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Analisando Cultura Extraviada E Manifestações Urbanas.

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Por:   •  16/8/2013  •  1.696 Palavras (7 Páginas)  •  740 Visualizações

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CANCLINI, Néstor García. Diferentes, Desiguais e Desconectados: mapas da interculturalidade (cap.1). Rio de Janeiro: ED UFRJ, 2005.

Em 1952, os antropologos Alfred Kroeber e Clyde Klukhohn declararam existir quase 300 maneiras de definir cultura. Ou seja, há uma enorme discussão em torno desse termo. A rvista ‘’Commenaire’’ traduziu um artigo de Melvin J. Lasky – no qual ele recolheu de jornais alemães, ingleses eestados unidenses 57 usos distintos do termo cultura – relatando que em francês também há uma banalização semelhante, a ponto dessa palavra ser atribuiída a um ministério (Lasky, 2003, p. 367)

Atualmente as principais narrativas, quando falamos de cultura, são:

a) Cultura como acumulo de conhecimentos, aptidões intelectuais e estéticas. Uso coloquial da palavra. Sustentação na filosofia idealista. (Canclini, P.37)

“Não é, pois, uma caracterização pertinente da cultura, no estado dos conhecimentos sobre a integração de corpo e mente, nem de uso aropriado depois da desconstrução do eurocentrismo operado pela antropologia” (Canclini, p.37)

b) Dois usos binários: natureza-cultura e sociedade-cultura. A primeira tem o mérito de afirmar que todas as sociedades possuem cultura, ou seja, não existem culturas “avançadas” ou “primitivas”. Isto gera posteriormente orelativismo cultural, que não permite mais bases significativas de comparação, e que cada cultura tem o direito de dotar-se das suas próprias formas de organização e estilos de vida (mesmo sacrifícios humanos ou poligamia). (Canclini, p.37-39)

“Essa maneira demasiado simples e extensa dedefinir a cultura, como tudo aquilo que não é natureza, serviu ara distinguir o cultural do biológico ou genético e superar formas primárias do etnocentrismo” (Canclini, p.40)

“Toda sociedade tem cultura – dizia-se – e portanto, não há razoes para que uma discrimine ou desqualifique as outras” (Canclini, p.40)

• Cultura-sociedade: melhor explicado por Jean Baudrillard em Crítica da economia política do signo (Canclini, p.40). O que é uma geladeira? Para que serve uma geladeira?

• Valor de uso: uma geladeira é um aparelho doméstico, serve para manter temperatura de alimentos, remédios ou qualquer outro objeto;

• Valor de troca: a geladeira é uma mercadoria, que demorou um certo tempo e recursos para ser produzida, e vale algo em dinheiro;

• Baudrillard e o "valor signo": geladeira é um conjunto de conotações, de implicações simbólicas. É "nacional" ou não, de marca etc;

• Baudrillard e o "valor símbolo": geladeira da minha vó, por ser da minha vó, não pode ser trocada. "Não tem preço", diz o comercial.

“Esta classificação de quatro tipos de valor (de uso, de troca, valor signo e valor símbolo) permite diferenciar o socioeconômico do cultura. Os dois primeiros tipos de valor tem a ver principalmente, não unicamente, com a materialidade do objeto, com a base material da vida social. Os dois últimos tipos de valor referem-se a cultura, aos processos de significação” (Canclini, p. 41)

Bourdieu – diferencia cultura e sociedade mostrando que a sociedade é estruturada com dois tipos de relações:

- força : correspondente ao valor de uso e de troca

- relações de sentido: organizam a vida social e as relações de significação.

O mundo das significações do sentido constitui a cultura.

IDENTIDADES: CAMISA E PELE (Canclini, p.41)

• Cultura como processos sociais

• Importância dos estudos sobre recepção e apropriação de bens e mensagens nas sociedades contemporâneas. (Canclini, P.41)

• Um mesmo objeto pode se transformar através de usos e rapropriaçoes sociais (Canclini, p.41)

• Um objeto não perde seu significado; transforma-se. Ex: artesanato indígena

• Muda de significado ao passar de um sistema cultural a outra, ao inserir-se em novas relações sociais e simbólicas

“Muitos artesãos sabem que o objeto vai ser utilizado de modo diferente do original, mas, cmo precisam vender, adaptam a concepção ou o aspecto do objeto artesanal para que seja usado mais facilmente nessa nova função, que talvez evoque o sentido anterior por causa da iconografia, ainda que seus fins pragmáticos e simbólicos predominantes participem de outro sistema sociocultural” (Canclini, p.42)

• Um uso não é mais legitimo que outro,

• cada grupo social muda a significação e os seus usos.

• Antropologia x comunicação : estamos falando de circulação de bens e mensagens e mudanças de significado.

• Necessidade de uma definição sociossemiotica da cultura que abarque o processo de produção, circulação e consumo de significações na vida social.

4 vertentes contemporâneas (Canclini, p.43):

• Cultura como instancia em que cada grupo organiza sua identidade: os processos culturais não derivam unicamente da relação com um território no qual nos apropriamos dos bens ou do sentido da vida nesse lugar. Nossa época, nosso bairro, nossa cidade são cenários de identificação, produção e reprodução cultural. A partir deles, apropriamo-nos de outros repertórios: quando compramos produtos importados, quando ligamos a televisão ou passamos de um pais para outro como turistas. (Canclini, P.43/44)

“Desta maneira, dizer que a cultura é ua instancia simbólica na qual cada grupo organiza sua identidade é dizer muito pouco nas atuais condições de comunicação globalizada. É preciso analisar a complexidade que assumem as formas de interação e de recusa de apreço, discriminação ou hostilidade em relação aos outros nessas situações de confrontação assídua” (Canclini, p.44)

“Milhões de pessoas vão de um lado a outro frequentemente vivem de forma mais ou menos duradoura em cidades diferentes daquela em que nasceram e modificam seu estilo de vida ao mudar de contexto [...] estas interações tem efeitos conceituais sobre as noções de cultura e identidade” (Canclini, p.44)

Hobsbawnm: “a maior parte das identidades coletivas são mais camisas do que pele, são elo menos em teoria, opcionais e não iniludíveis” (Hobsbawm, 1997, .24, apud Alsina, 1999, .55)

• Cultura vista como uma instância simbólica da produção e reprodução da sociedade.

“A cultura não é um suplemento decorativo, entretenimento dominical, atividade de ócio ou recreio espiritual para trabalhadores cansados, mas algo constitutivo das interações cotidianas, a medida que no trabalho, no transporte e nos demais movimentos comuns se desenvolvem processos de significação. Em todos estes comportamentos estão entrelaçados a cultura e a sociedade, o material e o simbólico” (Canclini, p.45)

Segundo o autor, todas as práticas sociais contem uma dimensão cultural, apesar de que, nestas práticas sociais nem tudo é cultura. Todas as nossas ações estão cobertas de significações , toda ação significa algo. A cultura é parte das práticas sociais, mas não corresponde a toda A sociedade. Distingue-se então cultura e sociedade sem colocar uma barreira separando-as.

Somente com um método e análise pode-se distinguir o cultural do que não é.

“A cultura aparece como parte de qualquer produção social e, também, da sua reprodução.” (Canclini, p. 46)

• Cultura como uma instância de conformação do consenso e da hegemonia, ou seja, de configuração da cultura política e também da legitimidade.

“A cultura é o cenário em que adquirem sentido as mudanças, a administração do poder e a luta contra o poder” (Canclini, p. 46)

“O uso restrito da própria palavra cultura para designar comortamentos e gostos de povos ocidentais ou de elites – a “cultura européia” ou “alta”- é um ato cultural pelo qual se exerce o poder. (Canclini, p.46)

• Cultura como dramatização eufemizada dos conflitos sociais

“[...] quando numa sociedade se joga, se canta ou se dança, fala-se de outras coisas, não só daquilo que se está fazendo explicitamente. Alude-se ao poder, aos conflitos, até a morte ou a luta de vida e morte entre os homens.” (Canclini, p. 46)

“[...] para que não seja uma luta de vida e morte, ara que nem todos os conflitos desemboquem em guerras, tem de incluir formas de eufemização dos conflitos sociais como dramatização simbolica do que nos está acontecendo. Por isso, temos teatro, artes plásticas, cinema, canções, e esportes.” (Canclini, p.47)

Lutas por poder, dissimuladas ou encobertas.

• Essas quatro narrativas são formas de narrar o que acontece com a cultura na sociedade.

• Pensar cultura não como substantivo, mas como adjetivo.

Segundo Sally Price, as “artes primitivas”existem hoje sobre a perspectiva de “olhares civilizados”

“Arte primitiva” para Sally: “objetos fabricados antes da Primeira Guerra Mundial no quadro das tradições artísticas que só entraram nos museus de arte depois desta guerra”; “toda tradição artística posterior a Idade Media para a qual as fichas dos museus não dão o nome do artista autor dos objetos expostos” (Price, 1995, p.19)

A atualidade se relaciona com essa cultura primitiva, em filmes, diários, revistas, publicidade de moda e viagens. Construindo uma ressignificaçao, refuncionalizaçao e a relocalizaçao das culturas antigas na interculturalidade contemporânea na atualidade contemporânea.

Os objetos de outras sociedades foram “apreendidos, transformados em mercadoria, esvaziados da sua significação social, recolocados em novos contextos e reconceituados para responder a necessidades econômicas, culturais, políticas e ideológicas dos membros das sociedades distantes”(IBID., P.22)

As chamadas belas-artes e obras de vanguarda também estão passando por essas reconceituaçoes , uma vez que torna-se necessario redefinir a arte e cultura pela mudança dos atores que geram as conceituações e as valorizações do cultural.

A valorização e a reconceituaçao de arte de rua implica em mudanças das definições de culturas, e redefine o lugar na sociedade. Mudando o sentido da produção e da apreciação da cultura/arte. Forma como as pessoas ressignifcam um muro vazio, ou o uso daquele espaço da cidade.

A valorização da estética e a predominância do mercantil sobre ela, implica redefinições sobre o que se entende por cultura, e, logo, seu lugar na sociedade.

O processo de construção dessa modernidade ilustrada, foi desigual, no que diz respeito ao acesso a escola, exclusão do publico nos museus, nos teatros, nas salas de concerto e nos meios de comunicação de massa.

Existem os movimentos antiglobalização: ecologistas, anticapitalistas, indígenas, diversidade sexual, jovens desfavorecidos ou excluídos nos mercado de trabalho. Esquecem, muitas vezes, suas diferenças, ou acreditam que essa diferença os une para acumular forças e pertubar o sistema.

Relacionando.

Relacionando esse texto com arte e intervenção urbana consegue-se aproveitar as idéias de reconceituação de arte e de cultura. O que é arte e onde ela é encontrada? Retirá-la dos museus e colocá-la na rua é um processo que ocorre pela mudança dos atores, pela união dessas minorias para combater ou lutar por um ideal – que Canclini expõe no fim do primeiro capítulo - e que, finalmente, ao passarem a ser vistos, tornam-se objetos de uso e apropriação de outros grupo, criando uma relação com esses outros sujeitos, que passam a enxergar essa arte e manifestação de outra forma, podendo ser até comercial e de valorização estética, o que não muda o significado original, mas o transforma, de acordo com o grupo que o analisa e o utiliza.

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