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O que faz o Brasil, o Brasil? A questão da identidade

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Por:   •  29/5/2014  •  Tese  •  2.338 Palavras (10 Páginas)  •  530 Visualizações

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Data: 30/04/2014

O que faz o brasil, Brasil? A questão da identidade

- O “brasil” com o b minúsculo é apenas um objeto sem vida, autoconsciência ou pulsação interior, pedaço de coisa que morre e não tem a menor condição de se reproduzir como sistema (p. 7)

- (...) o Brasil com B maiúsculo é algo muito mais completo. É país, cultura, local geográfico, fronteira e território reconhecidos internacionalmente, e também casa, pedaço de chão calçado com calor de nossos corpos, lar, memória e consciência de um lugar com o qual se tem uma ligação especial, única, totalmente sagrada. (p.8)

- Os homens e as sociedades são definidos por seus estilos, seus modos de fazer as coisas.

- O homem se diferencia dos animais por sua capacidade saber quem é. Pois tem a capacidade de identificar, justificar e singularizar.

- A palavra cultura fala exatamente de um estilo, um modo e um jeito de fazer as coisas.

- Existem duas formas de definir os brasileiros, uma pelas estatísticas demográficas e econômicas e outra através da cultura (comida, música, etc.).

A casa, a rua e o trabalho

- Existem varias formas de fazer o percurso casa-rua-casa, carro, ônibus, metrô, bicicleta. Mas todos fazem esse trajeto “(...) refazem essa viagem que constituí, de certo modo, o esqueleto da nossa rotina diária.” (p. 15).

- A rua é além de um lugar típico de lazer, é também um contraste com a calma e a tranquilidade da casa, o lar.

- Quando falamos de casa, não estamos nos referindo somente a um lugar para nos proteger da chuva, ou dormir, mas um lugar profundamente cheio de moral.

- Não conseguimos definir qualquer lugar como lar. O lar está ligado a uma identidade social que implantamos nela.

A ilusão das relações raciais

- “O Brasil é um inferno pra os negros, um purgatório para os brancos e um paraíso para os mulatos” (p. 20)

- Para compreender profundamente as questões raciais existentes no Brasil, será necessários compreender essa expressão, nos seus sentidos velados, considerando suas implicações morais e políticas.

- Para o Conde de Gobineau as “raças” podem ser divididas em três critérios fundamentais: o intelecto, os propensos animais e as manifestações morais.

- O problema para Gobineau não eram existir raças diferentes, desde que essas “raças” ficassem em seu devido lugar e não se misturassem.

- A palavra “mulato” vem de mulo, o animal que foi gerado por cruzamentos de tipos genéticos muito diferentes e é incapaz de reproduzir.

- Nesse tipo de pensamento, mostra o medo da mistura, e eles definem nossa população da mesma forma como definem as mulas, como se fossemos incapazes de criar alguma coisa forte e positiva.

- “Noto, primeiramente que Antonil não fala de branco, negro e mulato numa equação biológica. Ao contrario, com eles constrói uma associação social ou normal, pois que relaciona o branco como purgatório, o negro como inferno e o mulato com o paraíso” (p. 23).

- Diferente do que aconteceu em outros países – ele sita a referencia aos Estados Unidos - no Brasil, não utilizamos uma classificação racial apenas no preto e branco.

- Nosso preconceito é muito mais contextualizado e sofisticado que o do norte-americano, que é direito e formal. Sendo assim existe uma grande dificuldade de combater este preconceito.

- “Há um Norte igualitário e individualista, que não pode admitir a escravidão; e um Sul hierarquizado, aristocrático e racional, onde existe uma sociedade cheia de nuances, parecido nisso tudo como Brasil” (p. 27)

- Quando aceitamos a afirmação que o Brasil foi feito de negros, índios e brancos, estamos aceitando que essas etnias se encontraram aqui de forma espontânea.

- “É claro que podemos ter uma democracia racial no Brasil. Mas ela, conforme sabemos, terá que estar fundado primeiro numa positividade jurídica que assegure a todos os brasileiros o direito básico de toda a igualdade: o direito de ser igual perante a lei!” (p. 28)

Sobre comidas e mulheres

- A sociedade manifesta-se por meio de muitos espelhos e vários idiomas. Um dos mais importantes no caso do Brasil é, sem dúvida, o código da comida.

- Comidas e mulheres, assim, exprimem teoricamente à sociedade, tanto quanto a política, a economia, a família, o espaço e o tempo.

- O antropólogo francês Lévi-Strauss quem chamou a atenção para os dois processos naturais - o cru e o cozido -, não somente como dois estados pelos quais passam todos os alimentos, mas como modalidades pelas quais se pode falar de transformações sociais importantíssimas.

- A comida permite realizar uma importante mediação entre cabeça e barriga, entre corpo e alma, permitindo operar simultaneamente com uma série de códigos culturais que normalmente estão separados, como o gustativo, o código de odores, o código visual e, ainda, um código digestivo, posto que no Brasil também classifique os alimentos por sua capacidade de permitir ou não uma digestão fácil e agradável.

- Para europeus e norte-americanos, cru e cozido, alimento e comida, são categorias científicas, nem sempre levadas em conta no próprio ato decorrer, conforme nos revela as imensas saladas e as “comidas naturais” que são digeridas em países como Estados Unidos e Inglaterra como pratos principais, algo bem recente no Brasil. Para nós, o cru e o cozido podem significar com muito mais facilidade um universo complexo, uma área do nosso sistema onde podemos nos enxergar como formidáveis e nos levar finalmente, muito a sério.

- A comida vale tanto para indicar uma operação universal - o ato de alimentar-se - quanto para definir e marcar identidades pessoais e grupais, estilos regionais e nacionais de ser, fazer, estar e viver.

- Em nossas casas, sabemos perfeitamente bem quem gosta do quê e como esse alguém gosta de comer alguma coisa. Mas há comida e comidas. Falamos que “mulher oferecida não é comida”, num trocadilho chulo, mas revelador da associação, intrigante para estrangeiros, entre o ato sexual e o ato de ingerir alimentos. O fato é que as comidas se associam à sexualidade, de tal modo que o ato sexual pode ser traduzido com um ato de “comer”, abarcar, englobar, ingerir ou circunscrever totalmente aquilo que é (ou foi) comido. A comida,

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