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Discurso Sobre o Colonialismo

Por:   •  22/5/2020  •  Relatório de pesquisa  •  2.125 Palavras (9 Páginas)  •  283 Visualizações

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Fichamento: CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Livraria Sá

Costa Editora. 1978

No prefácio deste texto, escrito por Mário de Andrade em 1976, introduz a obra “Discurso sobre o colonialismo” dizendo que a mesma se manifesta em tratar de uma interpretação: o processo dos valores da Europa capitalista, responsável pela colonização, um odioso empreendimento etnocidário. Diante disso, o discurso “é o requisitório mais virulento que um escritor negro jamais lançou, com tanto tamanho talento, ao rosto dos opressores”. (p.5)

Césaire compõe esse discurso, para apresentar e, de certa maneira, suprimir a falaciosa argumentação dos “grandes pontífices do saber”. Abordando os mais diversos domínios culturais – literatura, política, etnologia, filosofia – ele revela e desmascara o racista que se ignora ou o moralista de generosas intenções colonizadora. Além disso, o escritor irá desnudar aos leitores os horrores da dominação francesa na África, em Madagáscar, na Indochina e nas Antilhas. Com destino a, consequentemente, aprender melhor a essência do colonialismo.

Segundo ele, o colonialismo se reveste de dois aspectos principais. O primeiro, o de um regime de exploração desenfreada de grandes massas humanas, atribuindo-se na violência. O segundo aspecto é de uma forma moderna de pilhagem, sendo o genocídio a lógica normal do colonialismo, que é portador de racismo.

Naquela época, Césaire foi catalogado pelos europeus entre os negros praticantes do racismo reverso ou pregadores do regresso ao passado nostálgico das tradicionais civilizações africanas. Textos como este, eram assimilados como “a fonte nutridora da revolta”, e também responsável por fomentar a consciência anticolonialista. “Essa é a razão porque o discurso se tornou uma arma preciosa no combate ideológico, o livro vermelho dos militantes, fossem eles professores primários, jovens, funcionários, sindicantes ou intelectuais.” (p. 8) O impacto desse livro se dá pelo fato de adentrar no essencial do colonialismo, ao mesmo tempo em que, busca desmontar os mecanismos de exploração desse sistema, desvendar as contradições do ideário burguês na matéria e, ademais, indicar as vias que permitiam triunfar sobre está “vergonha do século XIX”.

Considera uma civilização decadente e enferma aquela que se mostre incapaz de solucionar os problemas que funcionamento provoca e que prefere fechar os olhos aos seus problemas mais cruciais. A civilização dita como “europeia” ou “ocidental” as duas maiores adversidades que sua existência originou, que são eles: o problema do proletariado e o problema colonial. A Europa, moralmente, ritualmente, é indefensável. O ato de acusação sobre essas civilizações é proferido não só de massas europeias, mas também por milhões de homens que, do fundo da escravidão, se erguem como juízes.

“Pode-se matar na Indochina, torturar em Madagáscar, prender na África Negra, se viciar nas Antilhas. Os colonizados sabem, a partir de agora, que têm uma vantagem sobre os colonialistas. Sabem que seus amos provisórios mentem.” (p. 14) 

O colonialismo está longe de ser visto como uma evangelização, uma empresa filantrópica ou propagação de Deus e extensão do Direito. “[...] o gesto decisivo dessa empreitada, aqui é o do aventureiro pirata, do comerciante e do armador, do pesquisador de ouro e do mercador, do apetite e da força, tento por detrás a sombra projetada, de uma civilização que a dado momento da sua história se vê obrigada, internamente, a alargar em escala mundial a concorrência das suas economias antagônicas.” (p. 14-15)

Ele ainda compara, que nem Cortez, ao descobrir o México, nem Pizarro, diante de Cuzco e muito menos Marco Polo, diante de Cambaluc, se declararam com os soberanos de uma ordem superior; que matam e saqueiam. A soberba cristã foi responsável por disseminar equações desonestas, como: cristianismo = civilização; paganismo = selvajaria; com isso, já se pode deduzir abomináveis consequências colonialistas e racistas, cujas vitimas eram sempre os índios, os amarelos, os negros. 

De certa maneira, é bom que diferentes civilizações entrem em contato uma com a outra, a fim de criarem um vínculo entre mundos diferentes. Entretanto, a Europa que foi o lugar geométrico de todas as ideias, o receptáculo de todas as filosofias não estabeleceu esse contato da melhor maneira possível. Sendo assim, de colonização até civilização existe uma distância infinita. “[...] de todas as expedições coloniais acumuladas, de todos os estatutos coloniais elaborados, de todas as circulares ministeriais expedidas, é impossível resultar um só valor humano.” (p. 16)

É preciso estudar como o colonialismo “descivilizou” o colonizador, ao ponto de embrutecê-lo e degradá-lo, despertando instintos ocultos, para a cobiça, violência, ódio racial e para o relativismo moral. A barbárie dessa situação é que pessoas ao se deparar com o nazismo se tornam cúmplices por não serem as vítimas. “[...] toleraram, esse mesmo nazismo, antes de sofrê-lo, absorveram-no, fecharam-lhe os olhos, legitimara-nos, porque até ai só se tinha aplicado a povos não europeus; [...].” (p.18) 

A respeito disso, Césaire fala de Hitler, que suas ações foram um crime contra o homem branco e responsável por aplicar à Europa processos colonialistas que até então só os árabes da Argélia, os coolies da Índia e os negros da África estavam subordinados.

 

A sociedade capitalista é incapaz de fundar um direito das pessoas e impotente para fundar uma moral individual. “Nós aspiramos, não à igualdade, mas sim à dominação. O país de raça estrangeira deverá voltar a ser um país de servos, de jornaleiros agrícolas ou de trabalhadores industriais. Não se trata de suprimir as desigualdades entre os homens, mas de amplificá-las e as converter em lei”. (p. 19)

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