. No entanto já despontam discussões sobre uma nova museologia, surgida a partir do século XX, com perspectivas inovadoras que buscam compreender os museus como “instrumentos dinâmicos de mudanças sociais e afirmação comunitária de identidades”. (ALMENDRAS, 2017, P.7)

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