TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O Cortiço e os Cortiços Cariocas

Por:   •  25/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  3.855 Palavras (16 Páginas)  •  406 Visualizações

Página 1 de 16

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

Uma análise do livro “O Cortiço” de Aluísio Azevedo:

A problemática da sociedade brasileira nos séculos XIX, XX e XXI no Rio de Janeiro

Alunos: Arthur Zanuti Franklin (77377) e Mariana Milani dos Santos (77379)

Curso: Arquitetura e Urbanismo

Professora: Mariane Silva Reghim

Disciplina: CIS 217 – Fundamentos de Ciências Sociais

SUMÁRIO

  1. RESUMO DA OBRA .........................................................................................3
  1. DOUTRINA NATURALISTA E SUA RELAÇÃO COM A OBRA .......................3
  1. POSITIVISMO E DETERMINISMO ..................................................................5
  1. VIDA EM UMA HABITAÇÃO COLETIVA DE PESSOAS POBRES (CORTIÇO) NO RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX ..............6
  1. VIDA EM UMA HABITAÇÃO DE PESSOAS POBRES NO RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XXI ..............................................................................................7
  1. A QUESTÃO URBANÍSTICA DO FINAL DO SÉCULO XIX NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO .............................................................................................8
  1. A QUESTÃO URBANÍSTICA NO RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XXI ..........9
  1. CONCLUSÃO .................................................................................................11
  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................13

1. RESUMO DA OBRA:

O livro O Cortiço, do célebre autor Aluísio Azevedo, foi escrito no final do século XIX, mais especificamente no ano de 1890. A sua temática, além de ser bem atual, conta, de forma irônica, a problemática sofrida na cidade do Rio de Janeiro na época.

O romance segue uma linha que mescla duas histórias: a de João Romão, comerciante, dono de uma venda e de uma pedreira, que ao comprar um conjunto de casas, transformam as mesmas em um cortiço. A outra linha segue a história de Jerônimo, gerente da pedreira de João Romão, que vive no cortiço e seu caráter, sua boa índole, são destacadas em meio à população.

João Romão, com a ajuda de uma escrava fugida, consegue os seus objetivos e alforria a negra, porém, com uma carta forjada de alforria, ao final do livro, ele a entrega para um Capitão do Mato, traindo-a.

Jerônimo, ao viver no cortiço, se contamina com o local e ao conhecer uma negra, Rita Baiana, apaixona-se por ela, a larga e vai viver com a mesma, até que os problemas aparecem e ambos acabam em uma situação desagradável ligado ao alcoolismo.

2. DOUTRINA NATURALISTA E SUA RELAÇÃO COM A OBRA:

A doutrina naturalista é uma forma de analisar o ser humano e seu comportamento social e biológico, apontando saídas e opções. A escola naturalista na literatura é um subgênero do realismo, levando o mesmo a condições mais extremas, mais cientificista, opondo-se ao romantismo, em que, só eram contadas histórias com finais felizes e que se passavam em ambientes de elite, como palácios, a alta sociedade.

Essa forma de pensar surgiu com a criação da sociologia, da biologia e o desenvolvimento rápido que a ciência teve após a segunda revolução industrial. O naturalismo busca retratar a sociedade como ela é, frisando as mazelas sociais que as camadas mais pobres passavam no século XIX.

As principais características do estilo são:

  1. O cientificismo – as pessoas são retratadas como coisas, animais. Os seus desejos e atitudes são totalmente explicados pelas relações animalescas.
  2. Descrições minuciosas e simples – os livros buscavam chegar as várias classes sociais, não ser apenas uma literatura dos nobres, por isso, sua linguagem simples. As descrições rompem com o mundo abstrato, típico do romantismo, se descreve uma cadeira como uma cadeira e não como um objeto perfeito.
  3. Temas fortes – uma expressão que define o naturalismo é que o mesmo trata de temas de patologias sociais: miséria, adultério, crimes, taras sexuais são comuns nos livros. O desejo do estilo é analisar a humanidade em suas maiores podridões sociais e humanas.
  4. Denúncia – ao retratar esses problemas, o naturalista tem forte desejo por denunciá-los. Eles utilizam a obra para tentar mudar a sociedade, tirar os necessitados das mazelas sociais.
  5. Determinismo – o homem é o produto do meio em que vive.
  6. Darwinismo social – Darwin foi um biólogo inglês que após viajar 5 anos em um navio ao redor do mundo, propôs a Lei da Seleção Natural, em que o mais adaptado ao meio sobrevive. Seus estudos, quando fazem um paralelo com os estudos de Gregor Mendel, monge que estudou os mecanismos da hereditariedade, formulam a seguinte relação: as espécies, ao cruzarem, trocam genes fortes, gerando filhotes mais adaptados ao meio. A Lei da Seleção Natural acabou sendo aplicada à sociedade, onde descreve o conceito de luta pela sobrevivência, em que certas características como a cor da pele, o lugar em que a pessoa nasceu fazem com que ela seja mais apta a sobreviver. Anos mais tarde, o darwinismo social foi utilizado para explicar um dos acontecimentos que mais marcaram a humanidade: nazi-fascismo.
  7.  Positivismo – corrente filosófica de Auguste Comte.

Há também características que são presentes nos ambientes e nos personagens.

  1. O ambiente, mesmo restrito, é utilizado para mostrar como a sociedade em um todo se comporta. No livro, o cortiço demonstra a moradia dos personagens pobres, já a residência de João Romão, mostra-se como os novos ricos moravam (classe que surgiu com a consolidação da segunda fase do capitalismo).
  2. Animalização/zoomorfismo – as pessoas são retratadas como animais, seus desejos são ligados a bichos, sem alma, sem pensamento, apenas estímulos gerados a um ambiente externo.
  3. Narrador onisciente – o livro é narrado em terceira pessoa, porém o narrador sabe todos os desejos dos personagens, esse fato é uma consequência da animalização, pessoas sem consciência humana não poderiam narrar ou se expressar por si própria.

Trecho que exemplifica o zoomorfismo:

Também cantou. E cada verso que vinha da sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, bêbedo de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com línguas finíssimas de cobra. (AZEVEDO, 2009, p.113)

...

Baixar como (para membros premium)  txt (23.9 Kb)   pdf (167.8 Kb)   docx (23.4 Kb)  
Continuar por mais 15 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com