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MAR ADENTRO

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Por:   •  25/3/2015  •  1.035 Palavras (5 Páginas)  •  417 Visualizações

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“Mar Adentro”

Este filme escrito, produzido e dirigido por Alejandro Amenábar, conta a história verídica de Ramón Sampedro. Ramón, que trabalhava como mecânico de navios e após um acidente de mergulho ficou tetraplégico, aos 25 anos. Por mais de 29 anos, ele lutou por seu direito à eutanásia ativa.

Ao longo dos dois anos mostrados no filme, Ramón vê seu pedido de autorização de eutanásia negado pela justiça espanhola, e decide levar a cabo sua decisão mesmo assim, contando com a ajuda dos amigos.

Para que ninguém pudesse ser responsabilizado pela eutanásia, várias pessoas o ajudaram, conseguindo o cianureto de potássio, transportando-o, medindo a dose, deixando o copo ao seu alcance e, por fim, gravando em vídeo seus últimos momentos. Vemos no filme as últimas palavras de Ramón, que antes de ingerir a dose mortal, em 12 de janeiro de 1998, explica que seus amigos apenas lhe emprestaram seus braços e pernas, mas a decisão e consciência foi dele.

O filme não é uma apologia da eutanásia; o próprio Ramón não queria impor suas crenças a ninguém, apenas queria exercer seu direito de propriedade sobre seu corpo, e dele dispor se assim o desejasse. Ele sentia que havia se tornado um fardo para sua família, que sempre lhe deu todo o amor e carinho.

No filme, o pai de Ramón diz que “só há algo pior que a morte de um filho; é ter um filho que quer morrer”. Essas palavras tocam no âmago do ser humano e retorcem a alma. Para Ramón, tetraplégico por quase 30 anos, o tempo parou: “A vida é um direito, não uma obrigação”. Como lidar com a paternidade que não consegue entender que um filho deseje morrer, dadas as circunstâncias, e a sensação de um ser humano que sente que viver sem um corpo não faz sentido? Enquanto o primeiro se agarra à vida e afirma que é preciso vivê-la até o último suspiro, o último sente que não parou de morrer desde o dia em que perdeu seu corpo. Vida como obrigação ou vida como direito?

Este filme nos faz pensar sobre a vida, o direito à vida e à morte e, principalmente o respeito às crenças e convicções, sem convertermo-nos em juízes dos motivos e razões do outro. Ramón não queria convencer ninguém; apenas exercer seu direito.

No artigo de Carlos Brazil, “Eutanásia em Discussão“, o professor de Bioética da Faculdade de Odontologia da USP (Universidade de São Paulo), Dalton Luiz de Paula Ramos analisa: “Obviamente uma pessoa que está vivendo em sofrimento, em um certo sentido se justifica que ela peça a morte. Dá para a gente entender. Por que ela está pedindo a morte? Porque está sofrendo. Agora, o sofrimento tem várias dimensões. Eu caracterizaria pelo menos duas delas: uma é o sofrimento físico - estar sentindo dor ou coisas que o valham - e a questão da dor física é médica e vai encontrar na Medicina respostas para muitas dessas condições, senão para todas; mas sabemos que a questão do sofrimento não se reduz só à dor física, porque o grande sofrimento pode existir por uma total perda de sentido do significado da vida. Existe aí um componente psicológico e também um componente espiritual. E, da mesma forma que a dor física pode ser tratada pelos recursos analgésicos da Medicina, essa outra dimensão da dor pode ser tratada. Não estou dizendo que é fácil, mas que ela pode ser tratada”.

Ramón Sampedro não era um doente terminal; mas para ele, a vida havia perdido todo o sentido e significado. Ele tinha uma família que o amava, amigos, mas depois do acidente seu único objetivo era a morte. Apesar de sua firme decisão, a justiça negou a ele o direito de dispor de sua vida. Uma pessoa que falha na tentativa de suicídio não é punida pela lei; mas a partir do momento em que qualquer pessoa corre

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