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O campo das instituições religiosas: O vale do amanhecer da cidade de Formosa

Por:   •  16/3/2017  •  Relatório de pesquisa  •  1.995 Palavras (8 Páginas)  •  349 Visualizações

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Instituto Federal de Goiás – Campus Formosa

Curso: Ciências Sociais

Disciplina: Antropologia e arqueologia de Goiás.

Professor: Luís Claudio

Simone de Sousa Melo¹

O campo das instituições religiosas: O vale do amanhecer da cidade de Formosa – Goiás.

Na cidade de Formosa além dos vários patrimônios matérias há também patrimônios imaterias. Culturas que o povo conserva para a manutenção da identidade da cidade. Entres essas culturas há muitas festas religiosas, e bem diversificadas. Na região há uma grande quantidade de frequentadores do que eles chamam de Vale do amanhecer.

As religiões despertam um imaginário que só se quebra no conhecimento, e no saber como funciona. Conheço algumas pessoas que frequentam o vale do amanhecer, mas nenhuma delas falava o que acontece lá exatamente, só querem, a qualquer custo, deixar bem claro, que lá não existe magia negra, macumba ou o que quer que seja, que existe no imaginário de quem não conhece.

Na cidade de Formosa é grande o número de frequentadores, são crianças, idosos, dos mais jovens até os mais velhos. Moro bem perto de um templo, sempre que passava na frente ficava imaginado o que poderia acontecer lá dentro. Via aquelas mulheres com aqueles vestidos coloridos, esvoaçantes passando na rua e tentava imaginar o porquê de usarem tais roupas, que para mim, parecia mais uma fantasia. Ficava pensando se, de repente, eles fizessem algum tipo de encenação.

Quando tivemos a oportunidade de ir visitar um templo, pensei comigo mesmo: Pronto, agora mato minha curiosidade! Mas ao chegarmos ao templo, a sensação que eu tinha era de está fazendo algo de errado, todos os ensinamentos que tive desde criança me vieram a cabeça. Tive uma sensação indescritível ao entrar lá dentro, fiquei tentando identificar o que aconteceria. Tive medo, senti arrepios. Aquelas pessoas sentadas num banco à espera de ser atendido, ao meu redor, aquele monte de informações que eu tentava identificar.

Na entrada, na estrutura da porta de entrada, tem vários símbolos, que infelizmente, não tive como saber qual o significado. Ao passar da porta, o que pude identificar foram bancos coloridos, que pareciam de um hospital, com pessoas à espera de seu atendimento conforme a gravidade do que se passava com ela. Sentamos nos bancos, que formavam uma fila, uma senhora veio nos receber, perguntou se era a primeira vez que estávamos ali, e dissemos que sim.

 Ela começou a descrever como seria o procedimento, passaríamos por uma espécie de triagem, em seguida falaríamos com a entidade, que estariam incorporados nos “trabalhadores”. Depois de falarmos com a entidade sobre os nossos problemas, individualmente, ela nos diria o que precisaria ser feito. Passaríamos por umas “salas de cura”, tudo dependia da “gravidade” do problema.

Confesso que na hora que ela disse que iríamos falar com a entidade, fiquei apavorada, mesmo tentando tirar de mim todos os preconceitos de outras religiões, mas os ensinamentos obtidos desde a infância, foram mais fortes que eu. Lembrava-me da minha avó, lembrava-me do que ela me dizia, de quando ela me ensinava os ensinamentos da bíblia, lembrava-me de tudo que ela passou quando ela me dizia frequentar centros de umbanda.

Pois, sim, eu acredito em espíritos, em coisas que vão além de nossa matéria. Já tive algumas experiências não agradáveis com espíritos. Passei toda minha infância com a minha avó tentando “se livrar” deles, mas estava sempre se incorporando mesmo sem sua vontade. Pode até ser meio macabro, mas depois de passarmos por situações desse tipo enquanto criança, as marcas ficam pra vida inteira.

Bom, enquanto estávamos esperando para ser atendidos, resolvi que não iria falar com as entidades, aquilo era demais pra mim naquele momento. Mas enquanto estive sentada no banco, esperando “uma deixa” pra que eu me retirasse pude perceber algumas coisas. Havia dentro daquele espaço algumas imagens, a primeira era de Jesus cristo, a segunda era a estrela de Davi, e a terceira de um homem que parecia um índio.

As pessoas que estavam se preparando para se incorporar faziam uma fila dentro de um espaço que ficava à nossa frente, onde estava situada a imagem de Jesus. No centro desse espaço estavam algumas mesas, à medida que a fila andava, eles passavam pela imagem de Jesus e faziam uma espécie de saudação, levantavam os braços e reclinavam a cabeça, em seguida sentavam-se à mesa.

Continuavam com uma espécie de oração, ao mesmo tempo, um homem falava no microfone uma espécie de juramento, como uma espécie de código. Nesse mesmo tempo, passavam, atrás de onde estávamos sentadas, algumas mulheres e homens, vestidos com umas roupas que parecia mais uma fantasia de fada (a roupa que eu achava engraçado que comentei no início), cantando algumas músicas religiosas com muitos incensos, mas muito mesmo. Aquele espaço foi ficando sufocante, eu olhava pra frente e no espaço onde estavam as mesas e as pessoas sentadas, via que eles começavam a invocar os espíritos e as pessoas que estavam sentadas começavam a se incorporar.

No banco que estávamos sentados, as pessoas também se incorporavam, havia uma criança, que parecia estar incorporada, mas que nem eles sabiam mais como lidar. De repente uma mulher que estava sentada ao nosso lado começou a sentir mal, creio eu, que estava se incorporando também. O que pude perceber é que ninguém vai ali por ir, tem sempre um motivo, o corpo está doente, a alma pede cura.

Assim que a fila começou a andar tive a chance de poder sair dali. Confesso que foi um alívio gigantesco, saí como se estivesse fugindo das coisas que já vivi. Fui lá fora tentando achar algo pra fazer, pois “o espetáculo” acontecia lá dentro. Mas não foi muito difícil, todos que estão ali são muito atenciosos. Aproximei-me de uma mulher que estava sentada dentro do bagageiro de um carro, ela estava almoçando, me ofereceu comida, mas agradeci, me ofereceu um copo com refrigerante e aceitei. Perguntei se ela frequentava ali há muito tempo, ela me disse que estava esperando o marido dela, pois ele sim é que trabalhava lá, ela estava só esperando.

Ela perguntou se eu não iria entrar, eu disse que não, que estava esperando uma amigas que estavam lá dentro. Confessei que estava um pouco assustada, mas não disse está ali pra fazer algum tipo de pesquisa, tive medo dela não querer conversar comigo sabendo que eu estava ali para fazer um trabalho antropológico. Mas foi só o tempo de beber o refrigerante e comer alguns biscoitos, eles precisavam sair, iam buscar alguns parentes que estavam chegando. Mas a respeito do vale, o que ela me disse foi que eu não precisava ter medo, se não fizesse bem, mal não iria fazer. Agradeci, e saí. Fui caminhando observando aquelas pessoas que não paravam de chegar, gente de todos os cantos, de todos os credos, de todas as idades.

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