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Fichamento Da Obra O Nascimento Da Observação Social Sistemática Com Harriet Martineau

Por:   •  8/11/2023  •  Trabalho acadêmico  •  2.594 Palavras (11 Páginas)  •  29 Visualizações

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Nome da/o estudante: Ana Carolina Borges de Lima

Período: 4° período

Curso: Enfermagem

Referência da obra lida: HENRIQUE GUPERTINO ALCÂNTARA, Fernanda. O nascimento da observação social sistemática com Harriet Martineau In: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - UFJF v. 17 n. 1 Maio. 2022 ISSN 2318-101x (on-line) ISSN 1809-5968 (print).

RESUMO DO ARTIGO OU CAPÍTULO

O artigo discute e analisa a obra “Como observar: morais e costumes” , buscando a relação e as possíveis correspondências entre a obra de Martineau e os clássicos sem realizar comparações, ao mesmo tempo em que abre o debate sobre o legado teórico de Martineau, em temas como a preparação intelectual para pesquisar, a observação da realidade social, a ocorrência de julgamentos de valor, a relação com princípios, a postura simpática do observador e os objetos de análise, estando todos estes elementos presentes no livro Como observar: morais e costumes (1838).

No tópico “Classicas e classicos” a autora aborda sobre parte do legado deixado pela classica Harriet Martineau, criticando de inicio sua descordância quanto a Martineau não ser considerada sociologa por não ter citado a fisica social em seus primeiros escritos, mesmo falando explicitamente sobre a ciência da sociedade como um ramo da Filosofia. Ademais, a autora cita que o legado de Harriet é sem dúvidas um produto de uma análise das relações, instituições e do comportamento social, logo, não ha como negar que ela produziu Sociologia como hoje em dia é conceitualizada. Diante disso, ela traz o exemplo de como sociologos como Auguste Comte não passam por questionamentos acerca de seus papeis historicos, sendo citados repetidas vezes em sala de aula e tidos como exemplos de sociologos importantes de maneiras inquestionaveis mesmo quando abordam movimentos ja existentes em suas obras. Isso acaba por explicar a ausência de se lecionar sobre teoricas classicas, assim como a Harriet, dentro da academia, uma vez em que Comte é tido como "pai fundador" e Èmile Durkeim como primeiro professor, pesquisador e responsável por institucionalizar a disciplina. Desse modo, a autora descreve que Martineau foi considerada esquecida, apagada e menosprezada na contemporaneidade, essa pesquisadora foi, antes de Comte, uma socióloga, e antes de Durkheim, uma metodóloga. Ainda segundo a autora, a física social foi nomeada por Auguste Comte em 1830, no Curso de filosofia positiva, e a Sociologia em 1844, em seu Discurso sobre o espírito positivo. Todavia, a Sociologia foi fundada, de fato, com teoria e prática de pesquisa, por Harriet Martineau no final da década de 1830, com suas três grandes obras: Society in America (1837), Retrospect to western travel (1838) e How to observe (1838). Em Como observar, o tema central é a metodologia da pesquisa e Martineau estruturou seu livro também a partir de uma percepção metodológica e didática, dividindo-o em três partes: I. Requisitos para observação; II. O que observar; III. Métodos mecânicos, destacando essa segunda parte, em que a autora se dedica a apresentar e problematizar instituições que são objeto de pesquisa da ciência da sociedade, chegando a detalhar a relação entre elas e o comportamento social, além de indicar variáveis analíticas a serem consideradas em qualquer sociedade ou território. Diante disso, a autora confirma a presença de Martineau dentro da fundação da Sociologia.

No tópico 3, denominado "Preparação intelectual, generalização e verdade", a autora discute acerca da escrita de Martineau, a descrevendo como peculiar mas muito bem estruturada, detendo de temas e subtemas sequenciados, teses claras e intencionalidade, sendo esta transparente, didatica e tensa. Ela ressalta tambem que Martineau nomeava filosóficos aos elementos que hoje reconhecemos como sociológicos. Contudo, à época, ainda não havia uma definição a respeito, lembrando que as demais ciências humanas e sociais foram desmembradas da Filosofia, num processo que não ocorreu de modo abrupto. Segundo a autora, esse subtema engloba assuntos complexos que Martineau elencava e relacionava ao tema principal, em um ir e vir sem perder de vista o núcleo em torno do qual a discussão estava sendo desenvolvida. Dentre os temas abordados tem-se a noção de verdadade, na qual a autora descreve que é apurada pelos nossos sentidos, e que nossos sentidos poderiam ser treinados, assim como a nossa capacidade de organização dos dados apurados. Portanto, não bastava estar na hora e no momento certo, sendo necessário se preparar para compreender o que os seus sentidos captam, o que denomina a preparação intelectual de acordo com Martineau. Na obra objeto do artigo, Martineau retrata a sua experiência em observar os fenômenos sociais e as dificuldades que encontrava, mas que também demonstrou diálogo e conhecimento do trabalho tanto de escritores clássicos e seus contemporâneos, quanto de outros viajantes. De acordo com a autora, o termo viajante é característico de uma época e representa o observador, cujo trabalho resultava das observações que procedia em suas viagens. Em alguns trechos específicos Martineau também o nomeou como “pesquisador”. Outra atenção apontada por ela sobre a obra de Martineau é que não se falou em fatos sociais e/ou fenômenos sociais, sendo os termos de maior destaque classes de fatos, fatos gerais, morais e costumes, tendo citado, ainda, os sistemas sociais. Martineau alegava que costumes e morais não foram apartados em seu texto porque “são inseparáveis” ou “deixam de ter significado quando separados”, já que os costumes seriam manifestações das morais, ao mesmo tempo, afirmava que relatar costumes é uma ação de um não filósofo e não observador. Ainda é descrito que na obra Martineau estuda as relações sociais, a partir das instituições sociais e sua relação com o comportamento social em cada povo e território, considerando seus costumes, já que a contingência era muito valorizada em sua análise. Além disso, o que nós hoje corriqueiramente chamamos pesquisa de campo, não existia em sua época, como concebemos na atualidade, mesmo assim, chama a atenção o fato de que Martineau falava diretamente sobre pesquisa, pesquisadores e ciência da sociedade, assim como se colocou como objeto a ser analisado e questioando, o que a confere caracteristucas unicas e revolucionarias para a sua época. Sendo assim, não apenas uma das primeiras pesquisadoras sociais que existiu como se dedicou a pensar o processo e o produto de suas observações, reconhecendo os observados como agentes, não como coisas. A autora cita ainda  que a obra possui vários exemplos e casos hipotéticos para demonstrar seus pressupostos, inclusive, sobre a importância e a característica sui generis da observação social, tantas vezes banalizada. Martineau também conseguiu mostrar a especificidade das ciências conhecidas até meados do século XIX, seus objetos e o respeito da sociedade pelos desenvolvimentos alcançados por cada uma. Relatou-se também o fato de que os viajantes falhavam quanto a considerar a necessidade do preparo e da organização para ir a campo, mas também ignoravam por completo essa que ela nomeava como ciência da moral e dos costumes, cujo conteúdo e prática lembram diretamente os padrões sociológicos e antropológicos de análise e pesquisa. Ademais, Martineau também apresenta preocupação com as práticas de generalização a respeito da condição social dos diversos povos e a necessidade de compreender que existem princípios da moral, os quais devem ser considerados pelo observador de homens, onde o observador experiente saberia distinguir entre o que ele vê e ouve em um dado momento e o que é a realidade em si. Consequentemente, não estaria afeito a generalizar percepções momentâneas e particularidades como se fossem características de um dado povo ou regras abstratas universais. Martineau ainda traz em sua obra a discussaõ acerca do que não fazer no ato de observar a sociedade e a primeira questão destacada afirmava que ao viajante não caberia ser peremptório, definitivo. Ela também comparou o estudante ou cientista com o viajante, afirmando que este último tinha alcance popular e servia também a pensadores e leitores acríticos, cujo os relatos de viagens eram populares e os julgamentos de valor que emitiam propagavam-se rapidamente, sem condições de reversão. Martineau ainda estabeleceu critérios e chamou atenção para o fato de que nem toda generalização tem fundamento na observação social, podendo, ser resultante, inclusive, de uma incapacidade em se pensar o social. A generalização não seria função do viajante, sendo seus relatos por si só importantes, dando notícias da variedade de comportamentos e costumes sociais. Ao mesmo tempo, afirma que o dever do viajante é “ser útil ao invés de brilhar”, falando sobre a vaidade e a imaturidade, a necessidade de expor menos e analisar com mais cautela se os resultados de fato procediam e se eram válidos. Diante disso, a autora decorre que Harriet introduziu o tema de maneira a descrever a importância, dificuldade e também a forma de como se fazia e deveria ser a observação social, discutindo acerca do objeto de observação assim como a conduta do próprio observado. Ela elenca os pressupostos trazidos na obra. Sendo o primeiro onde deve e saber claramente o que deseja conhecer; o segundo onde deve-se equipar com os meios necessários para alcançar o conhecimento pretendido, o que implica não confiar apenas nos sentidos naturais ao ser humano: visão, audição e capacidade cognitiva; Terceiro diz que a diferença entre viajante filósofo e um despreparado também diz respeito à noção de sentido moral concebida por eles; o quarto onde diz que o viajante precisa observar os modos de conduta no território observado. É trazido também a recomendação de abdicar-se de status para conhecer melhor a realidade que está interagindo. Por fim, é descrito que Harriet reconheceu que as conclusões e interpretações sobre a realidade social são relativas e dependem do recorte, da posição do observador em relação ao fato. Além disso, entender a cultura e a língua dos locais permitiria o contato sem intermediários, mesmo que não o tornasse um nativo. Também impediria que, por desconhecimento, o observador distorcesse os fatos, enaltecendo-os ou desprezando-os.

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