O que Significa Socialização

O texto Alfabetização, escrita e colonização da Mariza Silva, aborda a alfabetização em sua dimensão histórica no Brasil. Esse espaço geográfico é objeto de estudo privilegiado para compreender as relações sociais da língua colonizadora com a colonizada e a hibrida formada pelas duas primeiras.

Discorre sobre a produção da diferenciação social através da categorização de dois tipos de indivíduos, o alfabetizado e o analfabeto. Essa identificação construída em um discurso externo herdado da distinção entre colonizador e colonizado. A autora utiliza de exemplos, como o dicionário que exerceu grande influência na técnica de redação dos séculos XIX e XX.

Defende também que a escrita passou a ser um critério de seleção e exclusão, adquirindo até uma importância jurídica. O “analfabeto” flutua entre momentos de cidadania reconhecida e exclusão social passando a não se sentir membro da sociedade. Buscou também levantar pontos sobre a construção da formação do sujeito no novo mundo feito pela escrita. Caracterizou o “analfabeto” e as limitações sociais impostas a ele, como nas constituições de 1891 e 1946, citadas no texto.

Mariza, utiliza da metáfora do papel em branco que basicamente pressupõe que a natureza humana pode ser forjada pela linguagem e com a linguagem, e determinará a construção do sujeito. Linguagem essa que forma alguns e exclui outros que formam a contraparte dos escolarizados. A escola elementar é citada como uma ferramenta necessária para a implantação de um processo social fundamentado na escravidão e propriedade de terra.

O domínio da língua escrita torna então possível a formação do indivíduo civilizado, desvio esse de ideia não encontrado no ocidente europeu onde a leitura e escrita foram instrumentos de formação de um homem/cidadão moderno, político.

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